Fernanda Paiva em foto de Gabriel Quintão

‘Desejamos futuro repleto de diversidade e representatividade’, diz Fernanda Paiva, da Natura

Fabiano Alcântara
Por Fabiano Alcântara

A Natura Musical está selecionando novos projetos para patrocínio em 2020. O edital, com inscrições abertas de 2 a 19 de julho, busca artistas, bandas e grupos que já atuam profissionalmente no mercado e desejam desenvolver, consolidar ou revigorar suas carreiras.

O processo de seleção também abre espaço para projeto de mapeamento, desenvolvimento e registros de cenas musicais. As inscrições podem ser feitas até o dia 19 de julho pelo site natura.sponsor.com.

As propostas inscritas no edital podem ter diversos formatos como álbum, EP, vinil, shows, turnês, clipes, além de pesquisas, séries de vídeos ou podcasts, documentários, mostras, residências artísticas, intercâmbios, oficinas e conferências. Os projetos serão avaliados por uma rede de curadores formada por artistas, produtores, jornalistas e empresários do mercado musical. Os critérios utilizados para a seleção podem ser consultados no regulamento do edital (clique aqui). O anúncio dos selecionados será feito até dezembro de 2019.

A plataforma oferecerá R$ 5,4 milhões em patrocínio, com a combinação de recursos próprios da marca e recursos incentivados. Serão contemplados projetos de todo o território brasileiro por meio da Lei de Incentivo à Cultura (nacional) e, regionalmente, na Bahia, com a Faz Cultura; em Minas Gerais, com Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais; no Pará, com Semear; e no Rio Grande do Sul, com a LIC.

Leia entrevista com Fernanda Paiva, gerente de Marketing Institucional da Natura, em que ela fala sobre engajamento pela música, geração atual e o papel da empresa na sociedade:

Pela sua experiência, por que a música é um elemento de engajamento poderoso?
Fernanda Paiva – A música é extremamente poderosa porque é uma linguagem universal capaz de conectar as pessoas. Todo mundo tem uma trilha sonora da vida, a música conecta as pessoas com elas mesmas, com as outras. A música ajuda a construir memória. E também é capaz de gerar o que chamamos de efervescência coletiva, uma energia emocional compartilhada que começa quando as pessoas se reúnem. Por isso, ela é extremamente agregadora e tem um poder de catarse incrível. Natura Musical entende que a música brasileira também é amplificadora de valores, discursos e de causas.

O momento político está fazendo com que a música brasileira volte a ter maior complexidade e importância social?
Fernanda – Acreditamos que a música sempre foi uma representação do espírito do tempo. E em um momento de questionamento e reconstrução de valores, de posicionamentos, ela se torna um veículo natural de amplificação de discursos. O objetivo do Natura Musical é contribuir para o legado cultural do país, apoiando a renovação e vigor da música brasileira. Para isso, além de fomentar a produção artística, também estamos atuando em outras dimensões, como o apoio a festivais de música independente em todo o Brasil e o fomento a formação de cenas e público.

Que diferenças vê entre a geração atual e a de grandes nomes do passado?
Fernanda – Natura Musical apoia historicamente novos artistas que querem desenvolver e consolidar suas carreiras, como Liniker e os Caramelows e francisco, el Hombre e Tassia Reis, por exemplo. Mas também nomes consagrados, como Elza Soares, Dona Onete e Jards Macalé. Em comum, todos tem essa conexão com os temas atuais, um olhar para o novo. Mesmo que eles tenham vivido modelos diferentes de mercado, vemos uma energia de reinvenção nos dois grupos, na busca por novos modelos de produção, distribuição e principalmente de comunicação com seus públicos.

Buscam com o edital reparar injustiças históricas como machismo e racismo?
Fernanda – Buscamos por projetos que representem a diversidade e o vigor da produção atual da música brasileira. E Natura Musical vem para somar forças, para apoiar o trabalho de artistas, bandas e cenas que são porta-vozes do nosso tempo. Os projetos patrocinados têm nas mãos o potencial para fortalecer o legado da música brasileira e, ao mesmo tempo, injetar energia ao mercado, ampliar seu impacto e renová-lo. Cada um dos selecionados tem a potência de emocionar o público e propor transformações, reflexões e questionamentos. É esse futuro que desejamos para a música, repleto de diversidade e representatividade.

Sentem responsabilidade de assumir um espaço que em muitos países é do Estado, de preocupação social e bem comum?
Fernanda – Nós acreditamos que o valor de uma empresa está ligado a sua capacidade de contribuir com a sociedade e seu desenvolvimento sustentável. Para nós, isso significa um compromisso em criar um modelo de negócio sustentável e gerar impacto positivo nos campos social, ambiental, cultural e econômico. No campo da cultura, Natura Musical já tem uma longa trajetória de atuação, com R$ 143 milhões investidos, em parte usando leis de incentivo fiscal disponíveis em nível federal e estadual. Nesse sentido, vemos que o papel da marca é complementar ao papel do Estado.

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