Holy Ghost puxa belo line-up do Smirnoff Exchange neste sábado

Claudia Assef
Por Claudia Assef

Bem antes de você conseguir colocar pijama, o Holy Ghost vai tocar em SP

De longe o melhor line-up de festival de música eletrônica de 2010 (é bom logo dizer, vários amigos meus trabalham nele, mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa), o Smirnoff Exchange rola amanhã em São Paulo com algumas atrações imperdíveis, entre elas destaco a dupla americana Holy Ghost (que toca às 2h40), o sul-africano Culoe de Song (1h30) e o alemão Superpitcher (4h30).

Ainda tem alguns australianos no cardápio: Van She, Muscles e Bag Raiders (o país foi escolhido pra fazer intercâmbio musical com o Brasil neste projeto), além dos brasileiros Galaxie IV, Renato Ratier e Coy Freitas e da boa dupla americana The Golden Filter.

Quem eu quero muito, mas muito ver, é o Holy Ghost. Tenho uma enorme curiosidade de ouvir esses americanos que estouraram graças ao selo DFA, mas que começaram a fazer música na escola, usando baterias eletrônicas Akai pra compor hip hop.

Formado por dois verdadeiros freaks de equipamentos vintage, Alex Frankel e Nick Millhiser decolaram depois de sepultar seu primeiro projeto musical, o Automato. A fama, vamos dizer assim, veio em 2008, depois que lançaram remixes de faixas de Moby, MGMT e Cut Copy

Abaixo a entrevista que eu fiz com Nick por email.

TDJS – Vocês são meio loucos por equipamentos vintage. Como fazem pra viajar com tanta bagagem?
NICK Millhiser – Boa parte do planejamento das nossas turnês tem a ver com a tentativa de diminuir a quantidade de tralha que a gente leva. Mas é uma tarefa muito difícil. Como você disse, a gente adora equipamento antigo e boa parte desses equipamentos que a gente usa pra fazer os discos é grande demais ou delicado demais pra levar em viagens. Então tentamos buscar um equilíbrio e selecionar apenas alguns equipamentos bem velhos e alguns mais novos, que podem substituir os sons dos antigos bem. Graças a uma empresa chamada Dave Smith Instrumentos a gente consegue viajar relativamente com pouca coisa. Quando tocamos o live PA, temos bastante coisa no palco, mas isso comparado ao que usamos no estúdio não é nada. Isso fez com que a gente passasse a amar fazer DJ sets, como o que faremos em São Paulo. Quando tocamos como DJs não temos que nos preocupar com coisas quebrando ou sendo extraviadas nos voos.

TDJS – Os computadores são culpados por tanta música que soa igual nos dias de hoje?
NICK – Eu acho que em parte, sim. O computador faz as coisas ficarem muito fáceis, mas ao mesmo tempo também traz possibilidades ilimitadas pra se compor. Ou seja, nas mãos certas, computadores podem ser ferramentas maravilhosas. Temos vários amigos que fazem músicas incríveis usando apenas o computador.

TDJS – Holy Ghost faz enorme sucesso nas pistas de dança, onde as pessoas provavelmente não têm ideia do quanto vocês suam a camisa pra compor. Dá pra dizer que vocês suam a camisa pras pessoas dançarem?
NICK – É isso aí! A gente trabalha muito em cada faixa, especialmente porque muito do que se ouve nas nossas músicas e remixes é na verdade tocado com instrumentos. Por exemplo, quando fazemos um remix geralmente vamos pro estúdio e gravamos bateria do zero, o que significa um dia inteiro de trabalho e depois de gravada lá se vão mais uns dois dias mixando. Não estou dizendo que é o melhor jeito de fazer, mas é o jeito que a gente aprendeu quando era moleque. Às vezes queria saber fazer as coisas mais rápido.

TDJS – Vocês vêm de um background de hip hop. Essa raíz ainda está no som do Holy Ghost?
NICK – Eu acho que sim. A gente ainda usa discos de hip hop como referência no estúdio e o cuidado com que gravamos nossas batidas, isso é coisa que vem do nosso passado com o hip hop. Mas na verdade tentamos fazer com que cada instrumento ou elemento na nossa música soe como se viesse de um lugar totalmente diferente. Isso vem do nosso amor pela cultura de sample.

TDJS – Esta é a primeira vez em São Paulo, certo? O que vocês acham que verão por aqui?
NICK – É a primeira, sim, estamos super animados! Nunca estivemos no Brasil e infelizmente vamos ficar um dia e pouco, porque temos um show em Paris. Então vamos passar pela cidade, uma pena. Mas as coisas têm sido assim com a gente…

SMIRNOFF EXCHANGE
27/11, a partir das 22h
Avenida Mofarrej, 1267 – Vila Leopoldina – São Paulo – SP
Preços: R$ 140 e R$ 70 (meia)

Line-up:

Brasil – Austrália Stage
22h00 – Coy Freitas (Brasil)
00h00 – Galaxy IV (Brasil)
00h35 – Muscles (Austrália)
01h40 – Golden Filter (USA)
02h40 – Tim Poulton (Austrália)
03h00 – Bag Raiders (Austrália)
04h20 – Van She (Austrália)
05h20 – Renato Ratier (Brasil)

PISTA 2
00h00 – Kuba Stepp (Brasil)
01h35 – Culoe De Song (África)
02h40 – Holy Ghost!
04h30 – Superpitcher

Ainda não se convenceu?! Então se delicie com I Will Come Back:

Claudia Assef

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Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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