No final de 2016, tentei comprar o livro Todo DJ Já Sambou, que lancei pela editora Conrad em 2003 e há dois anos se encontra esgotado nas livrarias. Eu tinha uma reunião importante marcada e queria comprar um exemplar para levar comigo, já que a minha única cópia, assinada por uns 10 DJs amigos meus, eu pouco tiro de casa.
Matéria da época do lançamento do Todo DJ Já Sambou (2003)
Quando entrei no sebo online Estante Virtual quase morri de susto. O livro, usado, só estava disponível em uma loja e por inacreditáveis R$ 900! Achei um absurdo. Tentei procurar em outros sebos, mas não achei nenhuma cópia sequer.
Juntei essa experiência com o fato de que sempre tem alguém que me pergunta por inbox em alguma rede social: “mas e aí, quando você vai relançar o Todo DJ?”. Com a correria do dia a dia, relançar um livro já clássico não parecia uma prioridade, né?
Mas claro que eu estava sendo tapada, pra dizer o mínimo. Com a profissão DJ cada vez mais em evidência no Brasil – ao mesmo tempo em que as publicações sobre o tema vão para o lado inversamente proporcional – pensei eu: “já não seria hora de recolocar o Todo Dj Já Sambou de volta no mercado?”. Claro que sim.
Um parêntese para contar um pouco sobre sua história, pra quem não conhece. O livro Todo DJ Já Sambou – A História do Disc-Jóquei no Brasil foi lançado em 2003 sem grandes pretensões pela editora Conrad e rapidamente sua primeira edição sumiu das prateleiras. Seguiram-se mais duas tiragens, com repercussão enorme na mídia e também na vida real: muitas escolas de DJ e cursos de produção musical passaram a usar o livro como material didático.
Trata-se, até hoje, do único livro brasileiro que conta desde os primórdios a evolução da profissão disc-jóquei. O livro ganhou elogios até de gringos como o Bill Brewster, autor da bíblia inglesa Last Night a DJ Saved My Life. Segundo ele, Claudia Assef (sim, eu), autora do livro, “ajudou a restabelecer o equilíbrio na cultura musical brasileira”. Ele, aliás, acabou escrevendo o prefácio da segunda ou terceira, edição, já não me lembro mais, onde dizia:
“Não é de causar espanto que, no Brasil, uma das grandes nações musicais do planeta, os DJs também tenham alcançado esse nível de adoração. A música brasileira vem colocando o mundo para dançar há décadas, dos dias do carimbó, da bossa nova e do forró, passando pela Tropicália e chegando aos bailes funk de hoje. Quando fundou sua Orquestra Invisível Let’s Dance, em 1958, Osvaldo Pereira começou a tocar músicas de Glenn Miller, Johnny Mathis e Frank Sinatra em bailes que mobilizavam a comunidade negra. A Orquestra Invisível de Pereira, naturalmente, era o seu sound system (uma tradição exportada para o Reino Unido e os EUA por seus fundadores jamaicanos). A chama se manteve acesa durante os anos 60, conduzida por vários descendentes seus (inclusive seu próprio sobrinho), mas incorporando mais música nativa, como Jorge Ben e Elza Soares”.
Todo esse preâmbulo é pra dizer que, sim, resolvemos recolocá-lo no mercado, de forma independente via financiamento coletivo. Se tudo der certo e a campanha for bem-sucedida, o Todo DJ Já Sambou será ampliado e revisado, além de ganhar um novo projeto gráfico e uma nova capa. A novíssima edição do já clássico Todo DJ Já Sambou será o primeiro lançamento da editora Music Non Stop, braço editorial deste site.
Vídeo da campanha do Catarse
A campanha está bem no meio do caminho e até este momento 30% do valor foi arrecadado. A meta é levantar dinheiro suficiente para imprimir 3.000 livros, além de pagar o novo projeto gráfico do livro. Como recompensa, além do livro (por R$ 38) e de uma camiseta feita artesanalmente pela marca BEMLIXO (por R$ 45), criamos algumas possibilidades de experiências, como uma sessão de cinema (R$ 18) no Cine Bristol, em São Paulo, com o documentário praticamente inédito e nunca lançado A Orquestra Invisível e Outros DJs pioneiros do Brasil (de Keke Toledo e Ricardo Camargo Braga), um jantar com a autora e o primeiro DJ do Brasil, seu Osvaldo Pereira (já foram vendidos os dois disponíveis) e um rolê para comprar discos com o DJ Mau Mau em São Paulo (por R$ 800).
Optamos pelo esquema de campanha Tudo ou Nada, ou seja, se não chegarmos na meta, o dinheiro arrecado será devolvido aos apoiadores. Se você ajudar, entre no www.catarse.me/todo_dj_ja_sambou e garanta a sua recompensa. A gente agradece.