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Lolla BR 2019: Letrux, Liniker & Os Caramelows e Duda Beat são ouro

Letrux em foto de Mila Maluhy

Há algo de Carnaval no Lollapalooza pelo que indicam o glitter, as cores e a vibe. O coro em “homenagem” ao presidente também: “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c…”. Mas o festival, que chegou à oitava edição neste fim de semana, é um pouco menos democrático: moradores de rua foram contratados por R$ 50 ao dia na montagem das estruturas, com ingressos custando quase um salário mínimo.

Muitas marcas querendo aparecer e faturar, muita gente querendo ostentar no Instagram. No meio disso tudo, um pouco de música.

Por mais que alguns só tenham percebido isso agora, não é de hoje que brasileiros ocupam papel de destaque. Basta lembrar de Racionais MCs, Planet Hemp, Criolo, Pitty, Karol Conka, Tropkillaz, Rincon Sapiência, Alok e Mano Brown solo.

Yes, nós temos divas e os transfóbicos terão que engolir essa mulher goela abaixo: Liniker por MRossi

Em 2019, com shows altamente politizados e tecnicamente impecáveis, Letrux, Liniker & Os Caramelows e Duda Beat reluziram com altíssima intensidade. Puro ouro.

O menino do vale homossexual: Troyer Sivan em foto de Mila Maluhy

Dos gringos, Troye Sivan e Jorja Smith mostraram-se altamente promissores. O vale homossexual acolheu o rapaz de 23 anos com carinho. A identificação foi imediata. Já a inglesa de 21 anos foi puro talento e carisma. Kendrick Lamar moeu. Rap é pop, rap é protesto.

Salve, simpatia: Jorja Smith em foto de Denis Ono

Para seus fãs, nós incluídos, St. Vincent era o maior nome do festival. Sem banda e sozinha no palco, armada com guitarras desenhadas especialmente para mulheres – as “normais” feitas para homem, comprimem os seios delas – a norte-americana de 36 anos comprovou que o instrumento outrora icônico hoje só faz sentido quando empunhado e domado por uma mulher criativa e genial.

Fez falta uma banda? Sim. Faltou pressão, que fizesse um live pelo menos. Treinada em Berkelee, crescida por conta própria, rainha do indie pop. Quem recusa o virtuosismo dela, ativa o detector do machismo.

Como uma deusa: St. Vincent por Camila Cara

Também na praia dos hibridismos de rock e eletrônico, o Twenty One Pilots foi literalmente incendiário. Já a banda inglesa The Struts mostrou que é possível ser retrô sem ser pastiche.

Paixão ao primeiro riff: The Struts em foto de Camila Cara

Debaixo de chuva ou sol, diante de top DJs ou apostas, o palco eletrônico esteve sempre cheio, indicando que a EDM, passado o hype, segue tendo público.

Bhaskar fez uma apresentação cheia de alma e musicalidade. Alok apareceu, surpreendendo até mesmo o irmão. A eletricidade quase podia ser capturada na atmosfera.

É disto que trata a música. Sommeliers do gosto alheio jamais poderiam dizer o que é bom ou ruim. Caso esta música te mova, emocione, provoque identificação, ela é sua.

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