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Entenda por que 2016 vai ser o ano da música independente no Brasil

Por este ser o meu primeiro texto publicado aqui no Music Non Stop, acredito que deva me apresentar. Me chamo Guilherme, sou baixista da banda INKY e dono do selo UIVO Records, focado em música experimental brasileira. Sempre gostei de escrever, principalmente sobre o que mais gosto nessa vida – música. Viajo muito com a minha banda por aí, conheço muitas pessoas e lugares e prometo sempre escrever sob uma visão única, ou seja, a de um músico que está muito presente no cenário independente brasileiro.

A banda INKY: Stephan Feitsma, Guilherme Silva (colunista Music Non Stop), Luiza Pereira e Victor Bustani

A banda INKY: Stephan Feitsma, Guilherme Silva (colunista Music Non Stop), Luiza Pereira e Victor Bustani

Mas e aí, o que podemos esperar da música independente brasileira em 2016? Tenho conversado desde o final do ano passado com pessoas da música (produtores, músicos, entusiastas, assessores de imprensa e outros) sobre o que 2016 no reserva. Após muitas conversas (e cervejas) cheguei à conclusão de que este tem tudo para ser o melhor ano para a música feita no Brasil. Explicarei a seguir, em três pontos, o porquê:

COMPETIÇÃO NÃO TEM NADA A VER

A cena atual da música independente é composta por bandas de diversos estados brasileiros, que quebraram os paradigmas de competição de 5, 10 anos atrás. Elucidarei o que quero dizer através de um exemplo pessoal. Fiz parte de uma banda de indie rock chamada Pop Armada, e começamos a bombar na mesma época que Mallu Magalhães e Holger. Saímos na capa da Folha Ilustrada de 2007, em uma matéria descrevendo quem era essa nova geração de músicos que cantava em inglês. A Pop Armada era bem legal; estávamos tocando ótimos shows como o Eletronika, em BH, com Hurtmold e a própria Mallu;  abrimos o show do Eagles of Death Metal na Clash, lançamos clipe na MTV, entre outras coisas.

Pop Armada – The Apple Anthem

Com 19 anos na época e por ser uma criança ainda (não sou velho, tenho 27 anos), acreditava piamente que o sucesso de outras bandas seria ruim para mim: “Nem quero trocar ideia com essas caras da Holger… vamos fazer a nossa e é isso.” O tempo passou e  fui percebendo que não podia estar mais errado. O sucesso das outras bandas não é somente bom para o sucesso da sua banda, é essencial. Uma banda boa com bastante repercussão é legal. Agora, um monte de bandas boas com bastante repercussão é incrível. Uma banda sozinha não faz nada; várias fazem uma cena. A Pop Armada acabou em 2010 e logo depois criei a INKY. Qual foi a primeira coisa que eu fiz? Liguei para o Pata da Holger e pedi ajuda. Essa parada de competição não está com nada. Estamos todos juntos na missão de fomentar a música independente brasileira e fazê-la ser sustentável.

Guilherme procurou apoio da banda Holger quando formou a INKY

Enfim, tudo isso para falar que existe toda essa nova leva de bandas do Brasil que pensa na cena como um todo, não tem medo de conversar e ir atrás, assistem aos shows uns dos outros e divulgam uns aos outros. Parece uma coisa super simples o que estou dizendo, porém, no rock feito no Brasil, não é algo habitual.

QUALIDADE ACIMA DE TUDO

Minidoc com o rapper Rico Dalasam, que lança álbum em 2016

As bandas são essencialmente BOAS. Não tínhamos tantas bandas boas assim há 10 anos. O cenário independente brasileiro deu um boom nos anos 90 e atingiu o ápice no começo dos anos 2000 com a cena emo. Mas, o que aconteceu depois disso? A minha teoria é que o público das bandas emo envelheceu, desenvolvendo novos gostos e prazeres,  e as essas bandas não foram capazes de acompanhar seu público e a disseminação da internet, o que culminou com esse gap na música independente. Apesar de termos alguns artistas bons e relevantes que vieram daquela época (entre 2002 e 2009), ele foram meio nulos ao se tratar de música independente brasileira.

E por falar nas bandas boas, vocês estão ligados em quantas vão lançar disco em 2016? Far From Alaska, INKY, O Terno, The Outs, Carne Doce, Tagore, EATNMPTD, Céu, Curumim, Rico Dalasam, Liniker, Francisco El Hombre… Só isso já basta para ficar ansioso por 2016.

Carne Doce, Fetiche

O LADO BOM DO DÓLAR NAS ALTURAS

A alta do dólar vai ajudar muito o mercado nacional. 2015 já apresentou uma relevante baixa na quantidade de shows internacionais no Brasil. Imaginem como vai ficar agora em 2016 com o dólar batendo R$ 4! Ficaremos sem assistir a shows das bandas gringas de que gostamos, mas eu até que estou feliz com isso. Por ser mais difícil de viabilizar a contratação de um show internacional, vai sobrar pras bandas brasileiras assumirem os postos que os gringos teriam em festivais e eventos privados. As bandas brasileiras vão ter muitas oportunidades em 2016. Ficará mais difícil sair do país para tocar, mas será mais fácil tocar por aqui.

2016 tem tudo para ser “O ANO” da música independente do Brasil. Torço com todas minhas forças para que eu esteja certo.

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