O novo álbum da dupla Nu Azeite, lançado hoje, conecta passado, presente e futuro da música dançante carioca e, por tabela, brasileira
A história da música, necessariamente, é um corrente.
Ao longo do tempo, cada movimento cultural nada mais é do que um elo, amarrado ao que veio anteriormente, e suportando o que virá depois. Na composição férrea que sustenta esta longa cadeia, há o contexto social daquele tempo e espaço: como e onde a molecada se divertia, o que bebiam, com quem conversavam e, claro, o que ouviam.
Enquanto a caravana passa, dois tipos de artistas animam a festa: os que tentam assimilar e incorporar o que está acontecendo em outros lugares naquele momento e os que contam (enquanto escrevem) a história. Em ambos os casos, com um acento especial no último, encaixamos direitinho o Nu Azeite, formado por Bernardo Campos e Fabio Santanna, de quem nós temos falado aqui no Music Non Stop recententemente.
Fabio Santanna (à esquerda) e Bernardo Campos – foto: divulgação
Não importa onde você more: você, seus pais e avós vêm dançando música carioca desde sempre. Samba, soul, funk (inclua aí o carioca) e o tal brazilian boogie, uma música com batida cativante e pegada pop presente em nomes como Tim Maia, Marcos Valle, Rita Lee, Sandra de Sá, Fernanda Abreu e até mesmo Marcelo D2. Músicas sem tensão, privilegiando o alto astral e a diversão. É nessa panela em que se cozinha a música do Nu Azeite.
Ouvindo o álbum de ponta a ponta, nos encantamos com a ligação que a dupla faz deste imenso legado musical dançante com o novo, com o eletrônico de timbres cristalinos e grave potente. Não à toa, o Nu Azeite encantou DJs gringos como Horse Meets Disco e Dorfmeister. Afinal, seu som serve para soprar na pista uma brisa de praia em dia de sol. Música que transmite, além de história, sensações específicas.
Fabio é tecladista de primeira. Tocou com os grandes como Elza Soares, o próprio Marcos Valle e Lenine. Cresceu nos bailes blacks do subúrbio, onde absorveu toda as influências que usa na música do Nu Azeite. Bernardo, o lado “modernoso” da dupla, é DJ e responsável pela festa Rara, uma das mais bacanas do Rio de Janeiro e vetor do que vêm sendo feito no estilo, com line-ups do naipe dos DJs Nepal e Carrot Green.
A união destes dois talentosos elementos, que se conheceram através de um convite para uma festa em um navio em Fernando de Noronha, naufragada antes mesmo de acontecer (literalmente, uma barca furada), rende este que é um projeto digno de se dar atenção.
O lançamento é da Cocada Music, gravadora brasileira associada ao selo alemão Get Digital, que anda colocando em alta a música eletrônica brasileira.
Recomendamos que você aceite a convocação do Nu Azeite e venha pro mar, escutando o novo álbum.