banda bike na radio KEXP BIKE nos estúdios da KEXP, em Seattle, com a cultuada DJ Cheryl Waters. (foto por Jake Hansen)

BIKE lança seu novo álbum “Arte Bruta” e uma Live Session na KEXP. Entrevistamos a banda!

Bruno Montalvão
Por Bruno Montalvão

IndieAmérica indica: BIKE

A banda BIKE, originária da cidade de São José dos Campos (interior de São Paulo), acaba de lançar seu mais recente álbum “Arte Bruta” (05 de Maio, via Before Sunrise Records / Quadrado Mágico). É o quinto álbum oficial da banda e talvez o que tenha mais toques da musicalidade brasileira.

Conversamos com Diego Xavier, guitarrista e vocalista da BIKE, sobre esse novo trabalho e o momento pelo qual a banda está passando depois de sua primeira turnê pelos Estados Unidos e a abertura do show da banda The Brian Jonestown Massacre, em São Paulo. Na conversa, Diego nos conta um pouco sobre o processo de produção e gravação do novo álbum, além de falar sobre a turnê norte-americana, a gravação na KEXP, campanha de apoio para lançamento do vinil e quais festivais de música eles gostariam de tocar!

Leiam a entrevista abaixo e fiquem por dentro dos planos da banda, o futuro da BIKE está acontecendo agora, os dados estão na mesa.

01. A BIKE acaba de lançar seu novo álbum “Arte Bruta”. Falem um pouco sobre como foi o processo de composição, criação, gravação e pré-produção desse novo trabalho.
Depois do trabalho das sessões dos discos que fizemos na pandemia, onde pudemos repassar por todo o nosso repertório, começaram a surgir novas ideias. Julito tinha uma ideia de fazer 2 músicas gigantes, uma pra cada lado de um vinil. Na pandemia, cada um entrou numa brisa sonora particular, mas artistas como Silver Apples, Can e Pedro Santos passaram a ser uma unanimidade entre nós. Assim Julito e Dandas começaram a formar os esqueletos das músicas, pra depois gravarmos uma demo com todos, que seria a guia pro álbum. Em janeiro de 2022 começamos a gravação com Guilherme Held que, com a referência das guias, desenvolveu uma série de novas ideias e propostas pro disco. Gravamos as bases ao vivo, e depois fizemos overdubs de mais guitarras, vozes e percussões. Foi um período de muito aprendizado e vários desafios que a banda ainda não tinha vivido. Estamos muito orgulhosos.
02. Quais são, na opinião da banda, as nuances que destacam esse novo trabalho dos demais já feitos pela BIKE?
É um disco mais brasileiro. Held bebe muito dessa referência também. Daniel gravou percussão em todas as músicas. Elementos que antes eram uma textura, passaram a exercer outros papéis em nossos arranjos, isso criou uma nova dinâmica mais groovada, sem perdermos nossa pegada.
03. O álbum “Arte Bruta” vem ganhando grande destaque na mídia nacional e internacional, poderia nos pontuar alguns destaques dessa cobertura?

Pudemos realizar o sonho de gravar uma sessão na famosa rádio KEXP de Seattle, com a DJ Cheryl Waters, que foi a fundo na nossa discografia e nos acompanha desde 2017. Passamos pelo festival Treefort Music Fest e gravamos uma sessão na Radio Boise, também apresentando novas canções. Aqui no Brasil gravamos o programa Cultura Livre, que deve ir ao ar em breve, onde pudemos falar bastante sobre nossa trajetória.

