Kenny Barron e brasileiros afastam complexo de vira-lata
Abrindo com All Blues (Miles Davis) e fechando com Manhã de Carnaval (Luiz Bonfá), o show do pianista norte-americano Kenny Barron, ao lado dos brasileiros Nilson Matta e Rafael Barata encerrou as primeira série de shows das B Sessions, do B Hotel, em Brasília.
Triste (Tom Jobim) e You Don’t Know What Love Is (Don Raye e Gene de Paul), uma música dos anos 40 gravada por Chet Baker, Ella Fitzgerald, Nina Simone, John Coltrane e Billie Holiday, também compareceram na segunda sessão da noite, assistida pelo MUSIC NON STOP. Expert em música brasileira, Barron também mostrou uma música chamada Sônia Braga.
Nilson Matta, do Trio da Paz, é um cracaço aqui e em qualquer lugar do mundo, e o mesmo pode ser dito de Rafael Barata, com repertório de técnicas bastante amplo e executado sempre com perfeição. Apesar de fisicamente lembrar Buddy Rich, o balanço de Barata é o DNA vivo de Edison Machado, Milton Banana e Dom Um Romão. O mesmo de Cuca Teixeira, Nenê, Mamão, Paulo Almeida, Tuto Ferraz, Luiz “Ralinho” Manaia. Eles sambam na cara do complexo de vira-lata e quando uma lenda como Kenny Barron se junta ao time é jogo ganho.
Sutil e incisivo, Barron é tímido e espalhafatoso, como o Caetano Veloso que ele homenageou em seu disco mais recente. Começou com Dizzy Gillespie e fez história com Stan Getz, Minu Celo, Charlie Haden, Roy Haines, Dave Holland.
O encontro de três músicos assombrosos só poderia dar liga. Não deu outra e uma terça à noite no Planalto Central ganhou contornos místicos.