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Paulistas, às armas: 5 bandas que são a cara de São Paulo

Bandas São Paulo

Nasi e Edgard Scandurra, do Ira!. Foto: Reprodução

Aos 93 anos da Revolução Constitucionalista de 1932, Jota Wagner destaca cinco grupos musicais que carregam o DNA paulistano

Paulistas, às armas! Se você já se perguntou por que a capital de São Paulo é a única do pais onde a avenida principal se chama Presidente Getúlio Vargas, é porque o estado cultivou um ranço brabo com o ex, resultando na Revolução Constitucionalista de 1932 — uma revolução que deu ruim para o Estado, mas que é comemorada todos os anos como um sinal de orgulho por ser paulista. Prova disso é que as duas mais importantes avenidas da cidade se chamam Nove de Julho e Avenida Paulista.

Em 1930, o gaúcho Getúlio Vargas tomou para si o governo brasileiro, sem perguntar para São Paulo e seus barões cafeeiros. A terra da garoa se revoltou contra o que alegavam ser uma centralização do poder, e o clima foi ficando tenso até que, em um dos protestos contra o governo Vargas, quatro estudantes foram mortos pelo exército nacional: seus nomes eram Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (M.M.D.C.).

A treta durou quatro meses, foi braba e causou até mesmo um cerco da cidade de São Paulo, com aviões do governo bombardeando os bairros da Luz e a Mooca. A revolução acabou na submissão de São Paulo, mas em contraponto criou um certo orgulho inato, principalmente na capital, por ser o tal do “motor econômico do Brasil”.

No mundo das artes, poucos valorizaram a revolução a ponto de criar uma espécie de arte revolucionária paulistana, mas o bairrismo gerado em 1932 ficou tatuado na alma de muitos, se refletindo em uma série de bandas inconscientemente. Gente com “cara de paulistano”. Em shows da banda Ira!, por exemplo, era comum ver jovens com camisetas estampadas com os cartazes usados na revolução de 1932 convocando jovens à luta. “Paulistas”, como dissemos, “às armas”.

Como leitura para o feriado de 09 de julho, o Music Non Stop listou para você as cinco bandas “mais paulistanas” da história, ideais para uma playlist comemorativa, histórica e revolucionária.

Demônios da Garoa

Criada em 1943, apenas 11 anos após o bombardeio de seu bairro, a Mooca, a Demônios da Garoa é, segundo o Guinness Book, o grupo musical mais antigo da América Latina em atividade. Aproveitando-se das canções de outro artista absolutamente paulistano (apesar de ter nascido em Valinhos), Adoniran Barbosa, os Demônios são a cara da Mooca e, por sua vez, da cidade de São Paulo.

Premeditando o Breque

Após vencer o 1º Festival Universitário de Música Popular Brasileira com a música Brigando na Lua em 1979, o Premeditando o Breque colou na galera do Teatro Lira Paulistana, e só por isso merece o título honorário de “Banda Paulistana na Gema”. O Lira foi um polo sensacional de artistas na década de 80, um pequeno espaço na praça Benedito Calixto que concentrou a intelectualidade da época.

Os Mutantes

O grupo formado em Perdizes por Rita Lee e os irmãos Arnaldo e Sérgio Baptista foi o representantes paulistano da Tropicália, um movimento que teve como um das inspirações o Movimento Antropofágico e a Semana de Arte Moderna de 1922. Apesar de todo mundo morar em São Paulo, os garotos dos Mutantes eram os únicos a realmente terem crescido na cidade. O grupo cantou o mundo, mas com sua visão altamente cosmopolita da vida.

Ira!

O Ira! surgiu em meio a um dos movimentos de bandas mais importantes da história de São Paulo, a cena pós-punk do início dos anos 80 que gerou uma baciada de artistas paulistaníssimos: As Mercenárias, Fellini, Akira S e Agent SS, além de vários hoje astros como Titãs e Ultraje a Rigor. Mas foi a banda de Edgard Scandurra e Nasi que se tornou uma espécie de “orgulho da cidade”. Claro que um dos seus maiores sucessos, Pobre Paulista, e sua polêmica letra, ajudaram bastante.

As Mercenárias

O que significa viver em uma megacidade como São Paulo? Principalmente, estar conectado com outras grandes metrópoles pelo mundo. E poucas bandas brasileiras foram tão up to date quanto As Mercenárias de Sandra Coutinho. As meninas do punk representavam tudo o que o jovem da São Paulo alternativa dos anos 80 mais prezava: pertencer a um mundo moderno sem se contentar com o que há de errado nele.

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