BIKE nos estúdios da KEXP, em Seattle, com a cultuada DJ Cheryl Waters. (foto por Jake Hansen)

04. Faz poucos dias, a BIKE lançou um financiamento coletivo para produzir o novo álbum “Arte Bruta” no formato vinil (LP), fale um pouco sobre isso e sobre como as pessoas podem participar e ajudar a banda a conseguir realizar esse projeto.
Desde o início o Arte Bruta foi pensado para o vinil. Com a turnê americana no começo do ano, tivemos que adiar esse plano por alguns meses, mas agora todos podem nos ajudar a realizar esse próximo sonho. A arte gráfica do projeto em gatefold está lindo, feito pela artista Juli Ribeiro, com vinil na cor rosa. Com produção e mixagem de Guilherme Held e masterização de Fernando Sanches, a sonoridade está incrível. O link do APOIA.SE está aqui, e além do Arte Bruta também é possível adquirir os outros discos.
05. Adiantando o lançamento do novo álbum, a BIKE realizou uma turnê promocional pelos Estados Unidos – enquanto ia lançando os primeiros singles desse novo trabalho – conte-nos um pouco sobre como foram esses shows? Como foi realizar uma turnê pelos Estados Unidos, os prós e os contras que encontraram na estrada.
Foi uma grande aventura, mas com certeza nossa melhor turnê internacional, nunca tínhamos ido aos Estados Unidos. Na primeira semana em Austin, TX fizemos 14 shows em 6 dias dentro do festival SXSW. Na semana seguinte, foram 2 apresentações no Treefort Music Fest em Boise, ID a cidade mais acolhedora e amigável possível. E na última semana pudemos gravar a KEXP e na noite seguinte tocar no BAD BAR pra se despedir com louvor dessa temporada. Os contras são sempre os custos, o resto a gente tira de letra. Acho que turnês acabam sendo parecidas em qualquer lugar do mundo. É cansativo, é corrido, nem sempre as condições dos equipamentos ou das casas são boas, assim como aqui no Brasil. Então é preciso ter jogo de cintura e experiência, mas não tivemos grandes imprevistos dessa vez. Foi tranquilo.

BIKE US Tour 2023. Poster por @helloldboy

06. A BIKE está prestes a ganhar um destaque mundial mais relevante, depois da session que gravou na rádio KEXP (em Seattle) durante a turnê norte-americana, como foi a gravação? O que vocês sentiram e o que acham que poderá acontecer para a banda depois que essa session for para o ar?
Ficamos bastante emocionados, é visível no vídeo. Sendo uma banda independente do Vale do Paraíba, estávamos representando muita coisa ali, são poucos brasileiros no canal. Espero que a sessão traga novos fãs pra gente. Como esperado, muitos brasileiros ainda não nos conheciam, e foram conhecer pela KEXP. O feedback tem sido muito positivo, acho que tem muita coisa pela frente ainda. Agora estamos esperando os convites.

BIKE nos estúdios da KEXP, em Seattle. Foto por Jake Hansen.


07. E sobre a Cena Indie BR, o que vocês acham que poderia melhorar para que as bandas e artistas indie do Brasil ganhassem um maior destaque tanto na mídia, quanto em festivais de música e junto ao público em geral?
Menos panela e mais colaboração. Os gigantes da música brasileira sempre foram colaborativos e parceiros, vide a Tropicália ou o Clube da Esquina por exemplo. Aqui em São José temos um projeto onde convidamos bandas da cena para tocar na cidade. Já pudemos levar boa parte da cena indie brasileira dos últimos anos pra lá, artistas com o qual dividimos palco, somos amigos ou somos fãs. Não vejo muitas outras bandas fazendo algo do tipo. Tem artistas que trouxemos pra cá que nem sequer curtem a gente nas redes sociais. O público brasileiro gosta de fazer FlaxFlu com artistas. Aí acontece o que vemos nos últimos tempos em festivais, sempre os mesmos artistas e o público cansado. O cenário não oxigena e não cresce. Artistas infantilizando seu trabalho para agradar o público jovem, tentando ser influenciadores, mas esquecendo do principal que é a música. Bandas da capital sempre são tratadas como rei nos interiores do país, mas dificilmente elas abrem espaço para bandas do interior na capital. Isso é totalmente insustentável. E eu vejo isso desde os anos 2000 na época hardcore da cena. Por isso parece que está cada vez menor a cena. O Funk e o Hip Hop sempre foram extremamente colaborativos e hoje lideram as paradas, até mesmo o sertanejo é mais colaborativo que a cena indie nacional. É muito difícil chegar numa posição confortável e quem chega não abre as portas. Fica parecendo uma eterna competição. Tem produtores de festival no país que se denominam a “Máfia Indie”, algo que só poderíamos esperar de um país como o nosso.
08. E sobre a nova turnê da BIKE “Arte Bruta”, quais os planos da banda para 2023 e 2024, onde pretendem levar esse novo trabalho? Em quais festivais gostariam de ser convidados a tocar?
A meta é cair na estrada como sempre fazemos. Tentar tocar no Brasil inteiro novamente, esperamos conseguir chegar no Norte, onde nunca fomos convidados ainda. Desbravar a América do Sul, algo que nunca fizemos e sabemos que tem gente que conhece a gente no Chile, Argentina… E logicamente continuar o trabalho nos Estados Unidos e Europa, onde acabamos vendo mais oportunidades pra gente do que aqui no Brasil. Gostaríamos muito de tocar no Levitation nos EUA e no Hypnosis no México, voltar ao Primavera Sound dessa vez aqui na nossa casa, e porque não no Rock in Rio? Queremos tocar. É o que mais gostamos, além de gravar discos.

