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Entre drinks e mamadeiras: mamães clubbers e DJs que se dividem entre a maternidade e a noite

É segundo fim de semana de maio, e você já sabe: Dia das Mães – não vai rolar after. Pare de lamentar, deixe de ser um filho desnaturado e vá almoçar lasanha com a sua senhora (sem estar virado, por favor). Porque mãe só tem uma, mas noitada tem sempre!

Celebrando as figuras maternas, que nos criaram com tanto carinho para a gente se estragar nas pistas ouvindo techno, reunimos histórias de DJs, clubbers, produtoras culturais e festeiras profissionais que dividem seu tempo entre a alta madrugada, a música e os cuidados de seus filhos.

Ouvindo a história dessas moças bonitas e cheias de garra, notamos que uma coisa é certa: ter filho muda a gente, muda essas mulheres, e são dessas evoluções que a vida é feita. Por isso é para as mamães DJs e clubber o nosso feliz Dia das Mães em 2016!

DJ INGRID
Quem vê a animada Ingrid comandando a cabine de clubes como o D-Edge talvez não imagine que ela é mãe de um rapagão todo tatuado que já frequenta suas festas. A animada DJ santista conta como foi conciliar sua ascendente carreira nas cabines com o crescimento de Breno, que hoje está com 20 anos.
d-edge.com.br/artistas/ingrid

FERVENDO COM O FILHO
“O Breno participa muito, já foi comigo em várias festas e é muito agradável quando o vejo na pista de dança. Ele gosta de música eletrônica e sente orgulho de me ver tocar. Eu treinava e pesquisava músicas no período em que o Breno estava na escolinha.”

Ingrid e Breno: amor de mãe e filho nas pistas e na pele

DISCOS, GIGS E MAMADEIRAS…
“Virei DJ quando o Breno tinha 2 anos, mas foi tudo tranquilo… Quando tinha que tocar minha mãe ficava com ele, depois quando ele estava um pouco maior treinava até com ele em casa. O legal da profissão é que me sobrava mais tempo do que quem trabalha em tempo integral. Ele se acostumou a fazer programinhas de criança em dias de semana e fim de semana passava com a avó.”

DICAS PARA FUTURAS MAMÃES DJÉIAS
“O que sempre fiz foi procurar voltar num voo mais cedo para não perder tanto tempo sem ele. Para ser mãe no meio de uma carreira, com certeza no primeiro ano é preciso parar um pouco, depois dá pra conciliar se tiver algum companheiro ou uma família para ajudar”.

 

MANU D’ALCÂNTARA
Vocalista do grupo mineiro Funky Fat, Manu descobriu que estava grávida do Pedro aos 25 anos, quando era baladeira de “festa, evento, rave de quarta a domingo”. Ela diz que toda a preocupação com o filhote, que hoje tem 7 anos, vale muito mais do que qualquer noitada.
facebook.com/funkyfat

AJUSTANDO A VIDA PARA UMA CRIANÇA
“Nenhuma hora pensei em interromper a minha gestação. Comecei a trabalhar na noite quando ele tinha 2 anos. Foi um pouco complicado no início. Eu ficava pensando o tempo inteiro se ele precisava de mim, se sentia minha falta. Mas tive muita sorte, sempre pude contar com meus pais. Eles além de me apoiarem com a música, ajudaram e ajudam a olhar o meu filho sempre que preciso trabalhar. Hoje nós dois tiramos de letra: meu filho me apoia, sabe cantar todas as músicas da banda, me ajuda a escolher os looks para os shows, adora ver os vídeos e as fotos das viagens. Ele com certeza é um grande parceiro”.
“‘MÃE, DEIXA EU IR COM VOCÊ?’ O sonho dele é me ver cantar como ele vê nos vídeos”

Durante a semana com o filho, fim de semana com o Funky Fat

DIA ÚTIL, DIA DE FOLGA
“Geralmente os shows são nos fins de semana. O que em parte é bom e ruim para nós dois. É ruim porque como trabalho no fim de semana, perco todo o tempo livre que ele tem. Poderíamos ir ao clube, cinema, parques, fazer mais programas de mãe e filho juntos. Porem também É BOM porque posso passar os dias úteis cuidando dele, levando para aula, fazendo os deveres… Mas sinto muita falta de passar mais tempo com ele. O que me conforta muito é que logo ele já estará numa idade boa para leva-lo comigo para alguns lugares que toco”.

