Há mais de 50 anos, rádio pirata inglesa quebrou as pernas da BBC tocando rock em alto mar

Jade Gola
Por Jade Gola

No começo dos anos 1960 a música pop surgia como um fenômeno de audiência e de business, e enxurradas de novos artistas, bandas e músicos se esforçavam para serem ouvidos e conquistarem legiões de jovens sedentos pelo novo rock’n’roll. Se hoje há milhões de canais de streaming e de audição gratuitos a um clique, antigamente era uma tarefa hercúlea superar as burocracias e demandas de gravadoras e rádios para que seu material fosse ouvido, lançado e comentado.

Em 1964 foi ao ar a pioneira Radio Caroline, que emitia as músicas de novas bandas como The Who e Rolling Stones direto do navio Mi Amigo, ancorado em Copenhague, Dinamarca, para o abastado mercado britânico. Munido de uma antena de 50 metros de altura e transmissores AM que pesavam toneladas, a Radio Caroline foi batizada em homenagem à filha do então presidente americano Kennedy e surgiu da iniciativa de um executivo irlandês em tentar lançar o músico Georgie Fame.

Frente as negativas de selos e rádios, como a monopolista BBC inglesa, que não se interessou por seu artista, o empresário fundou sua própria emissora “offshore”, que rapidamente foi descoberta e caiu no gosto dos ouvintes – fala-se que a Caroline atingia cerca de 20 milhões de espectadores em potencial nos anos 1960. Muitos dos artistas catapultados pela Radio Caroline acabaram sendo assimilados pela BBC e outras estruturas da engrenagem pop.

  • A PRIMEIRA CANÇÃO TRANSMITIDA PELA CAROLINE FOI “NOT FADE AWAY”, COVER DE BUDDY HOLLY FEITA PELOS ENTÃO JOVENS ROLLING STONES; OUÇA A TRANSMISSÃO:

A importância e o simbolismo da Radio Caroline reside no fato de que, no apelo da música pop, empreendedores, músicos e artistas sempre encontraram – e encontrarão – maneiras de burlar os mecanismos de controles burocráticos e financeiros das grandes corporações. A relevância desse barco FM pirata (e de outros) nunca foi ignorado, e foi muito bem mapeado num trecho do documentário “History of DJ”, que está online.

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É sabido no contexto dos gêneros dançantes (a música eletrônica incluso), como o afã de diletantes, DJs e pesquisadores leva a busca de novas descobertas musicais fora do escopo oficialesco da indústria fonográfica e da cultura pop, e nisso as rádios piratas têm um papel importantíssimo.

A Radio Caroline existe até hoje, como mais um entre milhões de serviços online de música em streaming:

(Via @0penculture)

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