steve shelley foto: divulgação

Conversamos com Steve Shelley (Sonic Youth) sobre sua carreira, amigos e seus shows como DJ

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Baterista de uma das bandas mais clássicas bandas da história do rock, o Sonic Youth, gerente de gravadoras independentes e agora, DJ. Leia o papo que batemos com Steve Shelley.

A onda de festivais online que salvaram a quarentena de muita gente têm apresentado produções, ideias e line-ups cada vez mais atraentes.  O Noramusique Festival, que aconteceu no último sábado (13 de março), foi uma prova disso. O evento, em sua segunda edição (precedido pro festas físicas que já acontecem há mais tempo no Rio de Janeiro) trouxeram um line-up para divertir quem está em casa neste período difícil pelo qual passamos.  DJs de várias partes do mundo, com destaque para o baterista da icônica Sonic Youth, Steve Shelley, se apresentaram.

Falando de sua casa, Steve conversou conosco já fazendo mistério sobre o que esperar de sua apresentação no festival. “Independente do que as pessoas estão esperando (de seu DJ set), garanto que ficarão surpresas. Relaxem, façam log in no evento e curtir um pouco de música”.

Na semana em que celebramos o Dia do DJ (09 de março) com reportagens especiais e um editorial apaixonado, ter a oportunidade de curtir uma apresentação de um ícone do indie rock é muito excitante. “Sou basicamente um DJ amador que é requisitado às vezes para apresentações profissionais. Se você é um músico, a chance é muita grande de você se estender para a discotecagem. Nós músicos passamos muito tempo juntos escutando música, discutindo música, comprando música, assistindo outras bandas no mesmo festival. DJing é uma extensão da nosso contínuo compartilhamento de informação musical”.

Após o final do Sonic Youth em 2001, Shelley dividiu seu tempo entre participar de outros projetos musicais, principalmente acompanhando o amigo e líder da banda Thurston Moore, e o gerenciamento de gravadoras independentes.

Sobre o tesão por administrar gravadoras, Shelley explica que “cuidar dos selos e do arquivo do Sonic Youth me traz uma grande alegria. E proporciona também muita alegria às pessoas”.  A ligação com Moore é bastante próxima e longeva. “É difícil descrever as nuances de uma relação com alguém que eu venho tocando junto há 35 anos, mas eu posso dizer que sou extremamente feliz em poder trabalhar com o Thurston. Eu acho que ele tornou este estilo de vida possível para mim, me convidando para entrar no Sonic Youth e me inserindo em outro universo.

Steve Shelley entrou no Sonic Youth de uma forma incomum.  Quando Thruston e Kim Gordon saíram para uma turnê, contrataram Steve para cuidar seus cachorros.  No reencontro, contaram que o baterista da banda havia os deixado. Shelley foi admitido no Sonic Youth sem mesmo fazer uma audição.

O Noramusique contou com DJs de vários lugares do mundo. Além de Steve, tocam os brasileiros Larry Antha e Danilo, do Brasil, o francês Banju e Agge, da Argélia.

Steve Shelley

foto: reprodução Youtube

Todos os projetos em que Steve se envolve mantém o padrão Sonic Youth de experimentalismo, estendendo os limites do que é consoante e dissonante no rock e a atitude independente e transgressora. Perguntado sobre sua opinião em relação à coragem de experimentar das bandas atuais, responde categoricamente: “Eu acho que deveriam experimentar mais, com certeza. Acho que acima de tudo as bandas devem fazer o que interessa a elas, mas se você esta querendo saber se eu acho que a música mainstream fica sem graça em alguns momentos, eu te respondo: acho!”.

Finalmente, falamos sobre a importância dos eventos online atualmente, num momento em que o Brasil atravessa a pior (e infelizmente previsível) fase de sua luta contra o Covid. “O telefone e o laptop tem sido cruciais durante esta crise e novos tipo de evento como as festas no Zoom são extremamente necessárias nos dias de hoje”.

 

 

 

 

 

 

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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