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“Mais brasileira que eu, só eu duas vezes” – Mel, ex banda UÓ, fala sobre seu primeiro trabalho solo

O novo single de Mel, primeiro em carreira solo, tem produção musical de produção musical de Felipe Cordeiro, música estreia com clipe nas plataformas digitais e no Youtube.

Com melodia que transita entre a música pop brasileira e ritmos latinos, a cantora Mel lançou seu primeiro single e clipe da carreira solo, “A Partir de Hoje”. A composição de Gabriel Kaleo retrata um período da vida da cantora marcado por finalizações e tristezas. “É uma canção sobre renascimento. Depois que o tempo passa, as coisas mudam, entendemos que nosso primeiro objetivo é se cuidar para conseguir seguir e aprender com os baques da vida, principalmente os afetivos”, ela conta.

Com produção de Felipe Cordeiro, Nelson D, Leo D e Patrick Torquato, a cantora e os parceiros exploram no single elementos do Zouk Love, batida da Guiana Francesa, que faz referência aos violões flamencos. Para criar momento épicos na música, que tem sonoridade latina contemporânea, também foram utilizados recursos orquestrais. “Além da questão sentimental que traz a letra, escolhi ‘A Partir de Hoje’ como primeira música dessa nova etapa da carreira porque existe nela quase todos os aspectos de sonoridade que serão exploradas nos próximos lançamentos”, explica a cantora.

Entre 2010 e 2018, Mel fez parte da Banda Uó ao lado de Mateus Carrilho e Davi Sabbag, grupo que marcou a cena da música independente brasileira com sua característica própria e faixas de sucesso como “Shake de Amor”, que rendeu para a banda o prêmio de melhor clipe do ano no VMB em 2011, além de ser a primeira banda a ter uma mulher trans à frente. Já em 2012, lançaram “MOTEL”, disco que rendeu um importante destaque na lista dos 10 melhores daquele ano na revista Rolling Stone. O álbum já mostrava a diversidade de experimentações estéticas que o grupo trazia, além do single “Búzios do Coração” já evidenciar a potência de voz de MEL para muito além do universo pop. O disco também foi gravado em DVD. Em seguida, lançaram a faixa “Catraca”, com MC Catra, que entrou para a trilha sonora da novela “I Love Paraisópolis”, da TV Globo. Em 2015, foi lançado “Veneno”, o segundo álbum da banda, com destaque para as músicas “Cremosa”, “Arregaçada” e “Sauna”.

Em 2018 a Banda Uó se encerra e Mel busca experimentos solos. Em 2019, lança dois vídeos poemas, “O Cabelo” e “O Medo”, com participação da cantora Liniker, e também participa da faixa “Tolerância Zero” do cantor pernambucano FERRO. Em 2020, a artista ficou imersa em suas primeiras composições, além de ser produtora e apresentadora no canal MEL.TV na Twitch. Batemos um papo com a Mel onde ela conta um pouco sobre esse momento atual, o single A Partir de Hoje e seus próximos passos:

MSN O que podemos esperar dessa nova fase da Mel?

Muitas coisas diferentes. Temos uma pesquisa bem bacana sendo feita tanto pra um trabalho fechado quanto para os próximos singles. Podem esperar muita cor, muita percussão, muito violão e muitas mensagens necessarias.

MSN Você está preparando um álbum, onde a Mel e o Brasil se encontram nesse trabalho?

A Mel é uma travesti brasileira. Ela consome e recria tanto o que vem de sua terra natal, quanto o que existe de potencialidades culturais no território do Brasil como um todo. Acredito que é por aí. Mais brasileira que eu, só eu duas vezes rs.

MSN O que imagina despertar nas pessoas que ouvirem A Partir de Hoje?

Imagino que a letra e a atmosfera da produção musical nos levem para um lugar de amor próprio e superação de relacionamentos ruins ou que enterrem de vez algum sentimento que não traz prosperidade. A música é sobre isso e espero que quem estiver sofrendo por amor, renasça forte e potente.

MSN Como você percebe a cena da música pop brasileira atualmente?

O Brasil é um país rico culturalmente. Temos muito o que explorar ainda nesse aspecto. Mas o pop Brasil vem crescendo cada vez mais e assinando muito bem suas várias possibilidades e identidades. Tudo aqui pode ser pop, logo é difícil definir, mas creio que estamos amadurecendo essa ideia ainda de pluralidade em todos os sentidos.

MNS No single A Partir de Hoje percebemos questões relacionadas a encerramento de ciclos, o olhar para si e autocuidado, assuntos que vem ganhando cada vez mais espaço nas discussões online e offline, principalmente após o período de isolamento social. Isso influencia seu trabalho? Como?

“A partir de hoje” marca tudo por aqui. Desde o renascimento de novas possibilidades até como quero me colocar a partir de agora, artisticamente falando. Não dá pra adiantar muita coisa, mas o trabalho vai falar muito disso. De cura, de amor próprio, de deixar ir, de viver. Tudo isso traduzido em imagens tbm.

MNS O que achou da a experiência de trabalhar com Felipe Cordeiro, Nelson D, Leo D e Patrick Torquato na produção do single? Como cada um marca esse trabalho?

Eu adorei! Eles foram muito abertos e me ouviram muito e isso fez total diferença.
Bom o Patrick Torquato entrou na direção musical, colaborando com as pesquisas de onde poderíamos partir etc. Deu o caminho (risos) O Felipe Cordeiro e eu desenhamos o caminho da musica, criamos a atmosfera e construimos a ideia da música no geral. Daí entrou o Nelson D, que trouxe a orquestra, deu dimensão pra musica e finalizou lindamente.
O Leo D veio com a mix e master. Ele realmente foi impecável.

MNS Produzir um clipe e lançar uma música nesse cenário pode parecer mais simples do que realmente é. Qual conselho ofereceria a artistas que estão buscando se manter em movimento nesse momento?

Escreva, projete, faça acontecer do seu modo. Mas se precisar tome seu tempo também, mas pensando que tudo, exatamente tudo pode ser uma possibilidade. Depende muito de como vc enxerga…

MNS Além do Brasil, como percebe sua música em relação com a América Latina?

Queria poder rodar por aqui. Culturas riquíssimas! Obviamente isso vem também na minha musicalidade. Esse primeiro single por exemplo temos elementos de Zouk Love que é um ritmo da Guiana Francesa. A ideia aqui é misturar, sem colonizar rs

MNS Você acredita que o contexto da pandemia e isolamento social provocaram grandes mudanças no mercado da música? Como você enxerga isso?

Artistas gostam de circular. Seja pra ter ideias, seja pra trabalhar, fazer shows, exposições ou performances. E para isso, o público é fundamental.
O momento é de isolamento então eu, apesar de ser caseirinha, sofro porque queria poder me espalhar por aí e agregar ainda mais para o meu trabalho. Fazer as pessoas se emocionarem pela internet às vezes não basta rs
É um momento trágico e delicado, mas a arte permanece em tudo. Por isso acredito muito em novas possibilidades que vão surgindo. Mas a real é que precisamos de uma vacina.

MSN O que tem te movido a criar ultimamente?

Tudo. Desde filmes, leituras e conversas. A videos de memes e lives. Tudo que se move a minha volta me move também e me inspira a adaptação e superação. Sei que nem sempre
É assim, mas ultimamente tenho tido muita inspiração. Talvez seja por pura necessidade de sobrevivência.

 

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