Daft Punk no Burning Man O duo-tributo Daft Funk Live. Foto: Reprodução/Instagram

Pegadinha do Mallandro: não, não era o Daft Punk real no Burning Man

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Art car Robot Heart, onde rolou o show do duo-tributo Daft Funk Live, justificou a zoeira em suas redes sociais

Por Flávio Lerner e Jota Wagner

O Burning Man não para de entregar notícias bizarras. Após a tormenta meteorológica que assolou os frequentadores no primeiros dias da edição 2025, encerrada ontem (01), a notícia de uma morte dentro do evento, cujas causas estão sendo investigadas (“provável homicídio”, segundo a polícia local) vieram a público, além do surreal caso de que um bebê nasceu dentro de um trailer no meio do festival, parido por uma mãe que disse não saber que estava grávida! O parto foi feito por uma mulher que se declarou ginecologista, vestindo apenas roupas íntimas, segundo o New York Times.

Outra história que anda viralizando é impactante para o mundo da música: a apresentação de um “Daft Punk Cover” no art car Robot Heart, na noite de sexta-feira, 29, enganando muita gente que achou a princípio que se tratava de uma reunião surpresa dos integrantes originais.

Como o BM jamais divulga quem estará tocando no evento, com apresentações secretas que chegaram a ter nomes como Carl Cox, Nina Kravitz e Skrillex, teve quem dançou achando estar presente em um momento histórico, já que o duo francês pendurou as chuteiras em 2021. Só que não. Quem estava lá, vestido como os robôs, era a dupla Daft Funk Live — um projeto tributo ao Daft Punk.

A pegadinha foi revelada pela própria página do Robot Heart no Instagram, justificada pelo próprio esvaziamento de sentido que o Burning Man vem sofrendo nos últimos tempos.

“Alguns de vocês fizeram a peregrinação, alguns ouviram os sussurros, alguns riram e alguns nos xingaram baixinho quando perceberam que não era realmente o Daft Punk.

Na verdade, foi uma brincadeira, uma pegadinha com os super-hypados, com a corrida armamentista em que o Burn se tornou.

E no mundo em que vivemos hoje, onde tudo é instantaneamente transmitido ao vivo, memeficado e monetizado, alguma travessura divertida parecia mais essencial do que nunca. O próprio Burning Man nasceu de piratas, brincalhões e visionários culturais que se deliciavam em quebrar expectativas, distorcer a realidade e nos lembrar de não levar tudo tão a sério. O Burning Man, em sua essência, não era sobre as atrações principais, era sobre encontrar o inesperado, sobre jogar contra as convenções. É dessa linhagem que viemos e essa linhagem que esperamos manter viva.

O Daft Punk é uma lenda e nós os respeitamos profundamente, e é com esse espírito que queríamos esclarecer as coisas aqui. Sexta-feira à noite, houve uma apresentação da banda cover Daft Funk, dois músicos e fãs de longa data do Daft Punk, que se apresentaram com coração, humor, amor e reverência inegáveis ​​pelo legado da dupla.

Por aqui, nem tudo é o que parece. Às vezes, você caminha até a beira do deserto e descobre que o que realmente procurava era a própria caminhada.”

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.