music non stop

Opinião: C6 Fest marca golaço ao ouvir reclamações dos fãs

C6 Fest 2024

Charles Lloyd no C6 Fest. Foto: Tati Silvestroni/Music Non Stop

De forma inédita, festival paulistano ajustou sua programação na semana do evento após críticas nas redes sociais

Como você viu aqui, ontem (19) a equipe do C6 Fest 2025 surpreendeu a todos com uma atitude inédita. Ouvindo as reclamações de quem comprou ingressos em suas redes sociais, o festival alterou, às vésperas do evento, a programação dos dois principais dias do rolê, sábado (24) e domingo (25). A maior bronca era em relação à coincidência de horários dos shows de Gossip e Air,, no primeiro dia, e Wilco e Nile Rodgers & Chic, no segundo.

Imagino, cá do quartel general do Music Non Stop, o alívio de quem gastou seu suado dinheirinho para comprar os ingressos e teve a notícia de que poderá pular de um palco para o outro no Parque do Ibirapuera sem perder um minuto do show dos principais headliners. Não deu para salvar a dobradinha Pretenders x Gossip, que ainda ficaram no mesmo horário. Significa que ainda será preciso escolher entre a classuda Chrissie Hinde e a indispensável verve de Beth Ditto. Mas festival é assim. Com line-up bom, não dá para ter tudo. Com a mudança, no entanto, a coisa melhorou bastante. O que nos faz meditabundear, também, sobre quanto carinho a marca despertou no coração de seu público.

Ir a um festival é como almoçar em um grande restaurante de comida a quilo. Tem sushi, feijoada, churrasco, macarronada e moqueca no mesmo balcão. E não tem jeito: sempre vamos comer a comida que escolhemos pensando se não teria sido mais gostoso ter optado pela outra opção que implorava pela nossa colher. Em festivais de grande porte, é mais do que comum passar por essa experiência. Muitas vezes, estamos curtindo um show com o corpo, enquanto a mente está tentando adivinhar como é que está o outro.

Mas o motivo pelo qual tanta gente ficou fula da vida é que o C6 Fest é um rolê um tanto quanto diferente. Um que, desde seus antecessores, como os saudosos Free Jazz Festival e Tim Festival (organizados pela mesma turma), se destaca por um line-up enxuto e muito bem-escolhido, causando uma verdadeira paúra a simples ideia de perder um show de algum de seus headliners. É um evento de médio porte, com público para poucos milhares de pessoas e dois palcos principais (além de um terceiro, dedicado aos DJs). E de forma surpreendente no mercado, os caras marcaram um golaço ao se curvar ao desejo de seu público.

Montar a grade de programação com tantos artistas tarimbados é um verdadeiro quebra cabeça. Na hora de dar a canetada no contrato, seus empresários perguntam antes em que hora irão tocar, em que palco, antes e depois de quais outras bandas, e geralmente fazem uma batelada de exigências nesse sentido. Com jogo de cintura e bom senso geral, tudo se resolveu.

E considerando a novidade anunciada na semana do evento, agradando aos reclamões (lição a ser aprendida: reclamar funciona), dá para imaginar que aqueles que compraram os ingressos não pensarão duas vezes para gastar seus palitos na edição de 2026.

Sair da versão mobile