NAMM 2016: conheça os lançamentos de equipamentos para música eletrônica deste ano

Daniel Chalfon
Por Daniel Chalfon

Todo ano a maior parte dos principais fabricantes de equipamentos lança na NAMM em Anaheim, CA sua linha de produtos.

A feira tem longa história com música e tecnologia. Foi lá por exemplo que em 1983 um certo Dave Smith lançou o protocolo MIDI que iria mudar para sempre a música tornando fácil a comunicação entre sintetizadores de diferentes fabricantes.

Mas hoje o papo é sobre novidades.

Longe de ser o único momento do ano em que as novidades são apresentadas, a NAMM costuma apontar alguma principal tendência que acaba guiando boa parte de tudo que vamos ver.

Três anos atrás foi a vez do retorno dos analógicos em preços camaradas e unidades compactas, melhor exemplo eram os Korg Volcas.

Depois veio uma onda de grandes synths analógicos tipo o Dave Smith Prophet-6 e Roland JDXa.

Olhando os lançamentos acho que não é errado dizer que duas tendências dominaram: a combinação de funcionalidades e os grandes synths.

Muitos desses equipamentos ainda vão demorar um pouco para chegar ao mercado e mais ainda ao Brasil, mas vou resumir aqui os mais relevantes para a produção de música eletrônica por fabricante.

Arturia

Os franceses não param de surpreender.

Uma empresa que começou com softsynths e controladores e depois migrou para os pequenos e divertidos analógicos da linha Brute (micro e mini), e depois praticamente sozinha trouxe de volta os sequencers em hardware para os holofotes com o BeatStep Pro.

Esse ano eles resumem bem as tendências que falei acima.

O Keystep Pro é um combo de teclado controlador e step sequencer.

Já o MatrixBrute é um monstro analógico de 3 osciladores, filtro Steiner-Parker, toneladas de controles em knobs, switches e sliders, step sequencer e uma matriz de modulação que segundo o fabricante é o coração do novo produto. Se o som for tão bom quanto as especificações com certeza vai ter lugar garantido no estúdio de muito produtor de EDM.

Arturia MatrixBrute

 

 

 

 

 

 

M-Audio

Novas interfaces de áudio M-Track Solo, 22, 84 e 1212. O padrão USB-C chegou ao mundo do áudio. Ultra rápido, deve proporcionar níveis de latência bastante baixos. Além de certamente ser o padrão de portas que a Apple deve adotar em todos os MacBooks em breve (por enquanto apenas um modelo tem USB-C).

Nova linha de Interfaces da M-Audio

Dave Smith Instruments

Esse é um cara que admiro demais. Inovador e corajoso. Os videos das entrevistas do Dave espalhados no Youtube, tomando um Jack Daniel’s, falando que só faz os synths que ele tá a fim, são demais.

Esse ano a DSI se juntou com outra lenda do mundo do sintetizadores, Tom Oberheim, o cara que fez entre outras pérolas o Matrix 12.

O OB-6 é um synth polifônico de 6 vozes, totalmente analógico e com filtros de estado variável. Vem com diversos efeitos, arpegiator e step sequencer. Eu quero um!!!

Tom Oberheim, Dave Smith e o OB-6. Se você fosse eles também ia estar rindo a toa.

 

 

 

 

 

 

 

 

Roland

Os caras lançaram tantas coisas no ano passado, acho que o estoque de idéias ficou meio esgotado para a NAMM 2016.

De novidade mesmo veio o estranho A-01, um combo de controlador MIDI, gerador de som 8 bits, com interface Bluetooth, saída CV/Gate e falante de áudio integrado. Sinceramente não sei bem para que serve, nem porque alguém precisaria disso. Mas se for interessante escrevo depois nessa coluna.

Também mostraram  o revival modular System 500, agora vendido em versão completa. Bacana, mas mais do mesmo.

Yamaha

Novo workstation flagship da marca. Um monstro com todos os recursos e uma sopa de letrinhas de tantas siglas e nomes de tecnologia que ninguém vai saber decorar nunca.

O legal é ver a tecnologia FM consagrada pela Yamaha, reaparecer em um synth grande da marca depois de tanto tempo, agora revisada e modernizada sob a sigla FM-X.

Tem até alguns dos timbres originais do clássico DX7.

Yamaha Montage

 

Teenage Engineering

Novos Pocket Operators, aqueles mini synths de bolso.  Para mim são coisa de hipster ou de quem gosta de gastar grana só para falar que tem um.

Também anunciaram o OP-Z, um conceito ainda do que pode vir a ser o sucessor do genial OP1. Vamos aguardar.

 

Korg

A empresa japonesa anunciou alguns produtos uma semana antes, com destaque para o Minilogue, que você confere aqui. Também os novos nanoKey e nanoKontrol Studio, versões combinadas e turbinadas da linha nano de controladores midi.

Ficou para a NAMM o novo integrante da família Volca, o VolcaFM. Um pequeno synth de 6 operadores FM com 3 vozes de polifonia. Os pequenos botões em verde, imediatamente remetem ao DX7 e de quebra ele é capaz de reproduzir os presets do synth clássico da Yamaha que devem ser carregados via SysEx. Provavelmente a arquitetura não será exatamente a mesma, mas devem soar bastante próximos.

Korg Volta FM

 

 

 

 

 

 

Enfim, deixei para o post aqueles que me chamaram mais atenção ou pelo menos que acho que vão ser mais significativos para a produção de música eletrônica nos próximos tempos.

Além disso tem mais um monte de versões atualizadas de interfaces de áudio, novos plug-ins, enfim a lista é enorme.

Senti falta de novidades da Native Instruments. Por ser alemã talvez esteja guardando bala para a Musikmesse, que rola no começo de abril em Frankfurt.

 

Daniel Chalfon

Sócio do estúdio AudioArena e da agência LDC, toca baixo e synths no Jules.

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