“Meu filho ama música, escutamos muito rock e eletrônico em casa. Eu ficaria muito feliz se o gosto musical dele fosse como o meu (rs)”

 

MARA BRUISER
DJ icônica das raves Brasil afora, Mara dividiu em sua vida o peso do techno com a delicadeza de ser mãe. Oliver, hoje com 13, ia para as cabines com a mãe, que tocava grávida no auge de sua carreira. Mas com a chegada de Ryuki, 3 anos agora, ser DJ virou apenas hobby, já que ela quis curtir melhor a maternidade.
facebook.com/mara.bruiser

TOCAR GRÁVIDA
“Ser mãe nunca foi empecilho pra minha carreira – foi uma adição!  Ser mãe me tornou uma pessoa melhor e até uma DJ melhor, quando você está grávida seus sentidos ficam mais aguçados, mais sensíveis… Você sente mais a música e passa isso pra pista… Tocar grávida é mágico!!!
OLIVER
“A gravidez do Oli foi super sussa. Trabalhava em uma loja de discos em Londres e tocava todos os finais de semana nas squat parties. A única mudança foi que não bebia mais e não ficava mais tanto tempo nas festas. Essa gravidez se encaixou na minha vida de DJ, tocava e viajava para festivais, foi muito tranquilo. Ao invés de beber cerveja, comia lanchinhos e frutas que sempre levava comigo.

“Hoje em dia quando vou tocar ou dar uma fervida o mais velho fica com a vovó e o pequeno com o papai! Daí a mamãe se joga pra valer! ahahhahaha… Necessário de vez em quando, pra manter a mente sã!”

Mara sempre levou os filhos pra tocar na barriga

RYUK
“O Ryuki foi mais complicado, ele nasceu prematuro de 29 semanas então foi um tempo no hospital, toda a dedicação do mundo só pra ele. Tive que deixar a discotecagem de lado! Resolvi me dedicar 100% à criação e à infância dele, já que com o meu primeiro tocava todos fins de semana e acho que perdi um pouco daquela fase super gostosa e que passa muito rápido.

MÃE DJ, FILHOS DJs?
“Eu prefiro que eles escolham o que vão querer ser, nunca tentei ensinar meu mais velho a tocar e ele me parece que nunca se interessou, mesmo tendo mãe e pai DJ… E eu respeito!! O importante pra mim é eles curtirem a infância sendo crianças!”

ANA FLAVIA
DJ do femino crew De Polainas, metade do duo turkish Yogurtaban ao lado de seu companheiro Emrah Imre e nome criativo há anos na noite paulistana, Ana Flavia parou de tocar para trazer ao mundo o fofo Cosmo, e agora está ansiosa para retornar às pistas.
http://soundcloud.com/Djanaflavia

TROCANDO DISCOS POR MAMADEIRAS
“Parei faz dois anos mais ou menos, minha última gig foi no 3o mês da gravidez. Hoje o Cosmo tem 1 ano e meio quase. Não me sinto desatualizada, mas eu diria meio ‘por fora’,  é isso é uma sensação boa”.

“Agora a gente pensa duas vezes antes de ir pro after 😛 Saudade a gente tem até quando eles dormem!”

