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Conheça o álbum originado por 50 anos de gravações da natureza

Natureza

Martyn Stewart. Foto: Cortesia de Martyn Stewart [via Billboard]

Imperfect Cadence é resultado da parceria entre o inglês Martyn Stewart e o escocês ONR

Em um momento em que se está envolvido pela natureza, vale muito a pena desligar a Alexa para ouvir os sons do mato, como a orquestra do vento e o canto dos passarinhos. No lugar de uma fonte sonora eletrônica, uma tremenda sala de concerto universal, com áudios emitidos de diferentes distâncias e posições, obrigando-nos a aguçar o ouvido, permitem uma experiência psicodélica capaz de colocar qualquer concerto em Dolbi Atmos no chinelo. Foi o que percebeu, prematuramente, o inglês Martyn Stewart.

Martyn Stewart nos anos 70. Foto: Cortesia de Martyn Stewart [via Billboard]

Quando moleque, viajava com a família para acampar, e pediu de presente um gravador. Passou a registrar cantos de pássaros e demais sons da natureza, vindos da água ou do ar. Hoje, acumula mais de 30 mil horas de gravações, de diversos biomas do planeta, feitas durante 50 anos. Apesar de a morte ser a única certeza que temos, vivemos como imortais, passando o dia praticando a mentira mais comum entre os seres humanos: a que contamos para nós mesmos. A descoberta de um câncer, no entanto, trouxe Stewart de volta ao deserto da finitude, e ele se fez a pergunta: “o que vai se de tudo isso que acumulei em vida, quando eu partir?”.

A resposta está em Imperfect Cadence, um baita álbum gravado em parceria com o cantor e compositor escocês Robert Shields, também conhecido como ONR. A dupla escreveu canções que têm como pano de fundo e base sonora uma parte do extenso arquivo de Martyn. O disco foi lançado dia 05 de dezembro e, como filtro, decidiram usar somente as gravações feitas na Escócia, onde Stewart se enfiou inúmeras vezes a pé, nos anos 70, para registrar suas gravações.

O resultado é uma emocionante confluência entre homem e natureza. Belo e simbólico. Um álbum feito por quem está ciente de que da terra veio, e a ela voltará. “[A Escócia] era um santuário para onde eu podia ir e me perder, basicamente. Em qualquer lugar onde você deixasse o microfone, você conseguia uma gravação fantástica”, contou Stewart à revista Billboard.

Dois terços do que Martyn Stewart gravou durante toda sua vida, segundo o próprio, são de paisagens extintas — “lugares onde agora existe uma estrada”. Isso torna seu arquivo ainda mais importante. Que Imperfect Cadence seja apenas o primeiro passo do artista para disponibilizar a todos a experiência que teve durante 30 anos. Precisamos ouvi-lo.

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