O Dilema das Redes – Indicamos seis filmes que discutem nossa relação com a tecnologia

Yasmine Evaristo
Por Yasmine Evaristo

Dilemas pessoais ou coletivos? O documentário “O Dilema das Redes” discute o impacto do ambiente virtual na era digital. 

O Music Non Stop indica ainda mais seis filmes que nos fazem refletir nossa relação com a tecnologia

O ser humano evoluiu ao longo das eras, desenvolvendo ferramentas que o auxiliasse em suas tarefas cotidianas. Dotado de um cérebro em constante busca por informações seus limites sobre a criação estão em constante expansão. Como resultado dessa busca nasce a internet e com ela as redes sociais. Nesse sentido ambas são produtos da vontade de ampliar os meios de comunicação. Afinal, em meio ao sucesso dos seus feitos não era esperado que em pleno ano 2020 estivéssemos envolvidos no dilema das redes.

O documentário produzido pela Netflix e dirigido por Jeff Orlowski inicia citando Sófocles: “Nada grandioso entra nas vidas dos mortais sem uma maldição.” Com o intuito de discutir o impacto das redes sociais na saúde mental, na vida política e os meios de criar leis para regulamentar o modo como conteúdos produzidos no meio virtual chegam ao público.

Quem entrega essas informações são profissionais da área tecnológica, como Tristan Harris, ex-designer ético do Google e Tim Kendal, ex-presidente do Pinterest . Também acontece, paralelo aos depoimentos, a dramatização do impacto destas informações, em excesso, na vida de uma família fictícia. Só para ilustrar, em meio às informações que nos são dadas sobre a maneira que as máquinas são criadas para aos poucos mudar nossos comportamentos, paralelos são traçados demonstrando o quanto essas invenções saíram do nosso controle.

Quantas vezes nos questionamos sobre o que consumimos? Pelo relatado, muito pouco. Não só estamos sendo constantemente bombardeados por informações, como também somos levados a acreditar que elas são gratuitas. Como afirma Jaron Lanier, cientista da computação e autor de “Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais”, nossa atenção é monetizada, ou seja, nós somos o produto.

Além disso, outro ponto abordado ao longo de “O Dilema das Redes” é a dificuldade em estabelecer o que é verdade e o que é mentira nos diálogos criados nesse meio. Em vez de nos tornarmos seres melhor informados estamos sendo ludibriados por braços invisíveis que nos direcionam para onde as máquinas orientam ser o ideal. Temos nossa personalidade escaneada, avaliada e manipulada.

Dessa forma, se você se interessou pelo tema de “O Dilema das Redes” e quer conhecer outros títulos que tragam reflexões sobre o impacto das redes sociais em nossas vidas, dê uma olhada nesta lista:

A Rede Social

Vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, o filme é uma cinebiografia da vida Mark Zuckerberg (interpretado por Jesse Eisenberg), criador da rede social mais famosa do planeta, o Facebook. Baseado em um livro de não-ficção, escrito por Ben Mezrich, o filme nos conta como a rede social foi criada e os desdobramentos dessa empreitada. De tal forma que é curioso o quanto um mecanismo que permite a proximidade das pessoas o que sentimos é o quanto aquele projeto afastou Mark das pessoas que se encontravam físico e emocionalmente ao seu redor.

Perfeitos Desconhecidos

Neste filme mexicano, de 2017, o diretor Álex de La Iglesia aborda de maneira irreverente o distanciamento entre pessoas que têm uma vida comum. Em um jantar entre amigos os presentes são desafiados a abrirem seus celulares e mostrarem o seu conteúdo. Como resultado observamos uma série de situações absurdas. A tragicomédia deixa no ar a questão: vivemos uma mentira ou uma realidade simulada? Esse longa é remake do italiano Perfetti Sconosciuti (2016), de Paolo Geovese.

Medianeras

Martin (Javier Drolas) e Mariana (Pilar López de Ayala) vivem sua vida cotidiana em um grande centro o que dificulta a interação entre seus moradores. Embora isolados em meio à selva de concreto a solução, para driblar a solidão, é se relacionar por meio dos dispositivos eletrônicos e redes sociais. O filme trata de fobias, medos, isolamento e do uso da internet como escape dessa incômoda realidade. 

Buscando…

Este excelente suspense sobre um sequestro convida o espectador a acompanhar a busca pela jovem através de telas, seja do computador ou do celular. Com a finalidade de encontrar sua filha e diante da falta de avanço em sua busca, um pai (John Cho) decide procurar por provas no notebook da garota. Sobretudo, o filme propõe observar o desenrolar da história da mesma maneira que acompanhamos o desdobramento de crimes e fatos da vida, pelas redes e mídias sociais.

Rede do Ódio

Neste longa-metragem polonês, recém lançado, a manipulação dos fatos no meio virtual é o estopim para o desencadeamento de fatos na vida real. Tomasz (Maciel Musialowski) trabalha em uma agência especializada em destruir reputações. Antes de mais nada a narrativa combina temáticas como fake news, intolerância política e a formação das imagens perfeitas, porém frágeis, na internet. O que inicialmente parece ser um drama sobre problemas mais reais do que gostaríamos se transforma em um emaranhado de expectativas. De tal forma que a cada escolha do personagem o filme se transforma em um suspense psicológico sobre o funcionamento da mente daquele que controla as narrativas.  

Confiar

No drama estadunidense uma adolescente é seduzida e violentada por um predador virtual. A história aborda todo o processo do assédio, das trocas de mensagens aos danos emocionais provocados na vítima e na família após os fatos. Ao passo que é um drama sobre os riscos da exposição de criança e jovens a um ambiente sem o controle dos pais é também um alerta para o fato de que predadores sexuais não têm uma aparência ou profissão definida. De fato eles podem e são pessoas mais comuns do que imaginamos. O filme é dirigido por David Schwimmer, o Ross, de Friends

 

Yasmine Evaristo

Artista visual, desenhista, graduanda em Letras - Tecnologias da Edição. Membro Abraccine, votante do Globo de Ouro (Golden Globe Awards). Pesquisadora de cinema, principalmente do gênero fantástico, bem como representação e representatividade de pessoas negras no cinema. Devota da santíssima trindade Tarkovski-Kubrick-Lynch.

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