A nave do duo Flow & Zeo continua sua rota por uma viagem espacial sonora. O álbum SpaceKraft lançado em março deste ano, ganha mais atributos após o videoclipe da música Terra e mini documentário que mostra os bastidores desta gravação.
É impossível não notar que a conexão do duo Flow & Zeo ultrapassa os seus vinte anos de carreira. Além de dividirem cabines como DJs em festas mundo a fora, juntos compartilham a vida, questionamentos, curiosidades e um grande interesse sobre tudo que envolve os astros e o cosmos.
Longe dos palcos por conta da pandemia, Marian Flow e Zeo Guinle ficaram imersos em estúdio e pesquisas durante todo o ano de 2020, resultando no primeiro álbum do casal. SpaceKraft, foi lançado em março pela gravadora Katermukke e continua sua rota em torno da via láctea deixando rastros por onde passa.
O videoclipe da faixa Terra é um deles e contou também com um mini documentário mostrando relatos dos envolvidos e bastidores da gravação realizada em uma fazenda no sul da Bahia junto a uma tribo indígena Pataxó.
“A Terra é o nosso planeta e não podíamos deixar de fazer algo especial que honrasse com a mãe natureza e Gaia. Já tínhamos tido contato com essa aldeia em outra ocasião quando estendemos uma das viagens pela Bahia após tocar no Universo Paralello e tivemos uma experiência única!”
Como disse Marian Flow, o encontro com a tribo não era inédito, assim como o trabalho junto ao diretor do filme Ian Victor, do Pilha Studio, que já fez outros vídeos com a dupla mas que não hesita em dizer que este foi o mais importante. Isso demonstra que toda a energia do ritual que aconteceu durante a gravação das cenas do videoclipe também foi capaz de envolver toda a equipe nessa mesma atmosfera de devoção à Terra e honra às nossas ancestralidades.
Vídeo clipe foi gravado em aldeia Pataxó
Nos depoimentos que fazem parte do making of estão presentes o do diretor de fotografia Patrick Gomes, do videomaker Guilherme Mangas, do diretor de criação Danilo Muniz da agência Bússola e dos dois casais Stefano Viola, Diana Bouchardet e Marcela Bonifácio e Bruno Matera, estes que expressaram todo o seu carinho em contracenar em um momento tão especial ao lado dos amigos Flow & Zeo. O clipe que além de mostrar as belezas do nosso planeta, conta a jornada de conexão interior durante um ritual indígena com a intenção de integração de todos os seres do planeta com a premissa de que todos somos um.
“A gente fez o ritual em agradecimento aos nossos antepassados e levou um pouco da nossa cultura para eles conhecerem. Para nós, é gratificante poder participar de um evento como esse, um ritual pra vocês poderem ver, porque é a nossa cultura, nossa vivência, é nossa forma de podermos nos expressar”, conta Luan, mentor da incursão à aldeia e membro da tribo Pataxó.
A música Terra é cheia de percussões bem orgânicas com referências tribal e afro, assim como os vocais que tratam de um canto sagrado multiétnico usado em um ritual indígena de honra à mãe terra. Nas entrelinhas cada detalhe da composição gira em torno da temática, seu sub grave é a Frequência da Ressonância Schumann, que é o pulso do campo eletromagnético da terra, assim podemos fazer uma analogia à ele como o batimento cardíaco do nosso planeta que com o a aplicação de sidechain dá força total para a track.
SpaceKraft
Lançado neste ano, SpaceKraft é a síntese de todas as pesquisas feitas por eles sobre a nossa galáxia, atreladas aos valores e princípios deste casal que acredita que a conexão entre eles vai além desta vida e este reencontro na Terra tornou possível os projetos atuais, em especial, a InfinityZ, nome de batismo da espaçonave que conduz essa viagem pelo sistema solar percorrendo as doze músicas do álbum.
Cheio de significado nas entrelinhas de cada faixa, o primeiro álbum da dupla já carrega no nome uma mensagem subliminar onde a letra K (inicial da palavra em inglês Key) representa a chave que conecta a música e o tempo-espaço, partindo da crença dos dois de que a música tem o papel de nos transportar em instantes para memórias e lembranças por diversos momentos na linha do tempo da vida, como se estivéssemos as revivendo. Foi dessa forma, revivendo parte do processo criativo, que Flow & Zeo em entrevista ao Music Non Stop descreveram um pouco de cada faixa que compõe o álbum, realizadas a partir da inspiração e não necessariamente seguindo uma ordem e algumas até simultaneamente.
