Livro On The Dancefloor Livro On The Dancefloor – foto: divulgação

Livro On The Dancefloor homenageia as pistas de dança eternizadas em grandes filmes

Jota Wagner
Por Jota Wagner

On The Dancefloor, Spinning Out On Screen, reúne imagens clássicas das pistas de dança retratadas em filmes de todas épocas

Certa vez meu antigo cabeleireiro, enquanto praticava a arte da conversação durante o corte, me contava sua paixão pelas pistas de dança. “Eu gosto de sair para dançar, mas gosto de sair em São Paulo. Lá a cidade é grande e ninguém fica reparando em você. Porque eu, quando saio pra dançar, gosto de ‘dibuiar’.

Dibuiar, no caso, é um caipirismo do verbo “debulhar”, que significa descascar o sabugo de milho. Já a interpretação para o que meu antigo cabeleireiro fazia na pista de dança, a ponto de merecer tal analogia, fica a cargo da sua imaginação. Assim como ficou da minha, por muitos anos.

On the Dancefloor livro

Imagem: divulgação

Mas o fato é que todos nós, amantes da noite, guardamos na memória grandes momentos em que lavamos a alma na pista de dança, dibuiando ao som do nosso DJ predileto.

Através de suas lentes filtradoras do comportamento humano, é óbvio que o cinema sempre reservou, em momentos especiais de suas tramas, grandes cenas protagonizadas nas pistas de dança. E este é o tema do novo livro On The Dancefloor – Spinning Out On Screen, lançado pela ex-editora da revista Dazed, Claire Marie Healy.

Claire se juntou a uma turma de assistentes para vasculhar os arquivos do cinema e extrair imagens das melhores cenas onde o dancefloor é o cenário. Selecionou, desde filmes clássicos como Pulp Ficcion, Os Embalos de Sábado a Noite e Breakin, até cults como Banda Á Parte, de Truffeau.

O resultado, em 400 páginas belamente diagramadas, é o famoso “coffee table book”. Aquele livro que despretensiosamente “esquecemos” na mesa de centro da sala, para que as visitas o encontrem logo ao tomarem conta do sofá, contribuindo para nossa imagem de descolado, antenado, divertido… “dibuiadô”.

O livro, que reúne textos, fotos e sequências organizadas em frames, ainda sem edição em português, sai por volta de 60 dólares lá fora. É um tributo belo e adequado, compilado com espero, a um de nossos locais prediletos nos porões das cidades, em que a fumaça mágica dilui as cortinas das convenções sociais e nos permite exercer um pouco da liberdade que tanto buscamos. O lançamento é da editora A24, especializada em cinema.

 

 

 

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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