Impulsionada pelo streaming, receita global registrou aumento de 4,8% na última temporada, de acordo com novo relatório da IFPI
O mercado de música gravada registrou crescimento pelo décimo ano consecutivo, alcançando uma receita global de US$ 29,6 bilhões em 2024, de acordo com o relatório Global Music Report 2025, divulgado pela IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica). O principal motor desse avanço foi o streaming por assinatura, que teve um aumento de 9,5% e atingiu 752 milhões de usuários globalmente. O report destaca o crescimento expressivo na América Latina [+ 22,5%], que foi capitaneado pelo Brasil [+ 21,7%].
Crescimento sustentável e desafios da indústria
Mesmo em um cenário altamente competitivo, as gravadoras continuam investindo no desenvolvimento artístico e na diversificação das formas de consumo musical. Cada uma das regiões analisadas pela IFPI apresentou crescimento em 2024, com destaque para o Oriente Médio e Norte da África [+ 22,8%] e o já mencionado continente latino-americano.
Para Victoria Oakley, CEO da IFPI, o crescimento contínuo reflete o impacto essencial da música na sociedade e a capacidade da indústria de se reinventar. “Esses avanços não acontecem por acaso. Eles são resultado da criatividade dos artistas e do investimento consistente das gravadoras, que possibilitam inovação e novas experiências para os fãs”, destacou em coletiva de imprensa realizada na manhã desta quarta-feira, 19 de março.
Impacto da Inteligência Artificial na música
A edição de 2025 do relatório também traz uma análise sobre o impacto da Inteligência Artificial no setor. As gravadoras estão explorando o potencial da IA para aprimorar a criatividade dos artistas e melhorar a experiência do público. No entanto, há preocupações sobre o uso não autorizado de músicas protegidas por direitos autorais para o treinamento de modelos de IA generativa. A IFPI pede que os legisladores adotem medidas para proteger a música e garantir que a tecnologia seja usada para apoiar, e não substituir, a criatividade humana.
Streaming continua dominando o mercado
Pela primeira vez, a receita global de streaming ultrapassou a marca dos US$ 20 bilhões, representando 69% do total gerado pela música gravada. O crescimento foi puxado principalmente pelos serviços de assinatura paga, enquanto os formatos gratuitos com suporte de anúncios tiveram um crescimento mais modesto de 1,2%.
Apesar da tendência digital, o mercado de vinil segue surpreendendo e registrou crescimento de 4,6% em 2024, marcando o 18º ano consecutivo de alta. Já o segmento físico como um todo sofreu queda de 3,1% no último ano, após um desempenho excepcional em 2023, quando cresceu 14,5%.
Desempenho regional: América Latina e Brasil em destaque
A América Latina teve um dos crescimentos mais expressivos do ano, com alta de 22,5% na receita da música gravada. O Brasil liderou a expansão regional, crescendo 21,7% e se tornando o mercado de maior ascensão entre os dez principais do mundo. O México também teve um avanço notável de 15,6%, o que o levou a entrar no ranking dos dez maiores mercados musicais globais.
Outras regiões também apresentaram crescimento relevante:
Oriente Médio e Norte da África: maior crescimento global, com 22,8% de alta e domínio absoluto do streaming (99,5% da receita da região);
África Subsaariana: crescimento de 22,6%, superando pela primeira vez a marca dos US$ 100 milhões em receita;
Europa: aumento de 8,3%, consolidando-se como a segunda maior região em faturamento global;
América do Norte: crescimento mais modesto de 2,1%, mas mantendo a maior fatia do mercado mundial (40,3% da receita global).
Perspectivas para o futuro
Com o avanço do streaming, a crescente adoção de novas tecnologias e a expansão do mercado em regiões emergentes, o relatório conclui que a indústria da música gravada segue promissora para os próximos anos. O desafio agora está na regulamentação do uso da Inteligência Artificial e na busca por novas fontes de receita que garantam um ecossistema sustentável para artistas e profissionais do setor.
Você pode acessar o Global Music Report 2025 aqui.