Living Louder junta Led Zeppelin com B.B. King pra fazer o som pesado de seu disco de estreia

Claudia Assef
Por Claudia Assef

A história prova que o rock’n’roll não precisa de uma multidão de gente no palco pra fazer um som de peso. Pensando rápido, a lista de power trios que vem à cabeça tem de The Jam a Rush, passando por Stray Cats, Cream, Motorhead, Thin Lizzy e, claro, talvez o mais famoso de todos, o Nirvana.  A lista é gigantesca e acaba de ser encorpada por um novo power trio de peso made in Brazil, apesar do nome gringo: o Living Louder.

Formado pelos músicos Ricardo Cagliari (guitarras/vocal), Eduardo Assef (baixista e… sim, meu irmão <3) e Gustavo Gomes (bateria), os integrantes do Living Louder tinham um monte de instrumentos vintage em seus estúdios e uma missão na cabeça: recuperar toda a energia das grandes bandas dos anos 60 e 70, só que com uma pegada contemporânea.

Daí eles tacaram num liquidificador referências fortes para os três integrantes, sons que variavam do southern rock de Allman Brothers Band e Lynyrd Skynyrd até o hard rock setentão de Black Sabbath Led Zeppelin, tudo isso puxado num denso molho de blues, berço de todas as bandas citadas e espécie de religião para o Living Louder.

Southern rock, hard rock, heavy metal, blues e jazz tomaram seus lugares ao longo das músicas do primeiro álbum da banda, que tem show de lançamento nesta quinta (22), em São Paulo.  De composição em composição, em poucos meses a banda já havia produzido todo o material do disco, que foi gravado em apenas quatro dias no Estúdio Fusão, em São Paulo, sob comando do produtor Thiago Bianchi.  O som é cru, poderoso e cativante. Bote o disco pra tocar e siga para a entrevista com o vocalista do power trio logo abaixo.

OUÇA O ÁLBUM LIVING LOUDER

Music Non Stop – O som de vocês às vezes soa contemporâneo como Soundgarden, mas ao mesmo tempo tem uma pegada muito anos 70. O que falou mais alto na hora de compor as músicas?

Ricardo Cagliari – As próprias bandas mais contemporâneas com as quais as pessoas costumam fazer um paralelo quando ouvem nosso som – como o Soundgarden, citado por você – têm uma raiz evidentemente calcada no rock setentista. Assim, embora nossa influência principal venha desse período, vivemos no mundo moderno, rodeados pela tecnologia e imersos no louco estilo de vida atual. Então acaba que se misturam o moderno e o clássico em nossas composições. Difícil evitar.

Music Non Stop – Contem um pouco sobre o background musical de cada um de vocês, por favor.

Ricardo Cagliari – Nós três apreciamos uma ampla gama de estilos musicais. Particularmente, minhas principais influências vêm basicamente das bandas da New Wave Of British Heavy Metal. As de Gustavo giram mais em torno do thrash metal e do hardcore. Já Eduardo é um cara totalmente ligado no blues, no soul e na Motown.

Music Non Stop – Soube que vocês moram em cidades diferentes, como fizeram pra compor, ensaiar etc?

Ricardo Cagliari – Cada um compõe suas próprias partes. Gravamos cada um em seu computador e reproduzimos entre nós para avaliação. Estando todos de acordo, Gustavo mixa o material e, então, temos em mãos a música pronta. Em razão da distância, nossos ensaios presenciais acabam sendo menos frequentes, mas cada um de nós pratica diariamente sobre as gravações caseiras, o que ajuda bastante. Disciplina é a chave.

Music Non Stop – Com que bandas vocês gostariam de se apresentar se pudessem escolher um line-up matador para dividir o palco?

Ricardo Cagliari – Provavelmente Allman Brothers, Gov´t Mule, Lynyrd Skynyrd, Iron Maiden, AC/DC e Megadeth. Isso, claro, se os Beatles e os Rolling Stones nos recusassem antes.

Music Non Stop – Vocês mantêm outras profissões além de músicos, mas largariam tudo pra viver uma aventura on the road?

Ricardo Cagliari – Certamente! Mas as contas nunca param de chegar, então esse ainda é um sonho distante. Quem sabe um dia…

SHOW DE LANÇAMENTO LIVING LOUDER
Quinta (22), às 20h
Espaço Som
Teodoro Sampaio, 512, São Paulo
Preço: R$ 20
Venda atencipada neste link

Claudia Assef

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Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.