Há onze anos o Caxabaxa fez clubbers e indies dançarem na mesma pista ao som de causos da náite

Bia Pattoli
Por Bia Pattoli

Entre 2005 e 2006, o Adriano Cintra já estava maluco da agenda com o Cansei de Ser Sexy e o Carlos Dias estava entre o Polara e suas outras mil bandas. Mas juntos eles formaram o caxabaxa (assim, em caixa baixa mesmo), uma banda que tirava um sarro com as figuras, os clichês da cena underground e do estilo de vida da época. Em homenagem aos 11 anos de carreira, batemos um papo (por e-mail, mas não menos divertido!) com os integrantes da banda. Veja abaixo o que rolou.

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Music Non Stop – Na época da formação do caxabaxa o que vocês faziam?

Bruno Galan
 – Quando ouvi o caxa pela primeira vez foi numa lan house do Pará, eu tinha ‘fugido’ de SP. Tentei sair daqui, viver em outro pico, como diz Fagner:”quem sai da terra natal / em outros cantos não para”. Larguei 5 anos de MTV, peguei o FGTS e fui torrar na costa do país continente. Eis que entro no fotolog do Bispo (/catuaba) e lá estava uma balbúrdia com um pessoal pra lá de fanfarrão, e a música chamava “Torre di Quinta”. Ouvi isso, amo / sou até hoje. Disse: “vou ser dessa banda”. No dia seguinte tomei o chá e as árvores me disseram para eu voltar pra SP, precisavam de mim lá. Na semana seguinte conheci minha esposa e pouco depois fizemos Aiô-Dai-Se, o Punk Da Zapim juntos.

Bruno Palma – Quando o caxa surgiu, lá no começo dos anos 2000, eu conhecia o Adriano muito mais ou menos. O resto do pessoal eu não conhecia. Mas eu ouvia as músicas e achava muito legal a onda deles de fazer músicas sobre os amigos, sobre os lugares onde iam, com piadas internas e tal.

Camila Siqueira – Na Formação original em 2006 eu não participei ativamente das primeiras músicas e do único show que aconteceu no Milo Garage, mas estava presente. Eu fazia parte de outra banda onde tocava baixo, que se chamava The Hugh Grants Neurotic in Law, que o Adriano Cintra também chegou a tocar guitarra e nessa época eu era estilista da marca Doc Dog. Mas já era amiga do Adriano do Carlos e do Bruno Galan.

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Music Non Stop – Carlos, você estava no Polara e no Againe. Como foi entrar pra mais uma banda?

Carlos Dias – Conhecia o Adriano já, por causa da Ana do Pet Duo, na real acho que conheci ele na porta do Hells. Na época ele tava com o Cansei e eu tinha ideia de fazer algo com bateria eletrônica, que fosse mais falando do que acontecia, das pessoas, casos, piadas perdidas na velocidade da esquina e gritando na pista, no rolê e não tão internamente como era nas outras bandas. A coisa, na verdade, foi tomando forma aos poucos, Torre de Quinta levei a base e uma letra… o resto a gente sempre fez na hora. Não atrapalhou muito as outras bandas porque, td vez que uma banda começa a trava muito eu monto outra, acho que nisso o Adriano é meio igual.

Music Non Stop – Adriano, o CSS estava começando a bombar. De onde surgiu a ideia de fazer mais uma banda que também não tinha uma pegada “música pra ser levada a sério”?

Adriano Cintra – Cara, assim, o que é “levar a sério”? Sei lá, a gente tomava um monte de Jägermeister e fazia música, era nossa terapia. A diferença de hoje é que a gente não toma mais Jägermeister quando encontra, a gente fuma um beck, toma uma vodka, às vezes não toma nada. A gente continua se encontrando pra fazer música eventualmente porque a gente se curte, se gosta, tem uma afinidade ainda depois de todos esses anos. Não estamos preocupados em sermos levados a sério.

Banda reunida

Banda reunida

Music Non Stop – Como vocês entraram na banda?

Camila – Quando eles resolveram voltar com com o caxabaxa, acho que em 2014, eles me chamaram e fomos fazer a primeira música no estúdio do Adriano, que foi a VIZUALIZADA e depois fizemos mais a Renato (tá, Desculpa), Dinovo (Amigo Só de Chapéu) e (Agito Desanimado) Pesadelo Gostoso, onde eu participo dos vocais.

Bruno Palma – No ano passado o Adriano me avisou que o caxabaxa ia fazer uns shows e me chamou pra tocar guitarra – os primeiros desde o primeiro e único show, que acho que rolou no Milo em 2005. Foi assim que rolou.

Bruno Galan – Implorei pra entrar na banda, como todo mundo faz. Mas não precisou muito, já que eram meus colegas de Torre.

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Music Non Stop –  As letras do caxabaxa refletiam muito o que rolava na época, na cena, no cotidiano. Tem alguma que vocês acham que não “caiba” mais hoje em dia? Ou que faça muito mais sentido hoje do que fazia na época?

Camila – Acredito que elas ainda fazem sentido, mesmo que seja um sentido nostálgico, e quem se identifica ou passou pelas mesmas coisas ou está passando por coisas parecidas hoje em dia. E as novas seguimos falando sobre coisas do cotidiano de maneira sarcástica e espero que façam sentido daqui algum tempo, ou não … acredito que não ligamos muitos pra essas coisas.

