Oscar Foto: Reprodução

Oscar determina que votantes precisam assistir a todos os filmes indicados

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Sim, a regra só foi criada agora

Será que o fato de Ainda Estou Aqui não ter levado a estatueta de “Melhor Filme” (perdeu para Anora, de Sean S. Baker) fez com que a Academia do Oscar mudasse até mesmo suas regras de votação? Brasileiros fanáticos que somos, gostaríamos de acreditar que sim.

Ainda Estou Aqui - Oscar
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A partir do ano que vem, os chefes baixaram uma regra que vai deixar muita gente de queixo caído: agora é obrigatório que, antes de votar em uma categoria, os membros votantes sejam obrigados a assistir a todos os filmes concorrentes. É isso mesmo, estimadíssimo leitor. Até a última edição do prêmio mais famoso do cinema, a galera votava no “melhor filme” sem saber com certeza se ele era ou não o melhor. A categoria deveria ter se chamado por todos estes anos de “Melhor Filme A Que Eu Assisti”, para se fazer mais justa.

A nova regra vale não só para a categoria principal, mas para todas da premiação. O anúncio feito pela Academia não deixou claro, porém, como é que isso vai ser fiscalizado. Uma teletela espiã nos moldes de 1984, de George Orwell, será instalada na casa dos membros votantes? Uma redação contando o que achou do filme será exigida, como fazíamos na quinta série? Até agora, não sabemos. Mas o fato é que parece bastante esdrúxula a possibilidade de se votar em um prêmio tão importante sem base de comparação.

A indústria do cinema sempre soube disso, motivo pelos quais investiam milhões em campanhas de marketing para convencer os votantes a gastar duas horas de sua vida para cumprir algo que lhes seria não mais do que obrigação. Fernanda Torres passou quase um semestre longe de seu travesseiro, rodando o mundo para promover Ainda Estou Aqui. Não somente para levar as pessoas ao cinema, mas também para levar as pessoas certas a verem o filme.

A turma do Oscar também prometeu que vai acompanhar de perto, indicado por indicado, para avaliar o tamanho do uso da Inteligência Artificial na produção da obra. “Certificaremos de que há um humano por trás de tudo”, avisaram em seu site oficial. Uma nova categoria também foi anunciada, a de “Melhor Design de Cenas de Ação”.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.