Faxina 14: Grande agente da cena eletrônica popular do Recife, DJ 440, compartilha suas sonoridades tropicais
Dono de um dos projetos mais reconhecidos do país, Terça do Vinil, DJ 440 tem sua trajetória focada em democratizar o acesso à cultura, através de sua música. E, hoje, disponibiliza um set exclusivo feito para o Music Non Stop com suas seleções brasileiras de ferver!
A música é considerada uma das expressões artísticas mais populares do mundo, estando presente na vida das pessoas desde as mais antigas sociedades. Sustentada pela necessidade humana de se expressar, esta arte é vista por um importante e grande feitor democrático em qualquer cena musical do mundo. No Recife, não é diferente, graças ao DJ 440, que mantém acessa esse objetivo, através do seu projeto como DJ, arqueólogo musical e produtor.
Nascido no berço do Frevo, o recifense faz jus ao terreno fértil para a cultura popular, já que sempre fez questão de exaltar suas origens em suas apresentações e projetos paralelos. Com 18 anos de carreira dedicados a difundir músicas tropicais, além de sonoridades africanas, latinas e também com fortes referências mundiais, passeando por diversos estilos, tendo se firmado como um dos mais representativos e atuantes DJs de Pernambuco.
Se Recife tem uma continuidade, ou pelo menos tinha antes da pandemia, em eventos diversos, sobretudo em dias da semana, muito se deve ao exercício incansável do Juniani Marzani, conhecido como DJ 440. Criador da Terça do Vinil, um dos projetos mais reconhecidos do país, que em breve comemora 13 anos de realização e que além de Pernambuco já percorreu diversos estados brasileiros, chegando também além mar, com edições em Paris, Berlim, Madri, Barcelona, Nova York e Miami.
A Terça do Vinil surgiu quase que sem querer. O DJ conta que há dez anos foi demitido de um trabalho formal numa segunda-feira e, no dia seguinte, decidiu comemorar com os amigos em um bar. Por conhecer o administrador do local, ele levou um toca-discos, alguns LPs, e ali ficou com os amigos, conversando e ouvindo música. “Algumas pessoas que passaram curtiram a música e em instante encheu de gente”, completa Juniani. O Nordeste é visto como uma região que apresenta uma grande diversidade cultural, composta por manifestações diversificadas e com grande feitor democrático, características essas que é possível enxergar nos eventos da Terça do Vinil. “Democratizar o acesso à cultura, à música brasileira de forma geral, fomentar este cenário, fortalecer artistas e contribuir para a cena musical brasileira”, diz o produtor.
O DJ 440 se apresentou em grandes festivais e eventos como o BOILER ROOM Stay True Brazil, Festival Rec Beat, Festival Eletronika, entre outros. Mais recentemente comandou a pista do Recbeat Festival, no Carnaval de 2019, atingindo a marca de um público de cerca de 60 mil pessoas em um encerramento apoteótico do festival.
Diante de tanta desenvoltura, decidiu compartilha-lá com o mundo se fazendo presente na Europa, no ano de 2018 quando participou da Festa Junina oficial da Cidade de Berlim, na Alemanha, do projeto Room75, em Madri, e na festa Brazilian Fever Nights, e Gandaia – Música Brasileña Roots & Club, em Barcelona, na Espanha. Também tocou no famoso Le Petit Bain, em Paris, e nos Estados Unidos, se apresentou em casas noturnas de Miami e Nova York. Em 2019, o artista ainda fez uma pequena turnê pela Europa e Estados Unidos, novamente.
No ano de 2020, o artista participou da noite de encerramento do Carnaval do Recife no principal polo do festejo: o Marco Zero. O DJ 440 ferveu um público de mais de 300 mil pessoas, na noite da terça-feira com o projeto Terça do Vinil, primeiro selo de festas a participar oficialmente da tradicional época do estado de Pernambuco. Conhecido como um dos principais e maiores carnavais do Brasil, sendo o ápice de público da sua carreira e também da trajetória do seu projeto, que no mês anterior ao Carnaval comemorou 12 anos de atividade.
E com muita honra, após apresentar sua trajetória, compartilho com vocês um set exclusivo feito pelo DJ 440 para o Music Non Sto. Mas antes um comentário, deste grande agente da cena recifense, sobre suas seleções:
Há quase vinte anos de carreira eu nunca fui alguém de montar set. Sempre penso nas músicas no momento, preciso sentir os encaixes, mixagens, fazer a coisa acontecer ali, na hora. Gosto da discotecagem orgânica. Sentir o que o momento pede e deixar fluir. Esse set especificamente é uma experimentação, uma brincadeira. Uma terapia também, já que a música tem sido esse elixir de sanidade e de alegria pra mim e talvez tantos outros artistas neste momento de pandemia… Eu vejo a música brasileira como algo muito rico e muito dinâmico. Existem muitos “brasis” e estamos em constante mutação. Por isso gosto de fazer um grande mix entre artistas, ritmos, ruídos, gravações e influências, passeando pelas pérolas e raridades de décadas passadas, chegando até coisas mais contemporâneas. Gosto muito de brincar com o regional misturado com house e disco… Quando me perguntam que tipo de música eu costumo discotecar, ou como eu me definiria, eu acabo me intitulando DJ de música brasileira, mas reconheço que isso diz muito pouco de todos as possibilidades que a música dita brasileira alcança. Claro, a música originalmente brasileira é sim a base mais potente do meu trabalho, mas a partir dela eu posso criar novos mundos, dialogando com influências que cataloguei pelos lugares que percorri, por tudo que pesquiso e absorvo de conteúdo. E essa música não é só uma música do Brasil, é uma música do mundo.