Furiosa Foto: Reprodução/IMDB

O que esperar de “Furiosa”, novo capítulo da franquia “Mad Max”

Yasmine Evaristo
Por Yasmine Evaristo

Após nove anos longe dos desertos estéreis de uma Austrália pós-apocalíptica, George Miller retorna ao ambiente de seu maior sucesso para contar a história de sua heroína

Novo capítulo da saga Mad MaxFuriosa: Uma Saga Mad Max chega aos cinemas nesta quinta-feira (23) com Anya Taylor-JoyChris Hemsworth à frente do sucesso distópico de ação. Desta vez, o diretor George Miller não faz um longo salto no tempo em direção ao futuro. A nova produção é desenvolvida alguns anos antes de Mad Max: Estrada da Fúria (2015). Assim sendo, conhecemos a história de como a jovem Furiosa (Anya) se tornou um das imperatrizes do feudo de Imortan Joe (Lachy Hulme).

A produção dá sequência ao legado de ação pós-apocalíptica que começou em 1979 com Mad Max. Embora não cause o mesmo impacto de seu antecessor, Estrada da Fúria, o novo filme se aprofunda na história e mitologia desse mundo desolado. Hemsworth chama atenção interpretando o vilão Dementus, um fanfarrão teatral tão afetado pelas mazelas daquela realidade quanto qualquer outro ali. Entretanto é Taylor-Joy que chama a atenção na tela. Seus grandes olhos são explorados pelas lentes de Miller, resultando em bons enquadramentos sustentados por olhares penetrantes.

Narrativa épica de vingança

Furiosa

Foto: Reprodução/IMDB

Inicialmente, Furiosa seria filmado simultaneamente com Estrada da Fúria, mas Miller optou por adiar o projeto para evitar o uso de tecnologia de rejuvenescimento com Charlize Theron. Essa decisão permitiu uma abordagem mais profunda nesta produção sobre o amadurecimento da personagem. Assim sendo, em Furiosa: Uma Saga Mad Max, sua infância e juventude são exploradas.

A atriz mirim Alyla Browne interpreta a versão criança de Furiosa, e se destaca por expressar a diversidade de sentimentos relacionados às emoções que a personagem enfrenta. De maneira semelhante, sua mãe, Mary Jo Bassa (Charlee Fraser), contribui significativamente para o aprofundamento emocional do filme. Conhecer um pouco mais da vida das Vavulanis aumenta o lado empático da protagonista. Ademais, a dinâmica entre Furiosa e o Pretoriano Jack, interpretado por Tom Burke, enriquece a trama com um toque de romance. Entretanto, tal personagem entra e sai de sem acrescentar muito à trama.

Miller equilibra cenas de ação com um desenvolvimento narrativo mais cuidadoso, tirando o pé do acelerador. A estética vibrante e fantasiosa de Furiosa, embora diferente do tom soturno de Estrada da Fúria, não se esquiva do esperado balé de carros e motos.

Furiosa explora o poder político e a brutalidade em um mundo que luta para se reconstruir

Furiosa

Foto: Reprodução/IMDB

A trama, orientada pela busca de vingança de Furiosa, se desenvolve como uma narrativa já conhecida, tal quais os clássicos épicos de Hollywood. Furiosa: Uma Saga Mad Max resgata a essência do cinema western. A transposição da narrativa clássica de vingança e sobrevivência para um cenário pós-apocalíptico desolado evoca os heróis solitários dos faroestes. Tal qual Clint Eastwood ou John Wayne, a protagonista enfrenta adversidades em uma terra árida e sem lei. O cenário de vastas paisagens desertas reflete a ausência de moralidade e os confrontos por posses e espaços.

Dessa forma, todo ambientação ecoa os duelos dos westerns tradicionais. Miller, tal como os grandes diretores do gênero, cria um universo onde cada batalha e interação ressoam com uma intensidade quase mítica, fazendo de Furiosa uma reinterpretação moderna do faroeste.

Furiosa: Uma Saga Mad Max não vai capturar imediatamente os corações dos fãs de Estrada da Fúria. Porém, pode oferecer ao expectador umaexperiência fiel ao legado da saga, ao mesmo tempo que traz novas dimensões.

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Yasmine Evaristo

Artista visual, desenhista, graduanda em Letras - Tecnologias da Edição. Membro Abraccine, votante do Globo de Ouro (Golden Globe Awards). Pesquisadora de cinema, principalmente do gênero fantástico, bem como representação e representatividade de pessoas negras no cinema. Devota da santíssima trindade Tarkovski-Kubrick-Lynch.

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