Depois de arrasar na Virada Cultural, Metro vai acelerar o coração dos oitentista com show do novo disco; leia entrevista
É dito por aí como as releituras musicais dos anos 80 já duram mais tempo do que a própria década em si, então vamos partir do pressuposto que o show da banda paulista Metrô é um acontecimento bem contemporâneo.
Um dos grandes nomes do famosérrimo new wave/synth-pop/pop-rock brasileiro dos anos 80, o grupo foi atração das mais bombásticas da última Virada Cultural de SP, acalentando corações nostálgicos e curiosos por referências de um passado musical que não acabou.
Com seus hits, álbuns como Olhar, Beat Acelerado e Tudo Pode Mudar e rotação non stop nos principais canais midiáticos da época (principalmente a Rede Globo), o Metrô esteve pau a pau com outros nomões Blitz, RPM, Kid Abelha, Léo Jaime, Titãs e tantos outros.
A banda dissipou-se pelas dificuldades em sobreviver ao furacão do show business, também por causa de uma confessa imaturidade de jovens alçados à fama e na falta de consenso entre os rumos da indústria fonográfica e de suas identidades artísticas e projetos pessoais.
Depois do sucesso do show na Virada e do bombardeio de pedidos de retorno da banda pelas redes sociais, eles se animaram e estão com edição comemorativa do clássico disco Olhar de novo na praça. O álbum ganha lançamento com dois shows, nesta quinta (11) e sexta (12), no Unibes Cultural, em São Paulo.
Shows de lançamento do disco Olhar – Edição Comemorativa dia 11 e 12/8 no Unibes Cultural. Compre ingressos e pegue mais informações aqui.
A doce voz de Virginie Boutaud e as ideias do músico Daniel “Dany” Roland são traduzidas agora em palavras de uma entrevista que fizemos com a banda por e-mail, na ocasião do aguardado show da Virada Cultural paulistana, e eles contam sobre o passado, o presente e o futuro do grupo, que inclui releitura de discos e novas turnês!
Como vai ser o show da Virada?
Estamos nesse exato momento no estúdio idealizando, ensaiando e produzindo o que será o show da Virada, que com certeza será bem pra cima.
Vamos tocar todos nosso hits + alguns lados B da época d’”A Gota suspensa”, nossa primeira banda, e ainda algumas surpresas.
Vocês vão ter tempo de ensaiar ?
Sim, menos do que a gente gostaria, porque adoramos tocar juntos e precisamos de tempo suficiente para fazer um ótimo show. Nos encontramos em Sampa desde domingo (Virginie vive em Saint-Orens, Yann em Jericoacoara e Dany no Rio), tocando muito e nos divertindo mais ainda. A banda está completa e estamos super animados com a presença de um sexto e mui benvindo amigo, o DJ Bruno LT, que está colorindo nosso som com pinceladas cinematográficas e eletrônicas.
Estamos todos com o coração leve e com muito gás no que diz respeito ao Metrô.
Vocês pensam em voltar definitivamente?
Está pensado, que seja infinito enquanto dure ☺
Quando lançaram o primeiro álbum, vocês eram totalmente vanguarda no Brasil. Como foi fazer tanto sucesso com um som tão diferente, pegou vocês de surpresa?
Há há há, é verdade, foi uma loucura pois foi um embalo imenso e uma grande aceitação popular de nossa música. A sonoridade do Metrô era a consequência e o desenrolar natural da nossa vida de jovens urbanos conectados com o mundo. O momento do Brasil era propício e o Metrô ficou associado na memória do povo a um feliz momento que vivia o Brasil (abertura, democracia, diretas já, “do it yourself”).
Acreditamos que sera otimo recuperar alguma alegria nestes tempos conturbados e tristes.
Qual foi o principal legado do Metrô na vida de vocês?
Estar presente no imaginário do povo brasileiro nos momentos de alegria de todos que nos curtiram na época e ainda nos curtem com certeza é um alimento para a alma, uma grande felicidade e um privilégio.
Qual a principal lembrança dos shows do Metrô pelo Brasil nos anos 80?
Penso que cada um de nos terá vivido e guardado pontos particulares. Mas com certeza a dualidade de sentimentos entre a imensa alegria de fazer shows gigantescos em lugares inimagináveis por todo o Brasil, e ao mesmo tempo não ter a lucidez e a maturidade ou sei lá o que seria preciso para viver esta maravilha com calma e alegria.
Mais de vinte shows por mês, com gravações, rádio, TV, hotéis e aeroportos, mais empresários inescrupulosos desgastaram nosso ambiente. Mas o que ficou é uma imensa alegria mas sem saudosismo. Nosso tempo é hoje, aqui e agora.
Ano passado vocês iam fazer um de 30 anos do disco Olhar, mas até onde eu sei foi cancelado por causa do falecimento do marido da Virginie (meus sentimentos). Este ano vai rolar esta turnê?
Sim, é verdade . Estamos nos preparando com muita vontade para esta tour, além de um álbum comemorativo de Olhar com um CD bonus com gravações ao vivo, demos, raridades e remixes. Deve estar disponível no final de junho pela SONY, além de um vinil. Em Julho/Agosto esperamos ir ao encontro do nosso público pelo Brasil, começando pelas capitais.
Como está a formação atual do grupo?
A formação é a original, com Virginie, Dany Roland, Alec Haiat, Zavie Leblanc e Yann Lao + DJ Bruno LT que já havia trabalhado conosco em “Dejà Vu” (TRAMA, 2002). Estamos todos em forma e cheios de gás, com o apoio e a energia de pessoas preciosas e queridas que estão contribuindo muito para que a tour se dê em ótimas condições técnicas. Obrigada a cada um por contribuírem tanto a proteger nosso legado, e que a alegria seja sempre o motor! Let’s dance!
Vocês acompanham o que está rolando na musica eletrônica brasileira e mundial atualmente?
Adoramos a cena atual . Os DJs brasileiros estão entre os melhores do mundo e desde os anos 90 tocando no mundo (Patife, Marky entre outros). Estamos sempre garimpando, antigamente a partir de vinis, e hoje através da web.
Dos “antigos”, os de sempre em nosso corações: Brian Eno, João Gilberto, Daft Punk, New Order, Blondie, David Bowie, Kraftwerk, Jarre, Moroder, Gainsbourg, Mutantes, Radiohead, Björk, Les Rita Mitsouko, + uma penca que são muito amados.