Festival ZUM volta ao presencial e promove debates e oficinas, reunindo nomes como o fotógrafo camaronês-nigeriano Samuel Fosso, pela 1ª vez no Brasil
Organizada pela revista de fotografia do Instituto Moreira Salles, a 7ª edição do Festival ZUM acontece no sábado e domingo (3 e 4 de dezembro) no IMS Paulista (Av. Paulista, 2424). Após dois anos em formato online, a programação volta a ser totalmente presencial. O evento é gratuito, com interpretação em Libras e tradução simultânea.
Artistas, curadores e pesquisadores do Brasil e do exterior estarão presentes em performances, oficinas e debates sobre temas contemporâneos, como a capacidade da arte transformar a história e a sociedade; os papéis de gêneros, o poder do autorretrato; os 200 anos da independência nacional e a potência das imagens na reafirmação da presença indígena no Brasil, entre outros.
O evento começa no sábado (3/12), às 10h, com a já tradicional apresentação das publicações selecionadas na Convocatória de Fotolivros ZUM/IMS. Realizada entre agosto e novembro, a seleção traz um panorama dos fotolivros lançados no último ano. Em seguida, três obras serão premiadas por um júri composto por Ana Paula Vitorio, Giselle Beiguelman e representantes do IMS.
No primeiro debate, às 15h, intitulado O futuro ancestral, as artistas Célia Tupinambá e Moara Tupinambá conversam com a historiadora da arte Fernanda Pitta. A partir de trabalhos que evocam a presença indígena no Brasil, as três refletem sobre memória e reparação e debatem os usos das imagens na construção da história e do futuro do país.
Em seguida, às 17h, a mesa Transfigurações de mim traz três artistas, Castiel Vitorino Brasileiro, Gretta Sarfaty e Davi de Jesus do Nascimento, com mediação da curadora Ana Maria Maia. O bate-papo abordará como o corpo pode ser um suporte artístico para abordar temas como os papéis de gêneros, as relações familiares e a religião, a partir da autorrepresentação ou de um viés biográfico.
Às 19h, será a vez do fotógrafo Samuel Fosso, um dos grandes destaques do evento, protagonizar a mesa Autorretrato e resistência com a curadora Renata Bittencourt, coordenadora da área de Educação do IMS. Pela primeira vez no Brasil, o famoso artista camaronês-nigeriano apresenta sua trajetória, marcada pelos autorretratos que o ajudaram a superar traumas pessoais e históricos. A mesa, que contará com tradução simultânea, tem apoio do Consulado da França.
No domingo (4/12), serão realizadas três oficinas simultâneas, das 10h às 13h, com inscrição prévia. Corpas livres, ministrada pela fotógrafa e editora Fernanda Liberti, trabalha a noção de autorretratos e nudez, inspirada nas vivências e práticas da artista, criando espaços seguros de libertação onde todos os corpos são respeitados e celebrados. Os participantes realizarão seus autorretratos e terão a oportunidade de editar e discutir as imagens com a artista. (vagas esgotadas)
Já na oficina Poses de Vênus, a artista Val Souza aborda a representação da beleza, a partir da seleção de gestos presentes em imagens de mulheres de diferentes origens e épocas, além do estudo das poses realizadas em estúdio pelos fotógrafos do século 19. A oficina propõe uma performance gestual com base nas poses encontradas nessas imagens, que será materializada em fotos instantâneas contemporâneas de cada participante. (vagas esgotadas)
Clube do fotolivro, com a pesquisadora e editora Andressa Ce, propõe um espaço de troca onde o público poderá apresentar bonecos e protótipos de seus fotolivros. O objetivo é promover discussões coletivas em torno dos projetos apresentados.
Às 15h, começa o primeiro debate do dia, com a artista Aline Motta e o curador e artista Tiago Sant’Ana, mediado pela historiadora da arte Luciara Ribeiro. Ao rever a história da escravidão e da presença negra no país, a conversa amplifica o diálogo em torno dos 200 anos da independência do Brasil.
A última mesa da programação, Fé na arte, acontece às 17h. No bate-papo, o artista Maxwell Alexandre e a cantora e escritora Ventura Profana mostram como a vocação pela arte, comunitária ou religiosa, é capaz de transformar o cânone, a história e a sociedade. A mediação será de Alexandre Araujo Bispo.
Nos dois dias de evento, será realizada a feira de fotolivros, com a participação de editoras, artistas e coletivos do Brasil e do exterior. A feira acontece no térreo e no 5º andar do centro cultural.
PROGRAMAÇÃO FESTIVAL ZUM 2022
SÁBADO, 3/12
Feira de fotolivros (térreo e praça) – 12h-19h
10h: Conversa da Convocatória de Fotolivros ZUM/IMS 2022 (Biblioteca IMS)
Entrada gratuita, por ordem de chegada. Lugares limitados.
