Em 1º álbum solo, Kazu vai em direção oposta à sonoridade do Blonde Redhead

Itaici Brunetti
Por Itaici Brunetti

Kazu Makino parece ser uma pessoa doce, assim como a sua voz leve e angelical. Em 15 minutos de conversa com o Music Non Stop, a vocalista da banda indie norte-americana Blonde Redhead se mostrou fofíssima. Educada, atenciosa e de bom humor, a japonesa nascida em Kyoto falou sobre o seu 1º álbum solo, Adult Baby, que está sendo lançado no Brasil pela LAB 344, e relembrou quando esteve no Brasil, que segundo ela foi um desastre.

“Durante a minha carreira eu nunca pensei muito em fazer um álbum solo. Nunca foi uma ideia ou um desejo que eu tinha há tempos, mas estou feliz que acabou acontecendo”, conta Kazu pelo telefone. “Estou muito animada por tê-lo feito e em poder mostrar um pouco da minha música. Aconteceu no momento certo, em que me senti pronta para fazê-lo”, completa a musicista, que co-produziu o trabalho ao lado de Sam Griffin Owens.

Sem sons de guitarras e recheado de sintetizadores, batidas eletrônicas e até orquestrações, Adult Baby se distancia do estilo guitarreiro do Blonde Redhead, principalmente o de meados dos anos noventa. Solo, Kazu mergulha (de leve) em uma sonoridade mais pop e atual. “Não foi minha intenção fazer algo propositalmente diferente da banda. Mas, quando você cria músicas sozinhas e com pessoas novas, você percebe o quanto está distante [do que faz na banda] e acaba saindo diferente. Você não pensa em como o produto final deve ser, você apenas segue vivendo, sentindo o momento e buscando o que você quer transmitir de dentro de si. Eu vejo assim”.

 

 

Porém, não dá para ouvir Adult Baby sem lembrar de sua banda principal. Afinal, Kazu é a voz e a cara do Blonde Redhead. “Bem, se as pessoas disserem que o meu álbum se parece com Blonde Redhead, tudo bem, não posso fazer nada, não é problema meu. Eu fiz o meu melhor e sei que está longe de ser um álbum continuação da banda ou algo assim” diz ela.

Para compor seu 1º álbum solo, Kazu fugiu de Nova Iorque, cidade que estava sufocando-a, segundo a própria, e se mudou para a charmosa Capoliveri, pequena comunidade na Toscana, na Itália. Lá, ela encontrou um ar respiravelmente puro ao ponto de fazê-la borbulhar de inspiração. “Durante a criação do álbum na Itália eu ouvi muito R&B, soul music e hip hop, gêneros que influenciaram o tom das canções. Owens, o produtor, também colocava música brasileira para eu ouvir, para relaxar. Posso dizer que a música brasileira teve um grande impacto em mim. Foi muito importante”, relembra a nipo-americana.

 

Capa de Adult Baby

 

Falando em Brasil, Kazu não tem boas recordações de sua única visita ao país em 2012, quando o Blonde Redhead fez dois shows: um no festival Coquetel Molotov, em Recife, e o outro durante a programação do Mês da Cultura Independente, em São Paulo, que rolou grátis na frente do cemitério Vila Nova Cachoeirinha. Segundo a vocalista, a passagem por terras brasucas foi frustrante, quase um pesadelo.

“Os dois shows foram desastrosos. Nós esperamos tanto tempo para ir ao Brasil e quando finalmente fomos tivemos que lidar com uma péssima organização. Foi uma terrível experiência pra mim e para a banda. Espero que algum outro produtor me convide novamente para voltar ao Brasil, pois quero muito retornar, seja para me apresentar com o show solo ou com o Blonde Redhead, pois eu sei que temos muitos fãs no país e sinto que estou devendo mostrar algo melhor a eles”, desabafa Kazu em tom explicativo e de quem estava com essa resposta entalada na garganta há 7 anos.

Agora, Kazu só quer pensar no presente, em seu filho “Adult Baby”, e no futuro. Com a voz suave e de volume quase sussurrando, finaliza: “Estou rezando para voltar ao Brasil”.

 

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