As definições de fofura de Ana Flavia e Cosmo foram atualizadas…

SER MÃE COMBINA COM SER CLUBBER?
“Não tinha muita vontade de ser mãe não. Eu trabalhei 15 anos na noite e sabia que pra mim não ia combinar ter um filho. Por isso eu comecei a trabalhar de dia pra segurar a onda. Eu admiro muito quem consegue trabalhar a noite no primeiro ano do bebê, porque não é fácil. Noites sem dormir agora só são dentro de casa, no quarto do neném. E muitas, seguidas. Essa pausa foi essencial pra nós. Deu até pra sentir saudade :-)”

A PODEROSA TRILHA SONORA DO COSMO
“Gostaria sim que ele gostasse de música, e acho que ele gosta. Ele ouve de tudo e sempre dança. A chegada do Cosmo foi assim: De Neil Young a Peaking Lights. The Fall, Can, Holly Golightly, Crass, Sonic Youth, Screamin Jay Hawkins, Phyllis Dillon – nossa essa ele até enjoou! Músicas Yogurtaban. Bach e Schumman bombamos. Death Metal. Música eletrônica antiga e nova. Tem muita coisa!”

 

CLAUDIA ASSEF
DJ e dona da bagaça aqui no musicnonstop, Clau sempre quis ser mãe e nunca deixou de amar a música por isso – uma de suas duas filhas tem nome de banda indie dos anos 90 (Luna), e ela conta que ferveu bastante durante as duas gestações!

“Horas antes de ganhar a Luna, num parto natural em casa que pareceu roteiro de filme (o médico não chegou a tempo, nem a parteira!!!!), eu estava dançando um set do Pat Mahoney e do James Murphy. Isso é que é gostar de dançar, né!!”
AJUSTANDO A VIDA PARA AS CRIANÇAS
“Sei dizer o que funcionou pra mim. Tive a Luna aos 34 anos, e acho que foi perfeito. A Maia chegou aos 37. Eu já tinha curtido muito a noite, mas eu ainda gosto, hoje saio muuuuuuito menos, lógico, mas ainda curto, e elas ficam com as avós, com a tia, não tem muito drama”.

MÃE CLUBBER, FILHAS CLUBBERS?
“Elas amam música e festa. A Luna é mais do fervo, das batidas, ela curte Grimes. A Maia é mais romântica, curte Amy Winehouse e Lily Allen. Mas as duas curtem muito ficar comigo na cabine, e também fazem aula de piano com a mãe do L_cio. Quero que elas façam o que quiserem quando crescerem, não têm obrigação de serem clubbers, mas acho que vão gostar da coisa, sim”.
“Grávida da Maia, toquei uma vez no D-Edge e gravei o set. Era uma coisa meio da disco ao techno. Já na gravidez da Luna eu ouvi muito um disco da Bebel Gilberto, estava superemotiva.” 

 

CLAUDIA PINHEIRO
Além de promoter e festeira, Claudinha tem como título clubber o posto de mãe do Benja, rapaz de 16 anos que está sendo uma revelação dos lives nas festas mais under de SP (conheça-o). “A gravidez do Benjamim foi o período mais sublime da minha vida”, gaba-se a mãe coruja!

CRESCENDO ENTRE BEATS…
“Fui ver Orbital e Laurent Garnier grávida. Era a época dos grandes festivais de música eletrônica na cidade: Skol beats, Free Jazz… Sempre dei um jeito de ir em todos, e os amigos clubbers e DJs estavam sempre em casa. Quando Richie Hawtin se apresentou pela primeira vez no Skol Beats, dei a última mamada do às 23hs e fui para Interlagos; voltei às 06 da manhã pra dar a primeira mamada do dia. Sempre tive amizade com a família do Camilo Rocha, éramos vizinhos. Através do Camilo e suas irmãs conheci de perto a cena de música de eletrônica de SP e de Londres; a Mara Bruiser que também tinha filho pequeno, a casa estava sempre cheia de DJs de SP e da Europa: Jerome Hill e Dave The Drummer frequentavam nossas festas, tudo num clima muito agradável sem abusos. E o Benja me acompanhava nos eventos de música eletrônica durante o dia”

…E ENTRE LIVROS TAMBÉM!
“Ao primeiro sinal da gravidez parei imediatamente de fumar. Nessa época eu trabalhava no mercado editorial, produzia e divulgava livros. O pai dele continua no meio editorial e juntos, eu e o Jorge Sallum, pai do Benjamim, criamos a Editora Hedra, tínhamos uma pequena e charmosa livraria no bairro da Vila Madalena, onde funciona a editora. Na realidade o Benja nasceu entre livros”.

