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Por que show de Lia de Itamaracá no último dia de Rock in Rio é imperdível

Lia de Itamaracá

Foto: José de Holanda/Divulgação

Saiba mais sobre a celebrada cantora, compositora, dançarina e cirandeira pernambucana

Imagine-se um gringo que está no Brasil para curtir o Rock in Rio 2024. No último dia do festival, ainda no começo da festa (o show começa às 15:30h), o incauto forasteiro passa em frente ao palco Global Village e dá de cara com uma mulher preta de 80 anos, vestida com sua roupa de santo, sentada em uma cadeira com ares de trono, reinando com seu canto de tradições quilombolas acompanhada de uma big band. “Maaan, este festival é louco mesmo!”, certamente pensará, parando para assistir ao show inteiro.

O feliz gringo vai se dar conta, então, que o Brasil é muito maior do que as praias do Rio de Janeiro ou a confusão cosmopolita de São Paulo. Mais do que isso, vai compreender que o verdadeiro país que visita está bem longe das capitais. O show de Lia de Itamaracá no RiR promete ser uma experiência espiritual.

A imagem, impressionante e cinematográfica, deve causar um alegre espanto também em muitos brasileiros que frequentam o festival atrás de grandes artistas pop, ou mesmo por artista nenhum, comprando ingresso para viver a tal experiência de festival. Lia traz história, luta, sofrimento e alegria em forma de música e de autoridade.

A artista participa desde criança das rodas de ciranda nas cercanias de Itamaracá, em Pernambuco, onde nasceu e cresceu. Sua importância era reconhecida apenas por estudiosos de culturas originárias, até que foi expandindo seu domínio para uma nova geração das grandes cidades, interessada no que acontecia nos rincões do brasil. Virou hype, e ajudou até a apelidar uma turma de jovens cosmopolitas que dançam em rodas por aí. “Essa turma aí é cirandeira”, dizíamos.

Os devidos louros à dona Lia chegaram de vez quando foi convidada para se apresentar no festival Abril Pro Rock, em 1998. Foi lá e mostrou quem era. A partir da repercussão do festival (parabéns à sua curadoria!), o mundo se rendeu a sua história e talento. Tocou em Paris (2000), teve sua história contada no New York Times, foi homenageada pelo Bloco Afro Ilú Oba De Min no Carnaval de São Paulo (2020) e por duas escolas de samba no Carnaval de 2024: a Império da Tijuca, no Rio, e a Nenê de Vila Matilde, em Sampa.

Gringo ou brasileiro, está dado o recado. No papo reto, sem entrelinhas. Se você está acompanhando o Rock in Rio in loco ou pela TV, não se esqueça de dar um pulo na frente do palco da rainha Lia de Itamaracá!

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