Ex-Deep Dish, Dubfire monta novo live e analisa os 25 anos de carreira: “a melhor qualidade de um DJ é a individualidade”.

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Por music non stop

POR PAULO ZEITUNLIAN NETO E TATIANE ZEITUNLIAN

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Dubfire: “todos os DJs amam tocar no Brasil, a energia do público faz até a fadiga da viagem passar”

O iraniano Ali Shirazinia sabe que quem fica parado é poste. Ex-integrante do duo Deep Dish, que foi um dos grandes nomes do house progressivo nos anos 90 (e remixou de Madonna a Cher), Ali mantém seu projeto solo, o Dubfire, mais próximo do techno e sabe que se renovar é a chave do sucesso, sobretudo pra um DJ que este ano comemora 25 anos de carreira.

Foi nisso que ele pensou quando montou seu live Hybrid, que estreou em outubro do ano passado no Amsterdam Dance Event (ADE) e em 2016 será apresentado no festival americano Coachella, em abril.

Hybrid live trailer

Batemos um papo com o DJ logo após a apresentação do seu show Hybrid, no festival EDC, em São Paulo, no final do ano passado. Ele falou do início da carreira, dos tempos do Deep Dish, do Brasil e de seus DJs preferidos. Veja como rolou.

Music Non Stop – O que você achou do EDC?

Dubfire – Foi legal, sabe… É um desafio para mim e para minha equipe conseguir se encaixar no design do palco que eles têm, mas olhamos cada oportunidade de fazer o show ao vivo como um desafio. É legal termos nosso show e conseguir fazê-lo em lugares diferentes do jeito que ele deve ser feito, também pelo fato de estarmos preparando um DVD dos concertos. Será mais ou menos desse jeito, mudando de um lugar para o outro, e será mais interessante para quem assiste porque a plateia será diferente, o design do palco também. Por exemplo, no último show que fizemos em Paris, algumas semanas atrás, havia dois telões no lugar de um, então vai ser bem legal para quem assistir.

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Music Non Stop – O que você acha do público brasileiro?

Dubfire – Todos adoram o público brasileiro. Ontem eu estava conversando com alguns DJs… O Warung, por exemplo, é um dos clubes favoritos de todos, está entre os top clubs do mundo, e mostra a energia que os brasileiros têm e eles projetam essa energia para nós. Quando sentimos isso, algumas vezes temos que pegar dois ou três voos para chegar aqui… mas isso é muito importante, essa química e a conectividade com o público. Quando sentimos isso, a fadiga e o nervosismo vão embora e ficamos perfeitamente em sintonia com o público, podendo dar a eles uma experiência emocional pura, o que é fantástico. Por isso amamos tocar aqui.

Music Non Stop – Quando você teve o primeiro contato com a música eletrônica?

Dubfire – Foi há muito tempo… Quando eu cheguei na América, o new wave era muito popular, obviamente naquela época o rádio era muito pop, mas eu sempre estava procurando por algo diferente e único, eu não era um garoto popular e andava com os alternativos e punks, então ouvia muito esse tipo de música. A cena punk era muito forte em Washington, muitas bandas famosas vieram de lá, bandas de punk, muitos desses músicos punks trabalhavam em lojas música, então sempre que você ia a uma loja de discos, ou abria o jornal, o punk estava lá e o new wave também. E como todos faziam parte do mesmo mundo, eu logo comecei a escutar música eletrônica e já comecei a sonhar em produzir esse som. Comecei a trabalhar com o BT, que era a única pessoa que eu conhecia que tinha muitos equipamentos e era pianista. O quarto dele parecia uma loja de instrumentos, ele tinha absolutamente tudo, nos íamos lá após a aula e ficávamos tocando, usando aquelas máquinas dele. Fazíamos algumas peças na escola e foi aí que eu percebi que eu tinha o dom para isso. Então eu conheci a house music, o techno, a cultura DJ e fui me envolvendo.

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Music Non Stop – Quando você começou a produzir com Sharam vocês eram o Deep Dish. Por que você decidiu virar Dubfire?

Dubfire – Quando eu e o Sharam resolvemos nos juntar, tínhamos estilos diferentes. Sharam gostava de um certo tipo de música e eu de outro. Mas havia algumas coisas que nos conectava, nós dois amávamos a house music que estava chegando em Chicago e Nova York. Para mim, particularmente o techno de Detroit também,  enquanto o Sharam preferia o som europeu. Então decidimos, por causa desse gosto em comum, nos juntar no estúdio para ver o que ía dar e nessa época ouvíamos pessoas como Farley and Heller, Connie and Louie, haviam muitas duplas de DJs surgindo e nos pensamos que poderíamos ser uma nova dupla de Washington DC, pensávamos que tínhamos algo interessante musicalmente para passar para o público. Não sabíamos que iríamos ter uma carreira, apenas fizemos nossa primeira música e tivemos um bom retorno. Então decidimos fazer outra e foi melhor ainda. E continuamos, foi tudo muito natural.

Deep Dish – Say Hello (2009)

Music Non Stop – Quem é o melhor DJ do mundo na sua opinião?

Dubfire – Difícil dizer, porque cada DJ tem seu estilo. Às vezes prefiro Sven Vath, às vezes Richie Hawtin… Acho que todo DJ que tem um som único, como o Skrillex, por exemplo, ele é um grande amigo meu. Ontem eu estava assistindo ele no EDC, e o som dele é único. O importante é isso, você estar andando em um festival de palco em palco, sem os horários na mão e falar: “Olha lá, é o Skrillex tocando”. Para mim, a maior qualidade que um DJ pode ter é a individualidade.