A da esquerda é promoter, e o da direita, seu filho, já faz lives por aí…

“Nunca tive que renunciar ou abdicar nada, conciliei liberdade com prioridades de mãe.”

MÃE DE DJ
“O Benja não gosta muito que eu vá na balada que ele toca. Entendo esse mal estar de ter a mãe por perto, faz parte da idade e procuro respeitar o tempo e o espaço dele. Mas somos muito cúmplices um do outro pelo fato de estarmos juntos na noite. Uma das razões que me fazem trabalhar na noite é poder estar  mais próxima dele e de tudo que está ao redor. O fato de todo mundo nos conhecer acaba sendo uma proteção também, temos ótimas relações com o público que frequenta e com quem trabalha na noite. Falamos abertamente sobre tudo que envolve a noite, sem hipocrisias.

Presença + afeto = proteção. A receita é simples.

 

GAÍA PASSARELLI
VJ, jornalista, cronista de viagens e agitadora do histórico portal rraurl, Gaía teve Lorenzo no auge de seus tempos de jogação. E isso mudou sua vida. “A gravidez foi muito feliz, mas não planejada, e veio numa fase em que eu estava muito pé na jaca. Hoje acho que a gravidez me salvou de uma fase bem perdida na vida”.
http://gaiapassarelli.com

LEMBRANÇAS DA BARRIGONA
“A primeira coisa que fiz foi parar de fumar e beber e usar drogas. A segunda foi encontrar um obstetra bacana para fazer o pré-natal e cuidar da saúde. Nada disso foi difícil. Minha gravidez foi ótima e o Lorenzo nasceu perfeito. Estava tocando um set do Michael Meyer quando ele nasceu, era 2004”.

“O maior desafio é equilibrar as rotinas de trabalho e de mãe. E viajar, claro. Programar uma balada é fichinha perto do que você tem que lidar se vai passar um mês na Índia.”

MENOS PISTA, MAIS PRESENÇA MATERNA
“Depois que o meu filho nasceu, por ter os avós dele bastante presentes, ainda saí bastante à noite. Não com a mesma frequência, claro, mas ainda curti muita edição da Circuito e festa do D-Edge, por exemplo. Mas isso foi ficando de lado naturalmente. Pista de dança pra mim sempre esteve (desculpe a honestidade) ligada a excessos e aos poucos fui lidando mal com isso, pois bebida e droga cobram um preço meio alto. A música ainda ocupa um espaço grande na minha vida, mas em outra relação, principalmente por ter ido trabalhar com TV e ver que o mundo lá fora era bem maior do que o DJ alemão tocando na boate. Nesse sentido, parar de sair à noite e abraçar outras experiências foi como sair de uma bolha”.

Sei que não vou perder um braço se não puder ir numa festa ou ver um show. Essas coisas passam, semana que vem tem outro, na outra semana outro e assim por diante.

 

MARY OLIVETTI
Essa DJ houseira nunca fugiu dos seus instintos maternos, desde quando teve que cuidar de sua irmã 7 anos mais nova. Hoje, ela já tem o Luca, de 1 ano e 9 meses, e o “filho número 2”, o Francesco, de 9 anos, do primeiro casamento de seu marido. E ela quer ter mais dois, no mínimo!
http://soundcloud.com/maryolivetti

GRAVIDEZ PLANEJADA
“Comecei a amadurecer a ideia de ser mãe aos 30 quando já me via um pouco estafada de tanta noite e de tantas viagens. Tocando desde os 18, a pausa foi triplamente construtiva: primeiramente pela chegada do meu filho; em segundo, o descanso; e por último, o retorno. A gente volta melhor, mais forte e querendo fazer aquilo que realmente nos dá prazer. Toquei até o quinto mês de gravidez, isso porque tive algumas complicações na gestação. Também fiquei bem resguardada, não era muito de sair”.

