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Banda que ‘fundou’ o pós-punk, Gang of Four anuncia turnê de despedida

Gang of Four

Foto: Jay Schwartz/Reprodução

Por enquanto, apenas datas nos Estados Unidos foram divulgadas pela banda inglesa

Vivemos, não há dúvidas, uma época de despedidas no universo do rock e do pop. Cyndi Lauper, Elton John, Sepultura, Cher, Ozzy Osbourne… De todos os cantos, têm chegado notícias do tipo “veja agora ou não veja nunca mais”.  Não é surpreendente. Afinal, a era áurea dos discos, entre os anos 70 e 80, responsável pela consolidação da carreira de grandes ídolos da música, coincide com a chegada da idade de gênios que agora estão mais a fim de descansar em casa a passar horas em uma sala de embarque de aeroporto. É o caso do Gang of Four.

A mais nova banda a anunciar sua turnê de despedida foi formada na cidade de Leeds, na Inglaterra, em 1976. Embora o grupo tenha oficialmente se separado poucos anos depois, em 1983, Andy Gill e Jon King viviam se encontrando para “reunion tours”. A derradeira rola em 2025, com datas anunciadas somente nos Estados Unidos até agora.

Funk-punk, disco-punk, dance-punk… são vários os rótulos usados para tentar definir o som do Gang of Four, mas todos eles passam pela verve dançante do grupo que, para muitos (e mandando ver mais um rótulo aqui), criou o disco que definiu o pós-punk: Entertainment!, lançado em 1978, celebrado pela crítica e pelos colegas artistas, que o usaram como martelo para meter o último prego no caixão do som chamado de “punk 77”, repleto de guitarras ardidas e atitude juvenil. Com eles (e seus conterrâneos do The Wire), o punk virou movimento de adulto.

Entertainment! está celebrando 45 anos de existência, e a efeméride é o gancho para dizer adeus aos palcos pelo mundo. Um disco que apresentou uma banda profunda e decididamente dançante. Seu ritmo é copiado à exaustão por grupos do mundo inteiro, vários bastante pop, como Franz Ferdinand. No disco de estreia, Jon King e Andy Gill dialogavam durante a música. Um perguntava cantando, e o outro respondia com riffs de guitarra. Uma banda de gênios.

Com o precoce final do Gang Of Four, King foi trabalhar com artistas como The B-52s e Ryuichi Sakamoto. Gill, por sua vez, produziu bandas como Red Hot Chili Peppers, The Jesus Lizard, The Stranglers e vários outros. Todas, não tenha dúvida, fãs de carteirinha do Gang Of Four. Dave Allen, outro fundador do grupo, saiu para montar sua gravadora, a World Domination Records (grande nome), enquanto Hugo Bumham, o baterista, fundou a Impact Theatre Co-operative, uma companhia de teatro experimental inglesa.

A curta vida do Gang of Four pode ser explicada pelo forte apelo ideológico do grupo. De letras ácidas e políticas (além de inteligentíssimas), o grupo de rotulava como “uma banda meio marxista”. Os cachês eram igualmente divididos entre todos da equipe, incluindo roadies e técnicos de som. Suas músicas denunciavam torturas da polícia, a monarquia e a futilidade do capitalismo. Coisa de gente grande, principalmente em uma época (1977) em que as outras bandas punk cantavam sobre palavrões ou cheirar cola.

O grupo também causou ao trazer para uma cena totalmente roqueira as batidas da disco-music (daí o termo disco-punk), um ritmo que dominava o mundo. Curiosamente, a banda aproveitou para lançar também álbuns de músicas inéditas. Até hoje, foram dez discos, cujos nove seguintes foram incapazes de replicar a catarse promovida por Entertainment!, mas estão longe de serem ruins.

As datas da turnê de despedida na América do Norte

Gang of Four, no entanto, é sobre Entertainment! — um disco que conquistou as mentes das pessoas e que definiu todo um movimento cultural. Não à toa, o álbum será tocado na íntegra na chamada The Long Goodbye Tour. Ainda não há informações sobre uma possível vinda ao Brasil, que aconteceu em 2018, em shows em São Paulo e Ribeirão Preto. Contatos com os brasileiros, portanto, já existem. Basta torcer!

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