Segundo a artista, Someone’s Ugly Daughter foi gravado há três décadas, e deve ser lançado em breve
Um dos mais inóspitos mistérios da música pop segue escondidos há quase 30 anos. Um álbum de grunge rock produzido e gravado pela diva pop Mariah Carey. Um disco, segundo a própria criadora “irreverente, cru e urgente”.
Em 1995, enquanto gravava o álbum Daydream, grande sucesso de sua carreira, a cantora estava se sentindo meio “miserável”, segundo contou em entrevista ao podcast Las Culturistas, da iHeartRadio. Enquanto ensaiava com sua banda, Carey mostrou aos músicos algumas de suas composições roqueiras, e a turma aprovou. Aproveitaram o tempo livre e gravaram um álbum inteiro, que até nome tem — Someone’s Ugly Daughter —, utilizando a boa e velha técnica tão usada pelo Nirvana de plugar os instrumentos no amplificador, contar até quatro e sair gravando tudo ao vivo (o oposto do que Mariah normalmente faz).
Desde que guardou a viagem grunge em um baú a sete chaves, Carey vem comentando sobre ele, sempre demonstrando uma certa decepção por nunca ter dado andamento ao projeto. A cantora também falou sobre a obra em seu livro de memórias, The Meaning of Mariah Carey, de 2020. Desde então, o assunto tem vindo tanto à tona em suas entrevistas, que agora ela considera lançá-lo até mesmo de forma independente, como um bom artista alternativo.
As suas declarações, no entanto, chegam a dar alguns arrepios de medo. Fazem-na flutuar entre uma artista livre, pronta para experimentar novas linguagens, e o tiozão que chega no almoço da família e manda um: “eu já fui roqueiro, estive no primeiro Rock in Rio!”. Frases como “eu cheguei com um rockzinho alternativo e um riff bobo de guitarra, e eles adoraram”, dita ao Las Culturistas, ou a descrição do seu trabalho como “uma coisa nervosa, angustiante e bagunçada, tipo tênis velhos e maquiagem borrada”. Ou ainda: “eu queria me sentir livre, me perder e expressar minha miséria. Mas também dar umas risadas”.
Se Somebody’s Ugly Daughter é um belo disco grunge vindo de uma artista inesperada, ou um retalho malfeito de estereótipos para entrar na turma, só poderemos saber quando Mariah Carey efetivamente colocar o filho na rua para todo mundo ouvir. Tudo indica que está muito próximo de acontecer, 30 anos após sua gravação.