A AJUDA DO PAI
“Eu tenho um marido fora de série. Se não fosse ele, não teria como administrar, até porque minha família está no Rio de Janeiro. A minha volta como DJ muito teve a ver com o incentivo do Andrea. Raríssimamente recorremos à babás. Não que eu seja contra, mas quanto menos, melhor”.

Mary, passando o som e a papinha do Luca

“Ter um filho me tornou uma mulher de verdade, minha vida se renovou e me permitiu voltar a ser criança. Isso é fantástico, nunca podemos deixar a pureza infantil de lado.”

PEQUENO CLUBBER
“Meu filho ouve todos os meus sets desde recém nascido. Quando ele chorava, eu colocava um ou outro sets meus, os mais tranquilos eu diria, e ele, com os beats e evoluções, dormia que era uma beleza. Já agora, ele pega nosso iPhone, busca o fone e encaixa o P2. O Play ele ainda não sabe dar, mas damos uma ajudinha e ele sai pela casa curtindo House Music! O Tomorrowland foi uma coisa. Assistimos pela televisão e ele se apaixonou por aquela “moça” que piscava os olhos. E quando via a multidão? Nossa… levantava os braços junto. E o menino não tem nem 2 anos..!

 

MONIQUE DARDENNE
Produtora cultural de agitos como o Boiler Room Brasil, Monique volta e meia é perfilada pela gente, e não a deixaríamos de fora, mãe coruja que é! Mãe da pequena Malu, ela conta que “trabalhou até 1 semana antes de dar a luz”, e agora nos explica como a maternidade muda a vida da gente.

TRABALHAR GRÁVIDA
“Meu corpo se sentia mais cansado e tinha muito sono no começo, mas no meio da gravidez passou e tinha muita energia, no final sentia mais cansaço e um grande peso por causa da barriga mas a gravidez não me fez descumprir nenhuma responsabilidade. Eu me cobrava muito estar bem e ativa”.

MENOS (E MELHORES) FERVOS
“Eu já estava num ritmo bem tranquilo comparado aos meus 20 e poucos anos (rs). Hoje minha filha está com 1 ano e até então nem sentia tanta vontade de sair, pois ficar em casa com a família não se compara com uma saída. Hoje volto bem devagar, prezando por qualidade sem perder tempo. Festas, shows certos e alguns lugares que preciso estar presente por causa do trabalho. No dia seguinte por incrível que pareça, se colocamos ela na nossa cama ela é superparceira para acordar tarde”.

Monique e Malu em painel sobre participação da mulher no mercado musical

“Hoje preciso de pouco para me divertir muito, estar com os amigos tomando um drink, dançar muito ao lado de boas companhias, boas viagens, boa comida. Isso posso ter quando quero!”

E PARA DEIXAR A FILHA EM CASA?
“Organização antecipada com uma boa logística. Os meus pais e pais do meu marido não moram em São Paulo, então quando temos algum programa ela fica com a babá ou com os padrinhos. E isso programamos com 1 mês de antecedência… hahaha. Quando tenho algum compromisso de trabalho, o maridão fica com ela também. Ficamos muito tempo do dia juntas, somos muito ligadas e sou bastante presente”.

“A vida de mãe me deixou mais sensível, mais humana, mais carinhosa, mais aberta…”

 

ÁGATHA BARBOSA
A Azul é filha do Jardim Eléctrico, projeto de música psicodélica de Ágatha e Birdzzie, do rolê Voodoohop. A gravidez da pequena surgiu entre gigs na Bahia, e o casal decidiu não abandonar a música e o ambiente artístico e festivo; após o nascimento, eles montaram o projeto Jardim das Descoisas.
https://www.facebook.com/jardimdasdescoisas

“As pessoas na pista ficavam bem desconcertadas com minha presença, todos muito curiosos com o que eu estava trazendo de novas psicodelias que é ter uma vida dentro da barriga.”