12h: Anúncio dos premiados da Convocatória de Fotolivros ZUM/IMS 2022 (Biblioteca IMS)
Entrada gratuita, por ordem de chegada. Lugares limitados.
DEBATES (cineteatro)
15h | O futuro ancestral
Célia Tupinambá e Moara Tupinambá conversam com Fernanda Pitta
Entrada gratuita, sujeita à lotação. Distribuição de senhas 30 minutos antes do evento.
Limite de 1 senha por pessoa
17h | Transfigurações de mim
Castiel Vitorino Brasileiro, Gretta Sarfaty e Davi de Jesus do Nascimento conversam com Ana Maria Maia
Entrada gratuita, sujeita à lotação. Distribuição de senhas 30 minutos antes do evento.
Limite de 1 senha por pessoa
19h | Autorretrato e resistência
Samuel Fosso conversa com Renata Bittencourt
Entrada gratuita, sujeita à lotação. Distribuição de senhas 30 minutos antes do evento.
Limite de 1 senha por pessoa | Mesa com tradução simultânea
DOMINGO, 4/12
Feira de fotolivros (térreo e praça) – 11h às 17h
OFICINA – 10h-13h: Corpas livres, com Fernanda Liberti (sala de aula)
Vagas esgotadas
OFICINA – 10h-13h: Poses de Vênus, com Val Souza (ateliê 1)
Vagas esgotadas
OFICINA – 10h-13h: Clube do fotolivro, com Andressa Ce (biblioteca)
Caso queira submeter seu projeto envie para o email informado no site até as 12h do dia 30/11
No corpo do e-mail deverão constar informações como nome do autor(es), título e protótipo do livro/boneco em formatos de pdf, vídeo ou release com fotos. Os projetos selecionados serão apresentados durante a conversa.
Para assistir a oficina, a entrada será livre, por ordem de chegada
DEBATES (cineteatro)
15h | Estranhando a história do Brasil
Aline Motta e Tiago Sant’Ana conversam com Luciara Ribeiro
Entrada gratuita, sujeita à lotação. Distribuição de senhas 30 minutos antes do evento.
Limite de 1 senha por pessoa
17h | Fé na arte
Maxwell Alexandre e Ventura Profana conversam com Alexandre Araujo Bispo
Entrada gratuita, sujeita à lotação. Distribuição de senhas 30 minutos antes do evento.
Limite de 1 senha por pessoa
SERVIÇO
FESTIVAL ZUM 2022
3 e 4 de dezembro
Conversas, oficinas, fotolivros
Evento presencial
Entrada gratuita
IMS Paulista
Avenida Paulista, 2424
São Paulo
Tel.: 11 2842-9120
PARTICIPANTES
Aline Motta (Niterói, 1974) é bacharel em comunicação social pela UFRJ e pós-graduada em cinema pela The New School University (NY). Seus trabalhos combinam diferentes técnicas, como fotografia, vídeo e instalação. Vive e trabalha em São Paulo.
Alexandre Araujo Bispo é antropólogo, crítico de arte, curador e educador independente. Pesquisador do Coletivo Artes, Saberes, Antropologia (ASA) e Membro do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros da UFSB. Autor dos livros Artes, saberes, antropologia (2021), Arte contemporânea 2000-2020 (2021) e Mulheres fotógrafas, mulheres fotografadas: Fotografia e gênero na América Latina (2021), entre outros, e curador de diversas exposições, como Margens de 22: Presenças Populares (SESC Bertioga, 2022) e 70 anos à Beira Mar (Sesc, 2018/19).
Ana Maria Maia (Recife, 1984) é pesquisadora, curadora e professora de arte contemporânea. Tem doutorado em artes pela Universidade de São Paulo (USP). Com a Bolsa Funarte de Estímulo à Crítica, publicou ‘Arte-veículo: intervenções na mídia de massa brasileira’ (2015). Desde 2019, atua como curadora-chefe da Pinacoteca de São Paulo.
Castiel Vitorino Brasileiro (Vitória, ES, 1996) é artista, escritora e psicóloga formada pela Universidade Federal do Espírito Santo, mestranda no Programa de Psicologia Clínica da PUC-SP. Estuda e constrói espiritualidade e ancestralidade interespecífica. Premiada com a Bolsa de Fotografia ZUM/IMS 2021.
Célia Tupinambá (Terra Indígena Tupinambá de Olivença, Bahia, 1982) é artista e professora, realizou o documentário Voz Das mulheres indígenas (2015). Desde então, continua trabalhando na área audiovisual, realizando vídeos junto com o grupo jovem da comunidade. Realizou a exposição Kwá Yepé Turusú Yuriri Assojaba Tupinambá / Esta é a grande volta do Manto Tupinambá, em Brasília (2021).
