Rock in Rio 2022 Rock in Rio 2022 -foto: divulgação

Gastos com ingressos de shows e festivais aumentam quase mil porcento, provando que 2022 foi mesmo o “ano dos festivais” no Brasil

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Resultados da retomada também se refletem em outros setores, como a hotelaria e o consumo dos bares

Depois de um período negro para a turma da cultura, momento em que a aglomeração foi proibida em shows e festivais (algo inédito em nossa história), o mercado de eventos retornou com tudo, provando, mais uma vez, a importância que este setor tem na economia das cidades.

O ano de 2022 foi, definitivamente, “o ano dos festivais”. Na gana para “tirar o atraso” produtores ocuparam todos os espaços das grandes cidades durante o ano e chegaram, como foi o caso do festival Rock The Montain, por exemplo, a encavalar dois grandes eventos no mesmo ano.

O público fez a sua parte, gastando o que tinha com ingressos, hotéis, bares e restaurantes, mesmo em um momento em que o preço das entradas de shows e festivais subiu às alturas, devido ao aumento dos custos com a produção e à alta do dólar.

Lollapalosa Brasil

Edição 2022 do Lollapalooza – foto: divulgação

Estudo divulgado pelo Banco Itaú, Análise do Comportamento de Consumo, comparou os dados do terceiro trimestre de 2022 com o do ano anterior,  e contabilizou uma alta de 939% no valor gasto com ingressos pelo público brasileiro. Além disso, o aumento dos gastos também se refletiu indiretamente com a ocupação de quartos de hotel, viagens para os locais onde o festival aconteceu e consumo com alimentação e bebidas.

Você leu, aqui no Music Non Stop, sobre os números gigantescos da última edição do Rock in Rio, com mais de 700 mil pessoas frequentando o evento, a maioria vindo de fora do Rio de Janeiro. O Lollapalooza, que ocupou o Autódromo de Interlagos, em São Paulo, recebeu 300 mil pessoas.

 

 

O país viu, também, várias novas “marcas” de festival chegando ao país, como a franquia espanhola Primavera Sound, por exemplo, e eventos fora do eixo das grandes cidades, levando estrutura, música e grandes artistas para locais com menos opções de entretenimento.

O setor cultural foi o que mais impactado durante a pandemia causada pela Covid. Foi o primeiro a parar e o último a retornar. Era esperado, portanto, que a partir do momento da liberação dos shows a coisa esquentasse. Ainda assim, os números impressionam.

A expectativa dos produtores de festivais é ver, no próximo ano, um assentamento da agenda, refletindo no consumo geral. “Nós criamos uma bolha, e é claro que ela vai estourar”, nos contou Caio Taborda, criador da Gop Tun, em entrevista. Ainda assim, Taborda já confirmou duas edições de seus festivais em sua agenda, uma para cada semestre.

A importância “do rolê” nas economias locais já foi comprovada por diversos estudos, inclusive aqueles que recebem incentivos governamentais. A tão criticada lei Rouanet, por exemplo, traz um retorno 59% maior do que o valor financiado, segundo estudo publicado pela Fundação Getúlio Vagas (FGV).

Quando todo mundo festeja, todo mundo ganha!

 

 

 

 

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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