Dá pra imaginar que o festival de música experimental/eletrônica mais antigo das Américas acontece no Brasil? E que é referência em música bem mais locona do que qualquer Tim Festival da vida?
É fato: o Festival Música Nova foi fundado em 1962 pelo compositor brasileiro Gilberto Mendes. E vem, ao longo destes anos, focando esforços na grande renovação pela qual passou a música erudita contemporânea, através das obras de compositores como Stockhausen, Boulez, Cage, Berio, Xennakis.
O que é mais incrível? O festival não tem patrocínio!!
Para a 42º (!!!) edição, o FMN vai trazer um espetáculo assinado por ninguém menos que Pierre Henry (na foto). Sério, se você gosta de música eletrônica, precisa ouvir os sons deste velhinho francês que é uma das maiores autoridades em música experimental do planeta.
Henry foi chefe do Groupe de Recherche de Musique Concrète da Rádio France de 1950 a 1958 – ano em que deixou o posto para fundar o APSOM, em Paris, o primeiro estúdio privado dedicado a músicas experimentais e eletro-acústicas.
Ou seja, se você acha que Richie Hawtin e Ricardo Villalobos são gênios – não que eu não ache – ficaria chocado com o nível de cabeçudice a que Pierre Henry chegou, isso há mais de 40 anos!
Beirando os 80 anos, que completa em dezembro deste ano, Henry não virá ao Brasil, por motivo de doença. Mas dois de seus principais colaboradores, Etienne Bultingaire e David Henry, conduziração a projeção sonora que foi criada por Henry especialmente para as dimensões do Auditório do Ibirapuera, onde os espetáculos acontecerão (nos dias 5 e 6 de outubro, às 21h).
Pra matar um pouco da curiosidade sobre o som de Henry, ouve esta faixa, “Messe Pour Le Temps: Too Fortiche”, que entrou no CD Fabric Live 31, mixado pelos Glimmers.
E quer saber da melhor notícia (que eu guardei de propósito pro fim do texto)? Os ingressos são gratuitos, é só retirar no dia das apresentações, no próprio Auditório do Ibirapuera, a partir das 13h.
Além de Pierre Henry, a programação do FMN está lotada de coisas legais. A outra dica é o espetáculo ?Electroshocked!? (dia 30/8, às 21h, no Sesc Vila Mariana), biografia musical de uma personagem confinada numa torre, que deixou o convívio humano para viver com máquinas. Sua forma de expressão é composta exclusivamente de seqüências e malabarismos vocais.
Em tempo: este festival é extremamente recomendado para quem acha que só empresa de celular é que sabe fazer lineup.