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John Newman: “Cantores podem ser DJs, e é isso o que eu faço”

John Newman

John Newman no Tomorrowland 2025. Foto: Reprodução/Tomorrowland

Perto de sua apresentação no palco principal do Tomorrowland Brasil 2025, hitmaker britânico conversa com Vitória Zane

John Newman cresceu em uma pequena cidade do norte da Inglaterra, chamada Settle. Morando em um conjunto habitacional e emprestando equipamentos para tocar, o jovem artista não imaginava criar hits mundiais como cantor, compositor, DJ e produtor.

Tudo começou em 2012, quando ele colaborou em Feel The Love, com Rudimental. Um ano depois veio Love Me Again, estreando em primeiro lugar no Reino Unido e chegando ao top 10 em mais de 30 países. Ainda em 2013, ele lançou seu primeiro álbum, Tribute. No ano seguinte, participação em outro hit: Blame, de Calvin Harris, que se tornou a primeira faixa a quebrar dez milhões de streams em uma semana no Spotify.

Mas nesse meio tempo, Newman deu uma pausa na carreira para se redescobrir. Voltou com força total em 2021, já com If You Really Love Me (How Will I Know), em colaboração com David Guetta e MistaJam.

Após três indicações ao Brit Awards, mais de 2,5 bilhões de streams e nove faixas número 1 como compositor e artista, o britânico voltou às suas raízes e tem se dedicado ao cenário da música eletrônica.

Misturando suas habilidades de DJ e produtor com sua performance vocal ao vivo, John Newman tem se apresentado em inúmeros festivais. O próximo deles é o Tomorrowland Brasil, nesta sexta-feira (10). Aproveitamos para conversar com o artista sobre sua carreira.

Vitória Zane: O que é mais difícil para você: fazer pizza ou produzir música?

John Newman: Bom, demorou cerca de seis horas para fazer a pizza perfeita, e fiz apenas quatro músicas perfeitas esta manhã. Então, eu acho que a pizza, para ser honesto. Mas é bom aprender algo novo de vez em quando, sair da zona de conforto.

Falando em comida, você provou alguma comida brasileira quando veio aqui?

A última vez que tocamos no Tomorrowland Brasil [2023], a tempestade veio e o festival ficou muito complicado. Tivemos uma longa viagem, eu estava com um horário confuso. Meu tempo foi passado dentro do hotel, trabalhando o que eu ia tocar, e tudo aconteceu muito rápido. Nós voltamos para o Amsterdam Dance Event logo em seguida, então eu fiquei poucas horas no Brasil. É um lugar que eu sempre quis ir, e estava um pouco desesperado porque não consegui ter tanto tempo aí. Espero que dessa vez eu consiga um pouco mais. Também estou indo para o Creamfields Chile depois, então vou ficar na América do Sul, o que é legal.

A sua apresentação no Tomorrowland belga deste ano foi incrível. Você estava muito feliz e sua alegria contagiava. Como foi para você esse momento?

Sim, você está certa. Eu estava emocionado ao dizer que eu estava trabalhando tão duro com isso por cinco anos, apesar de ainda receber comentários o tempo todo dizendo “não sabia que ele era um DJ”, e eu acho que foi apenas o meu ponto de dizer que no mundo moderno, as pessoas não gostam de mudança e não querem aceitá-la, mas olha o que a mudança no Tomorrowland trouxe!

A mudança radical, o trabalho duro no palco, o que eles tiveram que fazer porque o palco pegou fogo, e criou esse momento mágico e incrível que todo mundo abraçou. Essa situação se relacionou com o que aconteceu na minha carreira, e eu realmente senti que estávamos interconectados nisso, eu e o Tomorrowland.

Faz cinco anos que você parou por um tempo e refletiu sobre seu futuro. Por que escolheu a música eletrônica, e como essa relação começou antes mesmos dos hits e das colaborações com Calvin Harris?

Foi assim que eu comecei. Quando criança, eu era um produtor de dance music e também cantava. Cantar era o que chamava a atenção das pessoas, mas durante a minha carreira eu compus e produzi para outros e sempre fiz música eletrônica. Foi só quando eu cheguei a uma fase  em que muitas pessoas começaram a chamar para fazer programas de televisão, ser uma celebridade… Eu simplesmente não queria aceitar as ofertas. Não é por isso que estou aqui. Eu não gosto muito da parte da fama. Como vocês podem ver, eu passo todas as minhas horas no estúdio.

Então eu decidi parar, e acho que foi a coisa mais saudável que fiz. Fiquei por um ano fora da indústria e foquei em me conhecer — você é jogado para o estrelato com 21 anos, então eu precisava conhecer de novo o John, não o John Newman. E depois de encontrar a mim mesmo, eu apenas quis criar algo, ver isso evoluir e ser essa pessoa criativa. Senti isso com todo o meu coração.

Abri o meu computador e a primeira coisa que fiz quando voltei para me encontrar foi dance music. E pensei: “que interessante!”. Eu abri a porta para o meu eu mais jovem de novo. Era uma música instrumental de dez minutos. Comecei a cantar, e depois e ela se tornou Call Your Name, que virou uma colaboração com Alesso lançada na Tomorrowland Music.

Hoje em dia, os artistas são quase forçados a viralizarem no TikTok e nas plataformas, mas na sua carreira, as coisas foram muito mais orgânicas. Como você se sente sobre isso?

Estarei do lado que a música sempre ganha. Acho que você pode, sim, fazer de uma forma orgânica, e acredito que as pessoas respeitam a arte e a paixão verdadeira. Isso vai ser reconhecido. Eu acho que vamos ter plataformas e maneiras de marketing que vão se adaptar, mas o marketing que usamos agora, TikTok ou Instagram, é o que seria o meu poster no lado de um ônibus quando eu comecei, ou ir em um programa de televisão. É a mesma coisa. Todo mundo quer sentir a personalidade de um artista atrás da música, e essa é a nova plataforma para fazer isso.

E o que você gostaria que as pessoas entendessem melhor sobre John Newman, além dos seus hits e colaborações?

Quando eu era um garoto, eu era um DJ produzindo música, e o que aconteceu foi que peguei as influências da soul, misturei com a música eletrônica e lancei uma faixa chamada Love Me Again, e todo mundo ficou: ‘ah, ele é um garoto do soul’. Eu estive envolvido na comunidade da dance music por muitos anos, e agora eu performo um show híbrido incrível e energético em alguns dos maiores palcos do mundo. E, sim, eu sou DJ. Está tudo bem. Cantores podem discotecar, e é isso o que eu faço.

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