“Nós já tivemos algumas provações que nossas almas se conheceram pela primeira vez em Atlântida e agora estamos nos reencontrando nessa vida com essa missão. Neptune é uma música que faz menção a esse reencontro, com referência ao Deus romano Netuno e o Deus Grego dos mares, Poseidon. Assim tentamos conectar o ponto mais fundo do oceano com o espaço e em nossas pesquisas loucas chegamos às poças marianas onde os seres humanos só chegaram através de sonda e captaram o som de uma baleia e usamos canto dela como base da música.” explicou Zeo Guinle, uma de suas referências.
O cinturão de netuno também foi citado com o vocal que diz seu nome Kuiper Belt e se repete juntamente ao som da baleia, assim entre tantos outros detalhes de cada música, o casal percebeu o grande interesse de amigos que os visitavam no estúdio e até mesmo dos fãs sobre as referências utilizadas no processo criativo e resolveram criar uma série de vídeos no canal do YouTube onde Flow & Zeo contam a rota da InfinityZ nos transportando por essa viagem pela via láctea por meio da música, explicando faixa à faixa e desvendando todas essas curiosidades.
Além do que os olhos podem ver
Documentários, filmes e séries fizeram parte de todas as pesquisas para o desenvolvimento do álbum enquanto a quarentena fez com que eles se voltassem também para dentro em questões que envolviam o coletivo. O estudo que começou à dois anos a partir da prática de Yoga e Sound Healing, aguçou os ouvidos e a atenção do duo para frequências e padrões de afinação que pudessem otimizar suas produções entrando em harmonia com a temática incorporada em suas produções.
“Eu tenho um lado mais holístico e nós sempre tivemos uma conexão com o universo. Juntos nós observamos muito o céu e as estrelas, sempre nos questionando sobre a origem de tudo e da vida, com a certeza de não sermos os únicos seres vivos do universo.” disse Marian Flow sobre o embrião da ideia de SpaceKraft.
Durante nossa entrevista, conversei com o casal sobre a teoria padrão de 440Hz, sua adoção em 1955 após a Segunda Guerra Mundial e que agora serve como referência para afinação de todos os instrumentos musicais, mas vai em convergência à frequência natural da terra que é de 432Hz. Isso poderia afetar de forma negativa e direta a todos nós, conforme alguns estudos científicos e diversos experimentos que utilizaram da água para demonstrar a atuação das frequências sonoras, já que nosso corpo é composto por mais de 70% de água.
A partir desse conhecimento eles não pensaram duas vezes antes de fazer as adequações necessárias no Estúdio Árvore (nome que homenageia a vista privilegiada da jabuticabeira no jardim da casa), configurando softwares e afinando instrumentos para o padrão natural da frequência da terra de 432Hz, que também é como ressoa o canto dos pássaros e nossos batimentos cardíacos.
Essa preocupação envolve muitas outras músicas de projetos paralelos da dupla, como o Fluyd e Dfuse, que são os “filhos” do casal Flow & Zeo onde aproveitam para explorar outras sonoridades. Recentemente se dedicaram na criação do Ekoa Frequenz, atuando exclusivamente na experiência de sound healing com músicas de elevação, estimulando o equilíbrio e conexão espiritual.
De volta para a 3D
O conhecimento aplicado em todo o álbum ultrapassa o campo da matéria, podemos sentir com o coração a alma dos dois em todo o trabalho e a rota da InfinityZ percorre não só nossa galáxia mas também os nossos sentidos.
A visão foi potencializada com a transmissão que contou com o apoio da Becks em uma experiência audiovisual 3D de encher os olhos, um passeio por todos os planetas que em breve será retransmitida no canal do YouTube de Flow & Zeo. Quanto a audição, algumas músicas do álbum SpaceKraft receberam o tratamento binaural em seus synths e mixagem, a técnica vai além da forma tradicional stereo que explora apenas o lado direito e esquerdo da audição.
É possível escutar a bônus track que utiliza da ferramenta na música Terra no Spotify com o uso imprescindível de fones de ouvido para experimentar a total percepção espacial que esta tecnologia permite e que se diferencia principalmente pela quantidade de detalhes que torna possível o cérebro perceber.
De volta ao mundo físico e dando continuidade à essa viagem espacial, a dupla se prepara para tirar do papel o projeto de uma exposição de arte envolvendo todo o tema do álbum e que já foi aprovado por lei de incentivo a cultura. Nessa rota onde nem mesmo o céu é o limite, aguardam ansiosos pela chegada do astro rei com as músicas The Sun & The Moon que serão lançadas em vinil seguido dos remixes de faixas do álbum SpaceKraft realizados por grandes artistas, entre eles D-Nox, Lennox, Dirty Doering e Gabe.