Entrevistamos Gabriel Thomaz dos Autoramas, sobre suas aventuras na América Latina
Nosso colunista Leonardo Vinhas conversou com Gabriel Thomaz, dos Autoramas, sobre a presença do Rrrrrock brasileiro nos palcos da América Latina
Os Autoramas são uma das bandas brasileiras que mais toca no exterior. No que se entende por rock, talvez não haja nenhuma a rivalizar nesse quesito, apesar de bandas tão diferentes como The Baggios e Camarones Orquestra Guitarrística também circularem bastante mundo afora. E nessas andanças, claro que a América Latina ocupa um lugar de destaque.
O quarteto, que completa 25 anos de atividade em 2023, já passou por Argentina, Uruguai, Chile, Peru e México, tocando tanto em espaços underground como em festivais gigantes como o Vive Latino, na Ciudad de México.
Em 2007, o selo argentino Scatter Records lançou a coletânea ¡Mucho Gusto, Autoramas!, compilado de 17 faixas exclusivo para o mercado local (e uma ótima introdução à primeira década da banda, diga-se).
Em um papo rápido por e-mail, Gabriel Thomaz – fundador, líder e único integrante constante na formação do Autoramas – conta mais alguns detalhes da relação próxima entre sua banda y nuestros vecinos.
MNS: Como foi a primeira turnê dos Autoramas da América Latina? Como rolaram os primeiros convites, e como foi a experiência?
Gabriel Thomaz: Foi em 2004, fizemos shows na Argentina e no Uruguai. Tocamos inclusive no dia final da Copa América, Brasil x Argentina, vitória do Brasil, em Rosario. Quase deu confusão, mas contornamos a situação e foi um baita show. Nós fizemos muitos contatos até conseguirmos marcar as datas e fazer shows legais. Deu bastante trabalho.
Como estão os planos para possíveis turnês latinas pós-pandemia? O Autointitulado chegou a ser lançado fisicamente em algum país latino?
Estamos trabalhando nisso devagar, muitas coisas ainda não voltaram direito da pandemia, mas daqui a pouco vai rolar. Em 2023 Autoramas faz 25 anos, e faremos um monte de coisas legais.
O Autoramas já gravou diversas canções em inglês, um reflexo natural das turnês pela Europa. Mas você chegou a compor em espanhol? Ou, ao menos, versionar algumas de suas letras para o idioma de Boom Boom Kid?
Sim, já gravamos duas letras do nosso amigo radialista Maxi Martina, “Verdugo”do álbum “Música Crocante” (2011) e “Fauna Abisal” no “Autointitulado” (2022).
Já sabemos que vocês têm uma relação próxima com algumas bandas de lá. As colaborações com The Tormentos foram lançadas num EP do selo Scream&Yell te posteriormente incluídas na coletânea “B-Sides & Extras vol. 1”. Alguma outra banda com quem vocês colaboraram em estúdio?
Sim, já fizemos com Supersónicos no Uruguai. E com Guiso e Perrosky no Chile, estamos gravando uma versão para um tributo latino-americano aos Bad Brains (lendária banda de hardcore rasta norte-americana).
Você é um emérito colecionador de discos e fuçador de obscuridades. Quais são os discos latinos mais inusitados que você tem na sua coleção?
Tenho muita coisa, tenho até uns Dug Dug`s que valem uma nota…(nota: Gabriel se refere à banda mexicana Los Dug Dug’s, que iniciou suas atividades em 1960 e segue ativa até hoje). Uma das vezes que tocamos no Peru comprei 110 discos de uma vez!
Aproveitando o gancho: você é daqueles que defendem que os peruanos Los Saicos foram a primeira banda punk da história, antes mesmo dos Stooges e do MC5?
Claro. Até existe uma placa no bairro deles, Lince (em Lima): “Aquí se inventó el Punk Rock”.
(Nota: na verdade, a placa tem um letreiro um pouquinho diferente, como se pode ver pela foto abaixo).