Ondas Sísmicas Ondas Sísmicas – arte: divulgação

Ondas Sísmicas: Livro que registra a produção musical feminina ganha segunda edição com disco exclusivo em vinil

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Lançado em 2021, livro de Gabriel Bernini passa a limpo a produção feminina de música a partir dos anos 2000. Segunda edição é acompanhada de álbum em vinil

A presença feminina é constante na música brasileira desde a éra do rádio. É de Nora Ney a primeira gravação de um rock’n’roll no Brasil: Ronda das Horas, uma versão de Rock Around The Clock, de Bill Halley.

Desde as cantoras de rádio às grandes divas da música, como Gal Costa, Elza Soares ou Rita Lee, é possível dizer que, em todas as décadas, o protagonismo feminino ditou tendências e um jeito todo brasileiro de se fazer música.

Livro Ondas Sismicas

Mantendo a honrosa tradição, cantoras e compositoras seguem firmes na batalha. E é especificamente na produção independente pós anos 2000 que Gabriel Bernini se debruça em seu livro “Ondas Sísmicas, 90 Discos de Cantoras Brasileiras do Século 21”, cuja segunda edição é lançada em formato e-book, com dez resenhas adicionadas à original impressa.

O relançamento também ganha uma coletânea bonitona em vinil transparente e capa de Caio Paiva e Karina Yamane. Na bolacha, dez das cantoras resenhadas no livro.

Pedimos para o autor Gabriel Bernini nos contar um pouco sobre este projeto:

Desde pequeno sou interessado por histórias mal contadas, portanto sempre foi óbvio que algum dia eu me chocaria com a música brasileira – essa, tão escanteada por seu próprio país. Nessa caminhada eu também me encontrei com o disco de vinil, comecei a colecionar ainda aos 11 anos. Morando em Curitiba, cidade bolsonarista e com baixíssimo incentivo à cultura, encontrei refúgio em grupos de vinil no Facebook nos quais sempre fui muito ativo.
Mas como todo colecionador de vinil sabe, esses grupos são extremamente reacionários e conservadores. Após sofrer uma violência homofóbica em um deles, criei o Amigues do Vinil – considerado pela mídia o primeiro grupo inclusivo para colecionadores de vinil. O grupo foi matéria no Globo, Estadão, PapelPop e outros veículos.
Através do grupo, recebi uma proposta para lançamento do meu primeiro livro, que se chama Ondas Sísmicas: 90 discos de cantoras brasileiras do séc. XXI, lançado em setembro de 2021 via financiamento coletivo. É um guia com discos de cantoras do Brasil entre 2003 e 2020, com análises afetivas criadas no meio-termo entre fã e jornalista. Arrecadamos quase 30 mil reais na campanha do livro.
Agora em março de 2022, foi lançado pelo selo carioca Romaria Discos o vinil Ondas Sísmicas: 10 canções de cantoras brasileiras do séc. XXI. São 10 faixas plurais, diversificadas e muito pop de cantoras brasileiras que foram originalmente perfiladas no meu livro. Esse vinil é uma adaptação do livro, e conta com canções das cantoras Laya, PERIGOSAH, Estela Cassilatti, Kika, Tika, Lila, Pat C., Malu Maria, Uli e Dicy. São todas faixas maravilhosas, super punchy, mas que originalmente não receberam a atenção devida. Existe um trabalho de ‘justiça’ sendo feita, tanto no livro como no vinil e agora no show.
O livro em si foi relançado agora dia 2 de maio, com arte inédita de Kiko Dinucci, e apêndices escritos pelas cantoras Iara Rennó, Laura Lavieri e Paula Pretta.
No dia 14 de junho, realizaremos um show de estreia do vinil no Bona Casa de Música, em SP. É um show comemorativo construído do zero, pelas cantoras Laya, Kika, Malu Maria e Tika.
Disco Ondas Sismicas

Capa do disco Ondas Sísmicas

Serviço:

28/5 – Sessão de autógrafos do vinil “Ondas Sísmicas: 10 Canções de Cantoras Brasileiras do Séc. XXI”
Com Gabriel Bernini, Laya, Malu Maria, Paula Pretta, Tika e Uli
Local: Rosa Flamingo Discos, 16h20min
Rua Antônio Mariani, 258 São Paulo SP
Entrada franca
14/6 – Show de lançamento do vinil e do livro “Ondas Sísmicas”
Com Kika, Laya, Malu Maria e Tika
Local: Bona Casa da Música
Rua Álvaro Anes, 43 São Paulo SP (Pinheiros)

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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