Lucas Santtana estreia turnê que fortalece o afeto em tempos autoritários: ‘Temos que destilar o amor’

Itaici Brunetti
Por Itaici Brunetti

Um violão, voz, boas letras e melodias cativantes são o suficiente para Lucas Santtana transmitir suas mensagens de amor e protesto. É nesse formato econômico que o cantor baiano estreia a turnê nacional do álbum O Céu é Velho Há Muito Tempo, lançado em outubro de 2019 e que ainda não tinha sido tocado em palcos brasucas. Ao todo serão dez cidades e a primeira apresentação acontece nesta sexta-feira, 17, às 21h no Sesc Vila Mariana, em São Paulo.

Como aquecimento, Lucas levou a turnê para a França no final do ano passado antes de estreá-la no Brasil, onde tocou em nove cidades. “Os shows estavam todos lotados e a recepção do disco na imprensa europeia foi muito positiva, com resenhas nos jornais franceses Le Monde e Liberátion, na revista inglesa Mojo e também nas da Alemanha”, diz o cantor ao Music Non Stop. “Algumas músicas do álbum entraram nas playlists das maiores rádios públicas francesas. A expectativa é que no Brasil seja igualmente ótimo”, complementa.

Nos concertos, o músico dispensa banda de apoio e se garante sozinho no palco. “Eu já vinha fazendo shows solo apenas com violão, então nesse momento da carreira estou preferindo esse formato”, adianta, mas também explica que a apresentação difere das tradicionais de artistas solo, onde a figura central fica estática sentada em um banquinho com violão. “Eu interajo muito com o público, pois como me apresento com o instrumento e microfone sem fios, me movimento muito pelo palco, pelo teatro e entre as pessoas. Faço toda uma partitura cênica, teatral e com isso o desafio se torna maior. É performática”.

 

 

Receita contra o autoritarismo

Com temas sobre o amor e de protestos políticos, O Céu é Velho Há Muito Tempo se propõe a combater o fascismo vigente no país, ao mesmo tempo em que acolhe com carinho os corações dos ouvintes em tempos tão sombrios. “A mensagem que levo para a minha turnê é a mesma do álbum; a de acolhimento que diz: ‘Cheguem para perto que estou sentindo as mesmas coisas que vocês”, explica Lucas.

“Nesse momento, temos que destilar o sentimento do amor e nos fortalecer, porque não sabemos quanto tempo irá durar tudo isso”, fala o músico. “Em um ano de governo já sentimos o quanto foi pesado, e talvez dure quatro, oito ou vinte anos, não dá para sabermos. Então, temos que nos preparar contra essa extrema-direita que está crescendo no mundo todo. Temos que estar juntos, cantar juntos, sair com os amigos e fortalecer o afeto”, diz ele que canta o verso “Ninguém solta a mão de ninguém. Olho no olho, gente por gente. Cuidar de cada um dentro de nós”, na faixa Ninguém Solta a Mão de Ninguém.

A esperança de que dias tranquilos voltarão a reinar também faz parte de Lucas: “Temos que estar perto de quem gostamos para não nos sentirmos deprimidos e achando que será assim para sempre, porque não será. Os mais antigos vivenciaram o nazismo e a ditadura militar e ambos acabaram”.

 

 

Antenado

Com vinte anos de carreira, Lucas não dorme no ponto e mostra que está de olho, e ouvidos no presente. Para ilustrar algumas das canções do álbum, chamou grandes nomes da música nacional atual, como Duda Beat, que faz dueto com o músico em Meu Primeiro Amor, e Jaloo, Juçara Marçal e Linn da Quebrada, que o acompanham na música-hino-protesto Ninguém Solta a Mão de Ninguém. Hits incontestáveis que traduzem o afeto e a luta, respectivamente.

“É uma galera mais nova na qual eu já vinha querendo trabalhar junto. Eles são de uma outra geração que a minha e têm um jeito incrível de pensar. Aprendi muito com eles”, revela o cantor. “Em 2018, ouvi muito o álbum da Duda e gostei demais. Depois, soube que ela e o marido, Tomás, são fãs do meu trabalho e tinham todos os meus discos. Então, quando a convidei foi uma felicidade mútua. Rolou a maior sintonia entre a gente”.

“O Jaloo eu já conhecia há muito tempo, desde quando ele fez um remix de uma música minha, e depois também participei de uma canção dele. Da Juçara, sou o maior fã de Metá Metá, e a Linn da Quebrada eu pirei quando vi o show ao vivo. É uma artista importante. A chamei, foi ótimo e hoje somos amigos de trocar piadas no WhatsApp”, finaliza.

 

(Foto: Flora Negri) Lucas Santtana

 

Turnê O Céu é velho há muito tempo – Verão 2020

17.01 São Paulo
Sesc Vila Mariana – Rua Pelotas, 141 – Vila Mariana
Horário: 21h
Ingressos: R$9 a R$ 30
Informações: www.sescsp.org.br/programacao/215122_LUCAS+SANTTANA

22.01 Salvador
Teatro Gregório de Matos
Horário: 19h

23.01 Recife
Terra Café
Horário: 21h

24.01 João Pessoa
Sala Maestro José Siqueira
Horário: 21h

25.01 Jacumã
Praça do Mar (Verão Mares do Conde)
Horário: 20h

30.01 Goiânia
Shiva
Horário: 21h

31.01 Brasília
Cervejaria Criolina
Horário: 23h

01.02 Chapada dos Veadeiros
Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge
Horário: 23h

07.02 Belém
Teatro Waldemar Henrique
Horário: 20h

09.02 Fortaleza
Cineteatro São Luis
Horário: 18h

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