O duo alemão Tiger & Woods quase sempre permaneceu no anonimato e apareceu pela primeira vez ao mundo com uma enxurrada de edits equilibrando técnicas sofisticadas de edição num balanço irresistível entre o analógico e 0 digital. Pouca gente se lembra deles por ver seus rostos em capas de revistas, mas já dançou alguma releitura dos anos 70 ou 80 fina se esteve numa pista de dança nos últimos cinco anos.
A dupla que faz do hedonismo da disco um campo de experimentação deliciosamente funky deixou seu legado logo de cara com o debut Through The Green, álbum divisor de águas no levante nu-disco em 2011. Rodou o mundo chegando ao Brasil algumas vezes com essa belezura na bagagem.
No ultimo sábado o T&W esteve novamente entre nós pobres paulistanos tocando seu balancê de raridades e sons novos em baile de gala da Turbulência, no coração da cidade. Em miniturnê pela América Latina, os caras passaram e não deixaram rastros em nenhuma de suas redes, mantendo o compromisso com seu posicionamento. “Achei um som bem fino, levada boa e difícil de encontrar na noite de SP! Experiência foda”, conta outra dupla, a paulistana Don Det, que teve a missão de abrir os decks na noite do Lions Club.
Claro que a gente quis bater um papo com os moços, que se escondem atrás dos codinomes David Woods e Larry Tiger. Confira a entrevista carregada de poeira de Prince, Solange, synths e baterias eletrônicas.
Music Non Stop – Vocês dois gostam muito de disco music, isso é óbvio, gostaria de saber quais grupos/artistas e gravadoras são suas favoritas?
Tiger & Woods – A gente gosta de se jogar em vários estilos. Não somente na disco. Ela é sem dúvida uma das cores do nossa paleta, mas nós fomos DJs de techno e de house antes de tudo e finalmente colocamos temperos de boogie e disco com a criação do Tiger & Woods. Nós amamos coisas de Minneapolis (Prince e afins), Kashif, Jimmy Jam & Terry Lewis. Assim como os selos Prelude, Full Time entre muitos outros. Quer dizer, isso só falando de dentro do funk disco boogie… Se for pra mencionar tudo o que escutamos levaria uma semana.
Music Non Stop – Vocês manjam de disco music do Brasil? Já compraram discos em rolês por aqui?
Tiger & Woods – Nunca tivemos tempo livre no país, sempre passamos na correria, mas eu espero que desta vez a gente consiga pesquisar muitos discos. Sobre a disco music de vocês, sim, podemos citar Solange e Paulo Ramos.
Paulo Ramos – Gosto Amargo De Vida
Music Non Stop – Vocês curtem produzir com sintetizadores ou trabalham mais com digital?
Tiger & Woods – Nós criamos muito com synths analógicos e também usamos instrumentação digital livremente. O melhor resultado é alcançado quando você consegue balancear o melhor dos dois mundos.
Music Non Stop – Quais brinquedinhos são encontrados no seu estúdio hoje?
Tiger & Woods – O estúdio é lotado de máquinas e nós podemos mencionar nossas favoritos. No mundo analógico, talvez eu possa destacar a SH101 da Roland. Na frente digital, o Push2 e o Komplete Kontrol, que controla a maioria dos nossos plug-ins. A Monark da Native Instrument é a vencedora.
Music Non Stop – E qual o setup do live?
Tiger & Woods – Não estamos fazendo live no momento, estamos desenvolvendo um novo. Mas, se quiser saber, tanto no antigo quanto no novo projeto a gente tem a ELEKTRON OCTATRACK como cérebro.
Tiger & Woods Boiler Room London DJ Set (2015)
Music Non Stop – Vocês tocaram na Tribaltech e em alguns clubes brasileiros ano passado. O que você recorda das experiências?
Tiger & Woods – O Brasil tem uma cena muito forte e a resposta de público foi impressionante. É um daqueles lugares que você se sente conectado. Diversão garantida.
Music Non Stop – Como você começa uma track?
Tiger & Woods – Difícil responder porque não há regras… A maioria das faixas do Tiger começa com um sample que a gente literalmente desconstrói enquanto vai colocando no arranjo e então recolocamos esses sons com a original e os sons dos nossos equipamentos.
Music Non Stop – Se vocês pudessem colaborar com um grande artista (vivo ou morto), quem seria?
Tiger & Woods – Fácil de responder essa, seria o Prince, mas a gente teria um medinho da porra.
Music Non Stop – Por que vocês acham que a molecada atualmente tende a gostar de EDM quando está começando sua educação musical?
Tiger & Woods – Vindo da Europa, temos uma visão completamente diferente da música de dança, tipo a molecada cresce no house, techno e hip hop. O fenômeno EDM é mais uma coisa americana, que não entendemos direito.