Feirão de 1 milhão de discos vai se transformar em centro cultural na Mooca

Claudia Assef
Por Claudia Assef

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Uma página no Facebook funciona como isca: “Feirão 1 milhão de vinis, qualquer LP por R$ 5”. Seguindo o endereço publicado na página (r. da Mooca, 2631) , fui com a editora de vídeos do Virgula, Mariana Metri, ver que lugar era aquele afinal.

Originalmente, o lugar se chama Sebo Jovem Guarda, mas acabou ganhando o apelido de Feirão de Vinis, por conta do buchicho que os anúncios no Face têm causado. Na primeira vez que rolou, em março, foram vendidos 9 mil LPs num único dia. E, a partir de então, o Feirão se repete a cada final de semana.

E o que eu vou contar agora vai fazer você querer ir até lá.

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Chegando no endereço, uma rua calma na Mooca, você vê de fora algo que parece um depósito de cacarecos. Mais de perto, alguns funcionários separam o joio do trigo ali mesmo, na porta. A funcionária Telma Passarelli, uma tiazinha style demais, te apresenta o lugar e recomenda: “temos luvas e máscaras descartáveis ali na entrada. Se você tem alergia ou rinite, é melhor usar”.

Você veste o “equipamento”, entra no galpão de pé direito gigante e não vê uma placa sequer. Em nenhum lugar há qualquer menção a organização dos discos por estilo, gênero, artista, nada. Então você se joga naquele mar de vinis e, a partir daí, cada um é responsável por sua própria viagem.

Tem muita porcaria? Lógico. Xuxa, Menudo, sertanejos, MPB farofa… Mas também tem muita coisa legal, edições nacionais de Talking Heads, Madonna, muitos Jean Michael Jarre, Harmony Cats, Donna Summer, Abba, Rita Lee, pop rock nacional, coletâneas de novela, trilhas de filme e, o melhor, coisas inacreditáveis e desconhecidas. Eu saí de lá armada até os dentes, comprei de Talking Heads a Alcione, passando por sons que eu nunca tinha ouvido falar.

Se você vai achar alguma raridade por lá e ficara rico vendendo no Ebay eu duvido muito. Mas que vai passar algumas horas muito divertidas da sua vida, isso vai.

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O dono desse playground de nerd é o engenheiro Manoel Jorge Diniz Dias, mais conhecido como Manezinho da Implosão, o cara que mandou pelos ares construções famosas, do Carandiru, em São Paulo, ao edifício Palace 2 (aquele feito de areia), no Rio.

Manezinho começou a montar seu acervo em 2001, após uma tentativa frustrada de entrar no ramo da moda feminina, quando comprou cinco carretas de roupas. O negócio se mostrou um fracasso, e ele começou a trocar as roupas por livros, discos, quadros, móveis e objetos de decoração. Foi aí que ele resolveu alugar mais galpões e encarar as trocas como um negócio.

“Em seguida conheci um cara que tinha milhares de vinis e procurava um terreno. E eu queria comprar vinis e vender um terreno. Pronto”, conta o super boa-praça Manezinho. Numa única compra, ele levou 200 mil LPs. Empolgado, passou a viajar pelo país em busca de outros discos.

Agora que já contei um pouco, dá uma olhada no vídeo abaixo pra entender o que o levou a abrir não apenas um, mas três sebos gigantes na Mooca. Os três espaços farão parte em breve do que ele chama de Casarão do Vinil, sebo que pretende ser também um misto de centro cultural na região da Mooca.

 

Claudia Assef

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Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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