Quando Julião fizer a pose "Karatê Kid", pode apostar: você estará dançando
Quando se unem as palavras “DJ” e “underground”, o nome dele surge como uma reação química inevitável. Ele já atendeu por Juju Telefunken, mas foi como Julião que este DJ paulistano de 39 anos entrou pra história da música eletrônica consumida e produzida no Brasil.
Julião começou a escrever sua história como residente da Sound Factory, lendária boate na Penha, em São Paulo, que ajudou a bombar a carreira de outro monstro sagrado do drum’n’bass, DJ Marky. O clube, que ajudou a entortar, no bom sentido, milhares de cabeças por final de semana entre 1992 e 1997, foi seminal para o estouro do drum’n’bass em São Paulo, bem antes do público abastado da zona sul ter acesso ao gênero, com a Vibe, as quintas-feiras comandas por Marky e Patife, no Lov.e Club, que só viria em 98/99.
Além de um timaço de DJs brasileiros, a Sound recebia gringos de altíssimo nível. Por lá, passaram nomes como Laurent Garnier, Josh Wink, Little Louie Vega e Armand Van Helden, entre outros – isso numa época em que tudo era feito na raça, na maioria das vezes sem patrocínio nenhum.
Depois da Sound, Julião ficou virou residente do Hell’s Club, no Columbia, da Loca e também do Susi in Transe, clube do qual se tornou o grande divulgador. Em 2003, o DJ também começou a produzir faixas, mesclando influências de breakbeat e techno.
Pose de mau ele sabe fazer....
Mas essa é a cara mais famosa pra quem conhece o grandalhão ternurinha
Como emissário de novidades legais que costuma ser, Julião anuncia duas grandes novas para a nação mais under do que ground: a primeira é o retorno da Sound Factory, que vai acontecer de forma itinerante e com os DJs que fizeram a fama da casa; e a segunda é uma escola de DJs do clube A Lôca, um patrimônio da cidade de São Paulo que completa 15 anos de funcionamento no ano que vem.
O TDJS bateu um papo com o DJ Julião, que você lê a seguir:
TDJS – Conta como vai ser esse revival da Sound Factory
JULIÃO – Este será o segundo revival oficial da Sound Factory. No primeiro, que aconteceu eu julho, eu participei, juntamente com o Oswaldo e o DJ Tutu, que são os idealizadores do revival!
Já nesta segunda edição, que rola dia 7 de novembro, contaremos com a participação do Marky. Sem ele e sem mim, seria impossível realizar este evento, pois fomos os responsáveis pelo início e pelo sucesso do clube no decorrer da década de 90!
TDJS – É verdade que a Lôca vai ter uma escola de DJs?
JULIÃO – O clube comemora no próximo ano, serão então 15 anos de estrada… Então, o nosso boss, Anibal Aguirre, resolveu presentear de alguma forma o público de São Paulo visando principalmente aqueles que não possuem condições financeiras para bancar um curso de produção e de mixagens e também associando a este mesmo curso aulas de inglês básico, para que o aluno possa entender um manual de equipamento, acessar sites gringos e entender melhor como usá-lo, além de poder se comunicar com DJs ao redor do mundo.
O curso será inteiramente gratuito, não será nem cobrada taxa de inscrição! Aguardem mais informações através do site do clube . Este projeto será associado a algumas ONGs e, na segunda etapa, estaremos ampliando juntamente com as sub-prefeituras. A princípio, os escolhidos para tocar essa empreitada somos eu e o nosso querido Ramilson Maia. Vamos realizar uma triagem através de emails recebidos dos interessados, tentando dessa forma selecionar quem realmente quer aprender.
TDJS – E o que mais você anda aprontando de bom?
JULIÃO – Estou produzindo, lancei alguns EPs este ano, com o meu projeto 609 -Six-0-Nine pela Moog Music Brasil, com participações nos remixes dos DJs Mau Mau, Ronald, PornBugs (Alemanha), Ednei e Acácio. O DJ Godfather inclusive remixou umas das faixas deste EP, o que para mim foi uma honra e um presente imensos. Estou coordenando o festival de verão do Tostex, em Trancoso, montando o line-up e as festas juntamente com a Paola Vigorito, uma das sócias.
Este ano, vamos comemorar os 10 anos de sucesso do Tostex Praia. Além disso, organizo duas noites no clube A Lôca (Insomnia e Groov’in), e tenho discotecado pelo Brasil afora,
tentando levar a todos a minha cultura e o meu conhecimento adquiridos nesses 20 anos de carreira!
TDJS – O que você tem achado da noite em SP?
JULIÃO – Não tenho muito o que falar da noite de São Paulo ultimamente, pois frequento apenas os clubes e festas que têm algo a ver com o meu gosto particular, tais como A Lôca, D-Edge, Vegas e as festas onde eu toco! E acho tudo muito igual, sei lá… Mas, mesmo assim, para mim a noite de São Paulo é incomparável a qualquer outra noite do país, pois aqui é o berço da maioria das culturas de um modo geral quando se trata da palavra noite.
TDJS – E as celebridades que atacam de DJs, o que você acha?
JULIÃO – Bom eu como “DJ” nunca ataquei de celebridade, rsrsrsrs. Agora se a tal celebridade tiver talento e feeling suficientes para exercer a profissão que seja bem-vinda, cada um no seu quadrado!
TDJS – Uma palavra sobre o Jesus Luz
JULIÃO – Quem? Ahhh tá… rsrsrsrs! Tomei um susto com essa pergunta, por um instante achei que o Nosso Senhor estaria nos dando a graça da nossa arte! Já tem set disponível dele pra gente conferir?