
Opinião: C6 Fest marca golaço ao ouvir reclamações dos fãs
De forma inédita, festival paulistano ajustou sua programação na semana do evento após críticas nas redes sociais
Como você viu aqui, ontem (19) a equipe do C6 Fest 2025 surpreendeu a todos com uma atitude inédita. Ouvindo as reclamações de quem comprou ingressos em suas redes sociais, o festival alterou, às vésperas do evento, a programação dos dois principais dias do rolê, sábado (24) e domingo (25). A maior bronca era em relação à coincidência de horários dos shows de Gossip e Air,, no primeiro dia, e Wilco e Nile Rodgers & Chic, no segundo.

Imagino, cá do quartel general do Music Non Stop, o alívio de quem gastou seu suado dinheirinho para comprar os ingressos e teve a notícia de que poderá pular de um palco para o outro no Parque do Ibirapuera sem perder um minuto do show dos principais headliners. Não deu para salvar a dobradinha Pretenders x Gossip, que ainda ficaram no mesmo horário. Significa que ainda será preciso escolher entre a classuda Chrissie Hinde e a indispensável verve de Beth Ditto. Mas festival é assim. Com line-up bom, não dá para ter tudo. Com a mudança, no entanto, a coisa melhorou bastante. O que nos faz meditabundear, também, sobre quanto carinho a marca despertou no coração de seu público.
Ir a um festival é como almoçar em um grande restaurante de comida a quilo. Tem sushi, feijoada, churrasco, macarronada e moqueca no mesmo balcão. E não tem jeito: sempre vamos comer a comida que escolhemos pensando se não teria sido mais gostoso ter optado pela outra opção que implorava pela nossa colher. Em festivais de grande porte, é mais do que comum passar por essa experiência. Muitas vezes, estamos curtindo um show com o corpo, enquanto a mente está tentando adivinhar como é que está o outro.
Mas o motivo pelo qual tanta gente ficou fula da vida é que o C6 Fest é um rolê um tanto quanto diferente. Um que, desde seus antecessores, como os saudosos Free Jazz Festival e Tim Festival (organizados pela mesma turma), se destaca por um line-up enxuto e muito bem-escolhido, causando uma verdadeira paúra a simples ideia de perder um show de algum de seus headliners. É um evento de médio porte, com público para poucos milhares de pessoas e dois palcos principais (além de um terceiro, dedicado aos DJs). E de forma surpreendente no mercado, os caras marcaram um golaço ao se curvar ao desejo de seu público.

Montar a grade de programação com tantos artistas tarimbados é um verdadeiro quebra cabeça. Na hora de dar a canetada no contrato, seus empresários perguntam antes em que hora irão tocar, em que palco, antes e depois de quais outras bandas, e geralmente fazem uma batelada de exigências nesse sentido. Com jogo de cintura e bom senso geral, tudo se resolveu.
E considerando a novidade anunciada na semana do evento, agradando aos reclamões (lição a ser aprendida: reclamar funciona), dá para imaginar que aqueles que compraram os ingressos não pensarão duas vezes para gastar seus palitos na edição de 2026.