BIKE, por Jake Hansen

09. E os planos para o futuro? O que a banda está preparando agora? O que vem depois de “Arte Bruta”.
Tocar bastante primeiramente. Estamos trabalhando em clipes do Arte Bruta, e materiais para divulgá-lo o máximo possível. Mas como sempre, já temos algumas ideias de músicas novas e riffs. Mas ainda é muito cedo pra isso. Também estamos preparando uma série de remixes do disco com vários artistas que somos fãs no comando.
10. Deixem um recado final para os fãs da BIKE, os novos e os fiéis, a palavra está com vocês!
Obrigado de coração a todos. Fazer a música que fazemos, falando do que falamos, sem nenhum apelo romântico desde sempre diminui muito nosso alcance. Então sabemos que quem nos acompanha realmente gosta da gente, da experiência dos nossos shows e da nossa música. Pra quem está nos conhecendo agora, bem vindo ao nosso universo e por favor espalhe a palavra do nosso som. Acompanhe a gente pelas redes sociais e bora nessa pedalada!

Crítica: BIKE – Arte Bruta (2023, Before Sunrise Records)

Bike
Arte Bruta
(Before Sunrise Records/Quadrado Mágico Records)
Release Date: May 5, 2023

Hoje temos a oportunidade não apenas de nos aventurar (pense na Amazônia em vez de Ozzies), mas também descobrir um novo território desconhecido no mundo musical. Aproveitando definitivamente a ocasião para inovar nos domínios da música psicodélica, pós-tropicaliana, indie e rock progressivo, temos o prazer de apresentar o mais recente álbum dos exploradores sonoros paulistanos BIKE – seu primeiro disco desde a pandemia – Arte Bruta.

Lançado em conjunto pelos selos Quadrado Mágico e Before Sunrise Records, aqui o BIKE atinge o auge de sua carreira musical até então, atingindo lindamente a maturidade e abraçando um som mais brasileiro. Guiados pelo produtor e guitarrista Guilherme Held, nos poucos anos que a banda levou para gravar este álbum, eles se sentiram confortáveis o suficiente para se aventurar extensivamente em novos reinos musicais e o BIKE encontrou seu lugar como os maiores embaixadores da musicalidade brasileira.

Das 13 faixas em oferta, a banda ainda oferece sua marca registrada psicodélica, enquanto dá lugar a uma onda de explosão criativa, indutora de transe, percussiva e de groove de belo som com toques de rock psicodélico dos anos 60 e 70, krautrock e rock progressivo, ritmos latinos e afro-brasileiros.

