Matt Damon e Ben Affleck Matt Damon e Ben Affleck – foto: reprodução Youtube

Em busca de melhores condições de trabalho, Matt Damon e Ben Affleck abrem sua própria produtora

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Parte do enorme time de desapontados com os valores pagos pelas plataformas de streaming, Matt Damon e Ben Affleck resolvem abrir sua própria produtora e prometem dividir lucros também com as equipes técnicas dos filmes

Assim como na música, o mundo do cinema é palco de um movimento crescente de descontentamento com os valores pagos aos criadores pelas plataformas de streaming. As principais reivindicações são a falta de transparência nos relatórios de audiência – praticamente impossíveis de serem auditados já que os números não respondem a um produto físico – e aos royalties baixos, cujos valores são determinados por gigantes detentores de uma base gigantesca de usuários, tremendo instrumento de poder, no que diz respeito à distribuição.

Mais duas vozes se levantem nesta discussão: os astros de Hollwood Matt Damon e Ben Affleck acabam de anunciar a criação de uma produtora independente de filmes, com a missão de tornar mais justos o pagamento de quem trabalha para eles. O nome da empreitada já demonstra suas intenções. A Artist Equity (algo como “igualdade para artistas”, em tradução livre pretende entrar no mercado e ajudar na melhoria das condições desta indústria milionária.

 

 

Além de colocarem dinheiro do próprio bolso, Damon e Affleck ainda conseguiram captar um investimento de 100 milhões de dólares para alçarem voo. Os atores vão além. Prometeram ser a estrela principal dos primeiros filmes da empresa (ambos não revelaram quantos filmes pretendem encabeçar) e exclusividade na produção executiva dos projetos.

“Como as plataformas de streaming proliferaram, eles realmente acabaram com a partipação nos lucros, e isso será uma dos esforços que nós vamos tentar recapturar, distruibindo os royalties de forma mais igualitária” – disse Ben Affleck ao New York Times – “não apenas para os diretores, roteiristas e estrelas, mas também para os editores, câmeras, figurinistas e outros artistas cruciais que são, em minha visão, muito mal pagos”.

A proposta que a dupla pretende colocar em prática, através da Artists Equity, é a de pagar cachês com valores menores, porém compensá-los com participações nas receitas dos filmes a média e longo prazo. Isso pode garantir, caso a produção seja um sucesso, altos valores às equipes que participaram do projeto. Isso vai garantir, segundo Damon e Affleck, que os envolvidos “tenham a propriedade do seu potencial criativo, estabelecendo um ambiente onde tanto os profissionais estabelecidos quanto os emergentes consigam desenvolver sua criação de conteúdo”.

No mundo do cinema, a luta por melhores direitos e a união da classe artística é sólida e constante. Não à toa, o maior e mais respeitado prêmio da categoria, o Oscar, é uma iniciativa de um sindicato de classe, e não de uma empresa privada, veículo de mídica ou associação de produtores. Já em 1919, Charlie Chaplin, Mary Pickford, Douglas Fairbanks e D.W. Griffith, criaram a United Artists, com objetivos parecidos com a nova empresa de Damon e Affleck. Depois de se tornar uma das mais tradicionais produtoras de Hollywood, a United Artists foi comprada pela gigante Amazon.

Segundos seus criadores, a Artists Equity pretende entregar três novos filmes em 2023.

 

 

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

× Curta Music Non Stop no Facebook