Massivo 25 anos depois; o clube que levou a cultura clubber pra novela das 8 retorna com mais fervo
Em 7 de novembro de 1991, Mauro Borges e Bebete Indarte inauguraram, na alameda Itu, em São Paulo, o Massivo, talvez o primeiro clube gay centrado na figura de um DJ a conquistar fama nacional. Foi o clube certo, na época certa.
Em setembro último, Mauro recebeu saudosistas e novinhos curiosos sobre a década de 90 pra curtir com ele a celebração de 25 anos do Massivo. Com ingressos esgotados, o fervo rolou no hotel Cambridge, com direito a show ao vivo da cantora Gretchen, figura que invariavelmente entrava nos sets de Mauro – jajá voltamos a falar disso. O bafo foi tão legal, que, atendendo a pedidos, haverá outra festa do Massivo, na sexta (28), no Hotel Cambridge.
DA DISCO MUSIC AO PRIMEIRO AFTER A NOITE DE SP TEM MUITA HISTÓRIA
Com Mauro nas pick-ups, o Massivo virou hit na cidade, com longas filas na porta quase todas as noites. De pára-quedistas a colunáveis em geral, todo mundo queria ver o que rolava lá dentro: “No Massivo, as pessoas se sentiam livres para fazer qualquer coisa. Era uma coisa bem lasciva, mas sem ser vulgar. Tinha um lado meio debochado também. Acho que São Paulo mudou de cara depois do clube”, lembra Mauro.
O burburinho tinha muito a ver com uma combinação de libertação sexual e musical. A primeira era mais óbvia: ali nasceu a “almôndega”, dancinha que envolvia um grupo de pessoas grudadas umas nas outras. O ritual acontecia invariavelmente nas “gaiolas”, pequenas jaulas suspensas no segundo andar do clube.
A segunda libertação veio com a música. Em pleno momento de ascensão da música eletrônica na cidade, Mauro resolveu investir numa mistura de house americano, o garage, aliado a um revival da disco music. Apostou também no resgate de ícones da década de 70, como a cantora Gretchen. Acertou em cheio na trilha sonora para compor a aura “exótica” que aquele novo lugar pedia. “Fui o primeiro DJ a ter uma estética de superstar”, diz o agora cinquentão sem crise nenhuma – continua saradaço – sem falsa modéstia.
O Massivo se transformou em templo do hedonismo em São Paulo. Junto com a notícia do clube, espalharam-se suas gírias (luxo, glamour, clubber, montação…), sua moda e suas personagens mais reluzentes, as drag queens. Reza a lenda que foi o sucesso do Massivo que levou Gloria Perez a incluir a personagem Sarita (lembra?), interpretada pelo ator Floriano Peixoto, na novela Explode Coração, em 1995. Babado forte, filhas.
Sarita em Explode Coração
Em novembro de 96, o Massivo fechou as portas. Mauro Borges foi montar a Disco Fever, clube exclusivamente dedicado ao revival da música dos anos 70. Hedonista de carteirinha, Borges entrou para a história como o primeiro DJ brasileiro (e talvez do mundo…) a posar nu para uma revista, a G Magazine (clique aqui pra ver como Mauro veio ao mundo). “Sou assim exibido mesmo, meio Madonna”, justifica. Alguém duvida? O Massivo depois reabriu as portas e funcionou até 2004, quando encerrou suas atividades definitivamente.
Mas deixou um legado bafo! O revival de disco music, house music com pitadas trash (leia-se Gretchen e outras loucurinhas), drags, go-go boys, modelões, gírias, homens sem camisa… onde estaríamos hoje sem tudo isso que a gente adora? Sexta tem. Nos vemos na pista.
Rua Álvaro de Carvalho, 35, centro
Sexta, 28 de outubro, a partir das 23h
Line-up: DJs Mauro Borges, Thomé P Lima e Caio, Rogério Fagundes
Preço: R$ 20 de entrada ou R$ de 40 consumo até a meia-noite;
depois, R$ 30 de entrada ou R$ 60 consumo com nomes enviados para a lista
sem nome na lista, R$ 50 de entrada ou R$ 80 de consumo.