Bruno Galan – Tem letras novas bem quentes. Vizualizada é a cara de hoje.

Carlos – Acho que Lembra quando a gente era tudo amigo tem efeito acumulativo, sempre se renova e sempre cabe. As músicas são como “estorinhas”, tirinhas, crônicas… marcam uma época sim. Hoje ninguém deve saber que a barra de cereal é da Luciana Gimenez. Na época eu trabalhava na Rede TV e sempre que ia fumar estavam os atores dos quadros do João Kléber e também as pessoas do marketing da tv (Tecpix, etc), pra mim é clara essa imagem, mas acho que pra cada um tem um significado tb. Na época saiu um glossário  explicando as gírias, algumas usadas e outras que inventávamos na hora tipo “grovo” (que era groselha com vodka), etc.

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Music Non Stop – Nessa década banda o que rolou que foi mais engraçado ou curioso?

Camila – Ahhhh… tudo é engraçado, quando a gente se junta pra fazer músicas, ensaiar ou fazer um show. Não temos pretensão nenhuma, então acredito que tudo é uma grande diversão e uma maneira de nos expressarmos sem ligar para que os outros vão falar.

Bruno Galan – Torre de Quinta ao vivo é uma sensação inenarrável.

Bruno Palma – Eu não tenho ideia de como era lá atrás. Eu me divirto bastante hoje em dia. Sabe quando você percebe que um acidente enorme está prestes a acontecer, mas não consegue desviar os olhos? Os shows do caxabaxa são assim pra mim. É um caos hipnotizante.

 

 

Music Non Stop – E o que vocês acham que mudou ou permaneceu na essência da banda?

Carlos – Acho que a essência da banda mesmo continua. No último show um dos microfones foi usado pra aumentar o volume que saía da caixinha de discotecagem, etc. Mudou que a Camilao e o Bruno entrararm e o DJ Mendigo fixou com o passar do tempo. Acho que a despretensao de fazer um som, de falar uma merda qualquer não mudou. Quando vou gravar, muita coisa que não deixaria entrar, quando a gente vê o Adriano já pôs no som. A Camila faltou? Fazemos música pra ela e colocam as mensagens de WhatsApp mesmo dela. Essa liberdade que tem no caxabaxa ,acho que continua um pouco igual. O que mudam são nossas noias pessoais que são acumulativas também! Hahaha

Adriano – A gente tá ruim igual porém mais velhos.

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Music Non Stop – Como era o processo da produção das músicas, vocês ainda se reúnem, gravam algo? Em uma entrevista ao Bezzi, há muitos anos, o Adriano contou que 80% das letras vinham do Carlos Dias. Ainda é assim?

Adriano – Geralmente alguém dá um tema e o negócio flui. No começo, 80% vinha do Carlos mesmo, Torre, Benflogin… depois veio o Brunão, que trouxe um elemento “buate filosofal” pra letra. Sempre teve muita gente que participou, não tem nem como dar crédito. Agora a Camila entrou pra banda e trouxe mais semiótica. Outro dia ela escreveu “Eu ardo, Di Caprio” e a gente não entendeu muito bem, mas achamos foda.

Carlos – A gente tem um grupo no Whats App, às vezes conseguimos conversar todos.

Bruno Galan – Na real eu fiz o Pânque e foi só. Mas nos “xou” sei todas.

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Music Non Stop – No ano passado vocês soltaram mais duas faixas inéditas. A Agito Desanimado tira um sarro com a galera gótica-suave. Se vocês fossem dar uma zoada com uma galera de 2016, quem seria?

Bruno Galan – Eu tiraria sarro de empresário da noite, sempre. Talvez dos “espirutualizados comerciais”, esses que pedem “Sakêrinha de Ayahuasca”.

Carlos Dias – Tem uma música nova que não saiu, chamada Anúncio de Emprego, que era sobre um e-mail chamando pra ser copeiro cheio de termos avançados, que agora não lembro.

Music Non Stop – A banda, apesar de ter nascido com um pé no indie, acabou agregando fãs clubbers. Você acha que isso rolou por causa do som, das letras, ou foi um zeitgeist?

Adriano – É que eu, o Carlos e o Bruno fomos clubbers. Do hells ao suzi, passando pela Torre. A Camila é mais nova e eu conheci na Torre.

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Music Non Stop – O André Juliani foi baterista, o Hugo Frasa também passou pelo projeto, quem mais deu as caras na banda?

Carlos – O André Juliani na verdade não chegou a tocar, mas sempre combinamos – afinal o que conta é combinar né? A gente tá combinando até hoje, mas aí dá algo errado e acabamos tocando com bateria eletrônica. Há rumores que o caxabaxa tocará como banda esse ano ainda, acho que mês que vem haverá um show no Estúdio Lâmina.
Music Non Stop – Vocês têm planos de lançar mais coisas?

Carlos – Temos planos sim, se depender de mim lanço em CDR mesmo!

Adriano – Tamo sempre fazendo música e soltando. Temos um cassete com quase tudo, precisamos lembrar de levar no show pra vender.

Ouça o caxabaxa.

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