A americana Ariana Paoletti pode dizer que teve uma ajudinha dos amigos pra dar sua primeira “virada” profissional, literalmente, e se tornar DJ. Foi um grupo de promoters e DJs que ajudou a moça, que era gogo girl, a iniciar a carreira de disc-jóquei, em Boston, nos EUA.
A aposta dos amigos deu megacerto. Ela assumiu o aka DJ Volvox, treinou pencas e em pouco tempo ganhou localmente o apelido de “Rainha do techno”. Como parte de uma turnê por várias cidades nos EUA e pelo México, a integrante do núcleo feminino de DJs Discowoman se apresenta neste sábado em São Paulo, na festa Dûsk, ao lado de outras minas arrasativas: Erica Alves, que fará seu live PA, e da DJ Amanda Mussi (idealizadora e residente da Dûsk), além do DJ Rafael Moura e Koi nos visuais.
Filha de pai brasileiro, Ariana não vinha a São Paulo havia cinco anos. “Estou passada com a cena de São Paulo! Fui a lugares incríveis, que me deixaram de cara, e também conheci DJs e produtores que estão fazendo um tipo de música que realmente me anima muito”, disse em entrevista exclusiva ao Music Non Stop. Leia abaixo a íntegra.
Music Non Stop – Quando você começou a tocar?
Volvox – Comecei a discotecar em Boston, em 2006. Eu era go-go dancer na época. Tinha um grupo de amigos incríveis, que eram promoters e DJs e eles compraram meu primeiro equipamento e marcaram minhas primeiras gigs como DJ. Sempre serei grata a eles por esse início. No começo eu não prestava muita atenção nos DJs famosos, estava apenas interessada na música e nas tracks que eu queria dançar e escutar.
Music Non Stop – Alguma vez sentiu preconceito ou dificuldade por ser DJ mulher?
Volvox – Muito honestamente, não. Na verdade, acho que acabou ajudando. Às vezes um ou outro colega tenta estender o tempo do seu set, mas eu não tenho a mínima vergonha de chegar junto e deixar claro que o tempo dele acabou. Acho que tenho tido sorte de ter crescido numa cena de pessoas com mente aberta.
Music Non Stop – Quando você começou a ser chamada de Rainha do Techno?
Volvox – No começo era “Rainha do techno em Boston”. Durante anos eu dei duro pra me desenvolver e me aprimoar e ao longo dos anos eu acabei me tornando uma das melhores da cidade, alguns dizem que a melhor, na real. Esse título saiu na imprensa e pegou! Eu nunca fiquei me gabando muito dele, mas o povo em Nova York ficou sabendo e começou a me chamar de rainha também. Fico muito lisonjeada.
Music Non Stop – Você já tocou algumas vezes em São Paulo, o que acha da cena daqui?
Volvox – Estou passada com a cena de São Paulo! Fazia cinco anos que eu não vinha pra cá e naquela época só tinha os clubes mais comerciais… eu não conhecia nada underground. Desta vez eu já fui a lugares incríveis, que me deixaram de cara, e também conheci DJs e produtores que estão fazendo um tipo de música que realmente me anima. Estou trabalhando num mix para a rádio da Red Bull Music Academy com esses artistas que descobri durante este mês aqui.
Music Non Stop – Quem são seus DJs favoritos?
Volvox – Gosto de DJs com influências estranhas e darks de acid, como Mike Servito, Silent Servant e DJ TLR (do Clone). Cada um deles tem um som extremamente único!
Mike Servito no Boiler Room em Nova York
Music Non Stop – Como está a cena de Nova York atualmente?
Volvox – Está bombando! Tem altas festas, de muita qualidade, todo final de semana, nem dá pra ir a todas. Tem muita coisa boa rolando na cidade, quase todos os dias da semana. O desafio maior atualmente é conseguir ir a todas essas festas e lugares legais, porque são MUITAS FESTAS!
Music Non Stop – Perguntinha já clássica da gente aqui, o que você acha da explosão da EDM?
Volvox – Acho EDM um lixo e não perco um minuto tentando ficar por dentro do que está acontecendo nessa cena. Acredito que a molecada que hoje curte EDM talvez desenvolva um paladar para estilos mais maduros de música eletrônica, mas por enquanto não vi evidências disso acontecendo. EDM não tem nenhuma conexão com o som underground de verdade!
Music Non Stop – O que anima mais numa pista quando você chega pra tocar?
Volvox – A pista em si! Dançar é a minha grande paixão, terapia e momento de libertação e o fato de eu ter me tornado DJ vem desse amor. Adoro o jeito que as pessoas baixam a guarda na pista de dança, e também gosto do fato de que na pista não existem classes sociais, raça ou gênero.
Music Non Stop – Seu pai é brasileiro, me pergunto se você curte artistas daqui, se ouvia discos em casa…
Volvox– Não conheço muito sobre história da música brasileira, nem acompanho o que está rolando na música popular contemporânea, mas com certeza devo dar créditos à minha herança genética brasileira por minha noção de ritmo e meu amor pela dança!
Sábado, 20/2, a partir da meia-noite
Trackers (Térreo Trackers, Rua Dom José de Barros, 337, Centro)
Line-up: DJ Volvox, Erica Alves, DJ Amanda Mussi, DJ Rafael Moura e Koi (visuais)
Preço: de R$ 15 (até 00h30) a R$ 25