No After: DJ Mauricio Lopes responde às perguntas cítricas do Music Non Stop

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Nosso Senhor Mauricio Lopes alegra pistas brasileiras há mais de duas décadas. O Music Non Stop escreveu sua história nesta matéria emocionante.

Alem de reinar atras dos tocadiscos, Mau Lopes também leciona elegância por onde passa e isso fica ainda mais nítido nos afters.

Dono de gestos carinhosos, comunicação constante e generosa e bom humor sofisticado (chega de elogios), o DJ é frequentador assíduo dos encontros pós baladas e tem inúmeras histórias hilárias pra contar (algumas delas comigo, infelizmente).  Mas, gentleman qu é, preferiu direcionar suas respostas para algo mais etéreo, acima de bafinhos deste ou daquele amigo. Afinal, quem se interessa por bafo de um DJzinho que lembrou, num after do Rio, que iria tocar em Campinas algumas depois e saiu correndo pra rodoviária?

O Music Non Stop atirou os limões. Maurícios Lopes os matou na coqueteleira e fez sua caipirinha.

MNS: Qual o papel da caipirinha no after, na sua vida e no desenvolvimento da cena eletrônica mundial como um todo?

ML: Excelente e corajosa pergunta, por trazer
à tona um assunto tão delicado e controverso, cuja importância é constantemente relativizada por grande parte dos teóricos, ainda presos ao conceito arcaico de que a construção de um DJ e sua valorização são frutos apenas de aperfeiçoamento técnico e conhecimento musical, deslegitimando a caipirinha enquanto pilar fundamental para a construção do que hoje conhecemos como cena eletrônica.
Por se tratar de um objeto tão complexo para o espaço disponibilizado por este veículo para sua abordagem, sugiro aos interessados em conhecer mais profundamente os aspectos relacionados ao esvaziamento da caipirinha que fiquem atentos ao lançamento do meu próximo livro “Todo DJ já bebeu”.
MNS: Um dia estávamos contigo em um after no Rio. Dado momento você nos disse… “acho que é a hora da gente ir” e então fomos para um quiosque na praia (tomar caipirinha, claro).  Que sabedoria é essa? Qual é a hora de ir embora de um after?
ML: Saber a hora de sair de um after? Desconheço. Hehehe Sinto desapontá-lo, mas definitivamente nunca tive essa maturidade. Muito pelo contrário, fui sempre vencido pelo cansaço. Acho que só te levei pro quiosque porque onde a gente tava não tinha caipirinha. Hehehe
MNS: Repito pra ti a pergunta que fizemos no after com o Renato Cohen. Tocar em after: pura diversão ou batalha de DJS fominhas?
ML: Bom, antes de mais nada vamos combinar que DJ fominha é redundância, né? Hehehe Não tem um que não fique pilhado pra tocar. Mas acho que os tilautes que eu toquei eram mais pra diversão mesmo, entre amigos íntimos, geralmente num revezamento tranquilo. Acho. Hahahaha
MNS: Sendo o paraíso, a terra prometida, um after da vida, como você imagina que a festa vai estar quando você chegar?
ML: Meu céu: som bom, bem redondo (aquele pra ouvirem TODOS os barulhinhos das músicas que eu tocar), zero carão, galera mais a fim de viajar do que bombar, muita fumacinha, DJs que você curte (quero dançar também, óbvio), conforto pra derreter e bebida sempre gelada. (Nossa, deu muita vontade agora…).
MNS: O que passa na cabeça de um anfitrião de after? Amor pela cena ou desapego pela casa?
ML: Desapego pela casa é mais do que necessário, é fundamental. Porque, né, tudo pode acontecer, e anfitrião noiado ninguém merece…. Hahahaha

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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