Davi de Jesus do Nascimento (MG, 1997) é artista plástico, performer e poeta. Em suas palavras: “Sou curimatá às bordas do rio são francisco. Toda vez que eu morro me ressuscitam no quintal de rapadura ralada, donde todo mês de março cresço trinta centímetros abaixo da terra e outros vinte acima do suor da testa. Fui criado dentro do emboloso da cumbuca de carranqueiros, pescadores e lavadeiras. Trabalho coletando fulgores da ancestralidade barranqueira e percebendo “quase-rios’’, no árido”.
Fernanda Liberti (Rio de Janeiro, RJ) é fotógrafa, videomaker e editora. Trabalha em Londres, São Paulo e Rio de Janeiro. Participou da exposição Kwá Yepé Turusú Yuriri Assojaba Tupinambá / Esta é a gGrande vVolta do Manto Tupinambá, organizada em 2021 pela Funarte em Brasília e Porto Seguro (BA). Contribuiu com diversas publicações nacionais e internacionais, como a Vogue, i-D Magazine e M-Journal.
Fernanda Pitta (Curitiba, PR) é curadora, pesquisadora e professora. Pesquisadora especialista em arte brasileira do século XIX, é docente em diversas instituições de ensino da cidade de São Paulo e atua como curadora da Pinacoteca do Estado de São Paulo em projetos que contemplam desde sua pesquisa de formação até tópicos contemporâneos.
Gretta Sarfaty (Atenas, Grécia, 1947) é pintora, desenhista, fotógrafa e artista multimídia. Naturalizou-se brasileira em 1967. Em 1970, participou do Grupo de Vanguarda no Rio com Cildo Meireles, Artur Barrio e Rubens Gerchman. Teve trabalhos exibidos no Masp, no IMS, no Museu de Arte Moderna e no Centro Georges Pompidou, ambos em Paris.
Maxwell Alexandre (Rio de Janeiro, 1990) é pintor, performer e artista multimídia. Formou-se em design pela PUC RJ. Vive e trabalha na Rocinha. Participou de coletivas como Histórias afro atlânticas, no Masp. Em 2019 realizou sua primeira individual em cenário internacional com o trabalho Pardo é papel.
Moara Tupinambá (Mairi, Belém, PA, 1983) é curadora, ativista das causas indígenas e artista visual. Vice-presidente da Associação multiétnica Wyka Kwara e idealizadora do coletivo MAR/Pará. Recentemente lançou o seu livro O sonho da Buya-wasú (Miolo Mole, 2020).
Luciara Ribeiro é mestra em história da arte pela Universidade de Salamanca (Espanha) e pelo Programa de Pós-Graduação em História da Arte da Universidade Federal de São Paulo. Foi assistente de curadoria da exposição Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros, no Instituto Moreira Salles (SP) e atualmente é docente no Departamento de Artes Visuais da Faculdade Santa Marcelina.
Renata Bittencourt é mestra e doutora em história da arte pela Universidade Estadual de Campinas. Foi diretora executiva do Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG), diretora de processos museais do Instituto Brasileiro de Museus e Secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural no Ministério da Cultura (MinC). Atualmente, coordena o Educativo do Instituto Moreira Salles.
Samuel Fosso (Camarões, 1962) é fotógrafo, retratista e performer. Filho de pais nigerianos, precisou mudar-se para a República Centro-Africana, fugindo da Guerra Civil. Seus trabalhos integram as coleções do Museu de Arte Moderna de Nova York, do Museu de Belas-Artes de Houston, da Galeria Purdy Hicks e do museu Tate, em Londres.
Tiago Sant’Ana (Santo Antônio de Jesus, BA, 1990) é artista visual, curador e doutorando em cultura e sociedade pela Universidade Federal da Bahia. Seus trabalhos imergem nas tensões e representações das identidades afro-brasileiras, refletindo sobre a permanência das estruturas coloniais, o racismo estrutural e as dinâmicas que envolvem a produção da história e da memória.
Val Souza (São Paulo, SP, 1985) é artista visual multimídia. Mestra em dança pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Faz fotografia, vídeo e instalação. Vencedora da Bolsa ZUM/IMS 2020.
Ventura Profana (Salvador, BA, 1993) é cantora, escritora, compositora, performer e artista visual. Através de seu trabalho, profetiza a multiplicação abundante da vida negra e travesti. É também pastora missionária e cantora evangelista. Pesquisa as implicações e metodologias do deuteronomismo no Brasil e no exterior através da difusão das igrejas neopentecostais.