Jovens Foto: Ryan Buchanan/Reprodução

O que está bombando (e o que ficou cafona) para os jovens segundo o Boiler Room

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Pesquisa revela uma juventude conectada com o real, financeiramente educada e preocupada com o futuro

O Boiler Room, aquele rolê que a partir de 2010 começou a transmitir festas em que parte do público ficava atrás do DJ (formato que virou moda e agora faz parte de muitos clubes e festivais de música eletrônica), publicou um estudo de comportamento com jovens de 18 a 34 anos em 50 países do mundo. No total, oito mil pessoas foram ouvidas, e a maior parte é de não frequentadores da festa.

A ideia do chamado The New Rules of Youth Culture é mapear o comportamento dos jovens ligados à dance music e comparar com o mesmo estudo feito cinco anos atrás. Os resultados não surpreendem, mas alguns dados levantados pela galera são bem interessantes. Identificou-se entre os entrevistados um certo saco cheio das redes sociais, o que, segundo o relatório, pode ser positivo para o mercado de entretenimento em todo o mundo.

As novas gerações já se ligaram dos perigos à saúde mental que o hábito de ficar grudado em um celular causa, e acreditam que as relações do mundo “real” são, além de saudáveis, imprescindíveis. A recente robotização da internet, responsável por mais da metade do tráfego na rede atualmente, também está chutando todo mundo para a vida offline.

Ainda assim, a cabeça das pessoas, no que diz respeito a festar, está bem diferente. A sobriedade está em alta. E para os que ainda chapam o coco, há um comportamento bem mais responsável do que há cinco anos, com bastante atenção aos excessos. Isso se reflete principalmente na escolha pelos eventos durante o dia e ao ar livre (os festivais estão bombando, né?).

Temos, pelo menos no extrato capturado pelo Boiler Room, uma geração mais consciente, de olho na saúde (81% declararam ser simpáticos à meditação). É também uma galera mais educada financeiramente, até porque, a coisa não está nada fácil. As mudanças climáticas, a situação política, as guerras e o medo da Inteligência Artificial também batem ponto na cabeça dessa galera, que considera o hedonismo desenfreado das gerações passadas uma coisa meio cafona.

Em apenas 15 anos, o Boiler Room se tornou gigante, com eventos em diversos países em todos os continentes. Em dezembro, passou novamente pelo Brasil, com festas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os rolês são pequenos, mas amplificam seu alcance graças às transmissões no YouTube. No site oficial dos caras, dá para acompanhar a extensa agenda, que leva DJs da pesada para suas discotecagens.

O novo relatório pode ser acessado na íntegra aqui.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.