É oficial: clube Fabric, em Londres, ganha braço-de-ferro com subprefeitura e irá reabrir em breve

Claudia Assef
Por Claudia Assef

Um dos clubes mais emblemáticos do mundo, o londrino Fabric irá reabrir suas portas depois de passar meses fechado, após seu alvará de funcionamento ter sido suspenso pela subprefeitura do bairro de Islington, onde ele fica.

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Um dos templos da música eletrônica mundial, o Fabric foi fechado em agosto deste ano, depois do anúncio da morte de dois frequentadores por uso de drogas. A possiblidade de fechamento definitivo gerou uma verdadeira mobilização da comunidade noturna/eletrônica do mundo, com direito a uma petição com milhares de assinaturas, que foi entregue ao novo prefeito de Londres, Sadiq Khan, que é abertamente a favor da manutenção dos clubes noturnos na cidade, como já divulgamos em vários posts aqui.

Fato é que, no dia 8 de setembro último, o clube perdera de vez o direito de funcionar, o que gerou uma enorme mobilização na cena eletrônica. Fundado em 1999 por Keith Reilly e Cameron Leslie, o Fabric foi parte fundamental no fomento da cultura de música de pista no mundo ao longo de seus 17 anos de atividades. Por suas cabines já passaram mais de 5.000 artistas, dos mais obscuros aos mais populares DJs e produtores da música eletrônica mundial. Isso sem contar que o clube mantinha 250 empregos diretos, de faxineiros a designers, que agora ficarão sem emprego.

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A real motivação para fechar o clube, como muito se falou nas últimas semanas, teria outra motivação que não o uso de drogas de alguns de seus frequentadores: especulação imobiliária e gentrificação, já que o Fabric está localizado num bairro que está sofrendo forte movimentação neste sentido.

Finalmente nesta segunda (21), um acordo firmado entre o Fabric, a subprefeitura de Islington e a Polícia, aprovado pelo juíz Robin McPhee na corte Highbury Magistrates garantiu que o clube poderá voltar a operar sob uma série de novas condições.

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A data exata da reabertura ainda não foi divulgada, mas a notícia está sendo celebrada pela comunidade eletrônica (como neste post acima, do DJ Marky) como se fosse final de Copa do Mundo. As 32 novas leis de funcionamento acordadas entre o Fabric e a Polícia incluem a integração de um novo sistema de escaneamento de identidades, um esquema de revistas mais “avançado”, a contratação de uma nova empresa de segurança, reforma nas dependências do clube e a suspensão da entrada para o resto da vida daqueles que forem encontrados com drogas, entre outras medidas.

Os custos com a tramitação do processo serão pagos pelo Fabric, com dinheiro de seus proprietários e não com com as 320 mil libras levantadas através da campanha #saveculture. Nesta segunda (21), os donos usaram as redes sociais do clube para agradecer pelo apoio de todos. “Estamos super agradecidos em anunciar que conseguimos recuperar nossa licença de funcionamento”, disse. “Devemos tudo a nossos apoiadores. Não estaríamos aqui hoje sem o suporte e generosidade de todos vocês”, escreveram.

Leia aqui o comunicado completo publicado nesta segunda pelos donos do Fabric. Long live, Fabric 🙂

Claudia Assef

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Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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