Massive Attack Foto: Matthew Shaver/Reprodução

Massive Attack detona Coachella por falta de compromisso ecológico

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Grupo de Robert Del Naja alegou ter recusado se apresentar no festival em 2025

Agora é oficial. O Massive Attack partiu para o ataque (hah!). Após dar um evento sustentável que virou até manual de conduta em sua cidade natal, Bristol, em setembro, o grupo formado formado atualmente pelos bambas Robert “3D” Del Naja e Grant “Daddy G” Marshall começou a botar a boca no trombone.

Além de recusar uma proposta de apresentação no festival Coachella 2025, nos Estados Unidos, aproveitou para criticar ferrenhamente a falta de compromisso ecológico do evento: “Nós dissemos não para o Coachella no próximo ano. Já tocamos lá uma vez e foi o suficiente. O evento é em Palm Springs. Um resort de golf construindo no deserto, mantido por um sistema de irrigação usando suprimentos de água que são públicos. Absurdo. Se você quer conhecer o lado mais ridículo do comportamento humano, lá é o lugar certo”, detonou Del Naja, em entrevista à revista NME.

A coragem em se manter firme coloca o Massive Attack na linha de frente do ativismo pela sustentabilidade, juntando sua influência na comunidade da música com atitudes que vão muito além de meros discursos. No evento modelo de setembro, a banda conseguiu reduzir a zero o consumo de combustível fóssil levando em conta até mesmo o deslocamento das pessoas de casa até o show, algo inédito no mundo. As ações também atacaram a produção de lixo. Ao final do rolê, o espaço utilizado pelo público estava tão limpo quanto antes de abrirem os portões.

Além disso, declarações como essa colocam os produtores de festivais em cheque. Ficou cafona não pensar no meio ambiente. Na próxima reunião de produção do Coachella, o tempo vai esquentar mais o do deserto da Califórnia. E o assunto, com certeza, virá à tona.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.