CRESCER NO MEIO DA FESTA E DA MÚSICA
“Algumas pessoas à volta torciam o nariz, mas isso pouco me importava pois é o preconceito dos outros sobre a mãe que não está em casa e sobre a criança que corre livre que incomoda os ranzinzas, minha existência ali por si só já é uma provocação. A interação dela com as nossas artes por outro lado é maravilhosa, já faz parte do imaginário lúdico dela tanto as vídeo projeções, quanto a música que ela já mixa nos controladores em casa e todo o pessoal colorido e criativo que ela conhece nesse meio, toda uma diversidade que para ela será parte de uma educação livre”

INSPIRAÇÃO MATERNAL
“Assim que soube que estava grávida veio uma vontade imensa de montar um projeto como DJ que desse conta de uma narrativa musical da minha vida até lá. Aí surgiu a Cigarra, que é como assino hoje em dia, e o que fui trabalhando dentro destas referências e experiências por uns 3 anos e estão sendo paridas em um EP (“Límbica”) que será lançado pela Tropical Twista. Foi interessante voltar agora sem ter vivido de perto uma transição pela qual as festas passaram, fiquei caçando onde ainda existia aquela cena que ajudei a criar no meio de tanta roupa preta, e aos poucos sacando o fluxo que se seguiu, e isso é um reflexo de mim mesma, né? Maternidade é um divisor de águas, uma vida antes e uma depois”.

“Abriu-se um olhar para o feminino, para o cuidado com a vida como um todo, ligou-se o fio sobre de onde vim e viemos, é um momento de repensar a vida do zero.”

OS DESAFIOS
“O mais difícil é o mundo. É lidar com toda uma construção social que não colabora, não acolhe, que não está preparada para inserir tanto crianças quanto mães na maquina. É uma luta cotidiana para seguir em frente, enfrentando um sistema que me construiu também e assim enxergo também as minhas dificuldades como uma construção histórica da mulher”.

ELKA ANDRELLO
Para dar atenção total à Graziela, a VJ Elka Andrello revolucionou sua vida, indo morar em recantos espirituais na Ásia. “Não fazia sentido morar em SP sem poder curtir meus amigos e me dedicar ao meu trabalho como VJ. SÓ iria sobrar o lado ‘pesado’ da cidade: trabalhar pencas para pagar contas, ver pouco a minha filha, viver no trânsito, poluição e violência.”

MUDANÇA RADICAL
“Moramos 2 anos e meio no monastério e depois passamos 1 ano na Índia, viajamos pela Tailândia e 2 anos no Nepal. Nesse período entrei em contato com a estética asiática mas o que realmente me influenciou e adotei para a minha vida profissional é a diligência, dedicação e cuidado com os detalhes, típicos dos orientais. Foi a melhor decisão da minha vida. Me dediquei aos estudos sobre o budismo, morei no vilarejo do Dalai Lama, escrevia um blog para a revista TPM chamado Tashi Delek e passava a maior parte do tempo com a Graziela, que cresceu sob influências e valores que me identifico”.

“Era super apegada à minha vida boêmia paulistana antes de ser mãe.”

 

Elka buscou no budismo e na Ásia os recantos para melhor curtir a Graziela

DE VOLTA A SP
“Hoje ela tem 9 anos, moramos em SP, trabalho fazendo vídeo cenografias, bastante final de semana e noite. Os avós da Grazi são maravilhosos e adoram ficar com ela quando preciso trabalhar. Meu namorado também é superfamília e me apoia. Só não posso esquecer de avisar que horas chego em casa para a Graziela. E ai de mim se atraso, ela me liga dando a maior bronca ‘pô mãe, são paulo é uma cidade perigosa, eu me preocupo com você na rua a noite!’ rsrs <3”

“Educo a Grazi com liberdade e responsabilidade. Temos um acordo que se ela não mentir, por pior que seja, não fica de castigo, temos apenas uma conversa séria.”

A AJUDA NECESSÁRIA
“Quando morava na Asia tinha babá, a mão de obra por lá é bem mais acessível que aqui. Em São Paulo, dei a sorte de morar no mesmo prédio de uma grade amiga que tem um filho na mesma idade que a minha. Nos ajudávamos cuidando uma do filho da outra, que se tornaram praticamente irmãos e têm uma amizade incrível hoje”.

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