No geral, através do álbum Arte Bruta, o BIKE atingiu um nível totalmente diferente em sua carreira musical. Além de BJM, este álbum deve trazer uma emoção madura para os fãs de artistas como The Black Angels, Tame Impala, Kikagaku Moyo, Beak, Os Mutantes, Goat, Osees e até Ty Segall.

Formado em 2015 por Julito Cavalcante (guitarra e voz), Diego Xavier (guitarra e voz), Daniel Fumega (bateria) e João Gouvea (baixo), o BIKE tem uma trajetória de longas jornadas – sonora e geograficamente.

Nos últimos meses, a banda fez extensas turnês, tocou ao vivo no KEXP de Seattle, fez dezenas de shows no SXSW e no Treefort Music Fest, além de abrir para o The Brian Jonestown Massacre em sua cidade natal, São Paulo.

O álbum Arte Bruta representa o processo de autoanálise que essa coleção de psych-rock pós-tropicalia e noise rock passou nos últimos anos, resultando no salto mais ousado da carreira do grupo.

“Nós avançamos em relação ao nosso som nos álbuns anteriores. Conseguimos misturar tudo de mais legal que já havíamos feito com referências novas e antigas que ainda não apareceram em outros discos. Também adicionamos novos elementos e instrumentos artesanais nas músicas. A ideia era soar artístico e cru ao mesmo tempo”, diz Julito Cavalcante.

Chamando a atenção e agradando os fãs desde o lançamento, BIKE é a única banda brasileira que lançou música (“Enigma Do Dente Falso” em 2014) através do selo Columbia Records 30th Century Records, fundado pelo cultuado produtor americano Danger Mouse.

O álbum de estreia do BIKE, 1943, em 2015, foi seguido por Em Busca da Viagem Eterna (2017), Their Shamanic Majesties’ Third Request (2018) e Quarto Templo (2019), cuja música foi aclamada pela crítica.

Até o momento, o BIKE já fez mais de 400 shows em 16 estados brasileiros, desde palcos maiores até casas underground e festivais. Eles também já dividiram o palco com The Black Angels e Os Mutantes. A banda também fez três extensas turnês internacionais pela França, Alemanha, Itália, Bélgica, Escócia e País de Gales e se apresentou em alguns dos principais festivais de música da Europa, incluindo Primavera Sound, Nox Orae, MIL Lisbon e The Great Escape.

A partir de 5 de maio, o álbum Arte Bruta estará disponível nas plataformas digitais finas, incluindo Spotify, Apple Music e Bandcamp em https://bikeoficial.bandcamp.com/album/arte-bruta

fonte original: https://spillmagazine.com/spill-album-premiere-bike-arte-bruta/
origem da fonte: Toronto, CA

Bruno Montalvão

https://www.brainproductionsbooking.com

Carlo Bruno Montalvão gosta de gatos, acredita em ETs e até se considera um deles, adora cozinhar, e "sofre" pelo Lakers e Flamengo. Montalvão também é manager, booker e produtor cultural com +25 anos de experiência e trabalhos realizados na Indústria Musical. Já realizou turnês por todo o Brasil, e também Estados Unidos, Marrocos, Canadá, México, Argentina, Espanha, Chile, Itália, Suíça, França, Reino Unido, Dinamarca, Suécia, Áustria, República Tcheca, Alemanha, País de Gales, Gibraltar, e deu palestras no SXSW, Pop Montreal, Path Festival e diversos outros Festivais. Trabalhou com artistas como Mac DeMarco (CA), Acid Mothers Temple (JP), The Brian Jonestown Massacre (US), Alice Glass (CA), Franc Moody (UK), Sebadoh (US), Jonathan Richman (US), Allah Las (US), The Helio Sequence (US), El Mató A Un Policía Motorizado (AR), Vanguart (BR), entre outros. Atualmente comanda a Brain Productions Booking, o selo indie Before Sunrise Records e apresenta o programa de radio IndieAmerica, na Mutante Radio. #FreePalestine #IndieAmerica

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